sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Vaias, opinião, preconceitos e alvos errados.

A crítica em relação a ideia de superioridade de uns em relação a outros é sempre importante. Ainda mais em um mundo cheio de intolerâncias de vários tipos e categorizações. No caso da polêmica crítica de Cláudia Leitte a um público que a vaiou ao assisti-la no Rock in Rio pode até ser certa, em termos teóricos, mas nesse caso é injusta. Como assim? Bom, que existem pessoas que se acham superiores em relação a determinados assuntos, seja música, política, religião ou esporte ou o que seja sempre vai existir, mas é preciso ter cautela em quando e a quem direcionar tais críticas. Senão vejamos. Há tremendas incoerências nessa história toda como querer achar que o público de 2001 que tacou garrafinhas de água em Carlinhos Brown era o mesmo que o de 2011, são duas gerações distintas, além do quê como se pode acusar roqueiros pelas vaias a Cláudia Leitte se nem havia qualquer atração rock no dia em que ela tocou? Se isso tivesse ocorrido com a Ivete Sangalo poderíamos até  acatar e considerar o argumento de Claudia, pois no dia da Ivete teve Lenny Kravitz que é um pop/rock, no entanto o público não vaiou a Ivete (até onde sei). Também acho que não tem nada a ver com baianidade ou ser nordestino como disse um crítico defendendo Claudia. A rigor, Cláudia Leitte, ela sim, foi preconceituosa e discriminou os rockeiros, pois virou sua metralhadora para um público que nem estava lá no dia. Claro que a maioria dos rockeiros se incomodou com o fato de axé ter entrado num festival como Rock in Rio, ainda que a proposta desse festival nunca tenha sido ser um festival estritamente de atrações rockeiras, que aliás nem por isso invalida o nome do mesmo festival, já que o  rock n roll nada mais é do que a miscigenação de dois estilos: blues e country. Então nada mais natural do que o festival abrir para outros estilos e públicos. O problema do festival foi tomar dias inteiros, mais da metade dos dias para gêneros musicais que tiravam o rock da jogada. E aí não tem sentido realmente tal nome do evento, ainda que saibamos que o nome Rock in Rio passou a ser meramente uma marca. Mas voltando ao caso das vaias... só mais um detalhe: Cláudia Leitte deveria agradecer por terem vaiado, pois se não fossem as vaias poderia ter ocorrido um acidente grave. Isso porque em meio 100.000 pessoas Cláudia queria que o público a seguisse em sua coreografia no passo de carangueijo. Segundo conta o site Yahoo, houve desmaios na tal brincadeira de ir pulando de um lado para o outro. Claudia desafinou muito, o telão deu defeito, ela ficou muito tensa e acabou sendo vaiada. Irritada, Claudia disse: "Você não aguenta o curso, então porque se matriculou?" A plateia, então, vaiou ainda mais a cantora. Antes disso tudo estava indo bem, segundo relato no youtube, todos estavam gostando até o momento que a cantora resolveu fazer essa brincadeira. Veja o vídeo abaixo e entenda: 



A única coisa que concordei com o crítico que saiu em favor de Claudia Leitte foi a brilhante crítica sobre o fato de "o rock, mais de 50 anos após ter sido parido, ainda é predominantemente branco, macho e primeiro-mundista". E realmente, a saber que os grandes que impulsionaram o rock foram negros (com sua cultura), incluindo aí Elvis que embora fosse branco, captou e usou a negritude da música que ele escutava nas igrejas e direcionou para seu estilo de rock. Mas, em todo caso, não era a crítica correta para o incidente. Mais uma vez é o caso de ser certa, em termos teóricos, mas injusta por estar fora do contexto do fato ocorrido.

Além da situação ocorrida com Claudia Leitte disseram que houve uma guerrinha ridícula de tweets (é mole ou quer mais?) e eu nem fiquei sabendo disso, mas pelo que li sobre essa "guerrinha" houve uma birrinha sem vergonha em relação ao assunto "Metallica" (grande banda de rock que foi atração principal no dia metal do Rock in Rio) ter estado entre os mais twittados e a galera do forró ter entrado na parada para tirar o assunto "Metallica" dentre os principais assuntos entendi que nessa foi erro do pessoal do forró querer concorrer sobre uma coisa que não tem significado, uma pura vaidade. Pra quê mover uma campanha para tirar o Metallica dos trending topics twitteiros???? Claro que ofensas são injustificáveis sejam elas quais forem, ainda mais em se tratando de discriminação. No entanto, sabemos que quando um não quer dois não brigam, né?

Por fim quero por assim dizer que sou rockeiro e que me amarro em Chuck Berry e também me amarro num bom forró, num samba de Cartola, num Pixinguinha, D. Ivone Lara, Bob Marley e muito, mas muuuiiiito reggae, inclusive do Maranhão e compreendo que rótulos não passam de rótulos. Música boa não tem nome nem estilo.


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