quinta-feira, 28 de junho de 2012

O Primogênito da criação e a Rio + 20


Passaram-se a tarde e a manhã do sétimo dia e o mundo criado pelo Primogênito da criação está em estado de contrastes entre a criação e os descendentes de Adão. Há espécies em processo de extinção, exceço de lixo, exaustão da terra, águas contaminadas. Também das várias cidades criadas a maneira de Caim, as várias Enoques do nosso dia a dia, há um choque de vidas, já se espremem cheias de humanos e automóveis e casas, num ritmo de vida insessantemente desenfreado capaz de consumir
energia como nenhum outro ser, sociedades opressoras que dentro de 7 bilhões de gente como a gente um pequeno grupo tem sido a maneira de Acabe vivendo como se necessitasse de duas Terras ou mais, enquanto um outro rebanho tenta correr atrás
de ser como os que têm muito, e ainda um outro grupo tentando apenas sobreviver... Fatos estes, bem representados pela obra de arte em esculturas na Cúpula dos Povos em forma de protesto, uma estátua da liberdade (maior símbolo americano) com sua tocha emitindo fumaça representando seu direito sobre todos os povos de consumirem e poluirem o quanto bem entenderem, diante da família de pobres que pouco tem e paga o preço dessa diferenciação.







Em estado de transição, devemos ter uma esperança mobilizadora, que é diferente da esperança estática, se é que isso existe de fato, mas esperança que atua, trabalhista, diferente dos Tessalonicenses da época de Paulo que não queriam trabalhar por acharem que Jesus voltaria brevemente, ou ainda diferente também da igreja de Laodiceia, que vivia "em cima do muro", que não considerava ser relevante para a sociedade em que estavam.
Quando as pessoas não verem essa esperança entre o hoje e o amanhã, entre o ontem e o depois, como crerão? Ou como diria Paulo: "Se não tem quem anuncie essa boa notícia, como crerão"? Se não há quem pregue, se não há quem viva essa novidade de viver, essa outra forma de ser, de existir, uma nova forma de se estar sobre a terra, uma maneira alternativa de cultivar, de fazer agricultura, uma nova arte de capturar energia e transformá-la para uso, uma maneira de não ser consumista, uma
nova cultura, uma outra maneira de se relacionar com tudo o que há, como crerão?

Não foi para isso que o Israel foi criado e chamado? Não é para isso que a Igreja foi preparada e dispersada da Judeia a Samaria e aos confins da Terra?
Somos sempre convocados nas reuniões comunitárias de igrejas a orármos pelos governantes, conforme a Bíblia nos ensina. No entanto, orar pelas autoridades e não nos comprometermos em participar de debates relacionados aos projetos de governo não
é coerente. Também, se nossos governantes não cuidam do que foram chamados e eleitos e nós não protestarmos e não profetizarmos contra isso seremos incoerentes. E mais ainda, quando há exemplos de bons investimentos e projetos que cuidam da vida do povo e orármos e não participármos desses exemplos concretos de sustentabilidade apoiados por esses governos será também incoerente. Por exemplo, aqui na cidade do Rio de Janeiro temos o exemplo do Programa "Rio, a capital mundial da bicicleta". Quantos crentes cariocas já aderiram???

A Cúpula dos povos foi um grande evento de comunhão entre povos. Povos que muitas vezes estão adorando a Deus sem saber simplesmente ao cuidar do jardim de Deus, ao cultivá-lo por vezes melhor do que nós que dizemos o conhecer.
Quando vermos a vida em todas as suas formas sendo degradada, quando vermos nossas comunidades locais sem qualidade de vida, violenta, destituídas de verde, vazia de serviços ecológicos, com epidemias, não seria o caso de denunciar o assassinato do Cristo? O nosso assassinato pelos nossos pecados? Não seria o caso de denunciar o assassinato da vida, repetido diariamente? "Ele levou todos os pecados sobre si". Ele reconciliou todos os relacionamentos intra e interdependentes. Reconciliar e Sustentabilidade são dois conceitos próximos e necessários um ao outro. São sinônimos no céu, pois que Reconcilciar também significa sarar, curar a terra e seus viventes e Sustentabilidade é a capacidade de ter um relacionamento equilibrado e duradouro capaz de permitir a vida do agora e do porvir, permitir o amor entre as gerações. O amor é o elo dessas duas palavras.
Mas nada disso deve ser feito para dizermos que fizemos nossa parte ou para tirarmos qualquer peso de consciência...
Devemos fazer porque somos o que somos, e devemos agir porque somos essa mentalidade. somos nós as primícias da nova
criação, um ser novo respaldado pela maneira de viver que concilia o modus operandi e modus vivendi e reconcilia o que se
afastou do que deveria ser. De fato então devemos ser também a luz para as nações.
Temos que nos assumir quem somos, pois a criação é testemunha diante de nós entre a vida e a morte. “Os céus e a terra tomo
hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e a morte, a benção e a maldição; escolhe, pois, a vida para que vivas, tu e tua descendência” (Deuteronômio 30.19)
Temos que nos assumir quem somos ou o erro de não sermos o que deveríamos ser, pois a criação geme aguardando ansiosa a
manifestação dos filhos do Reino do Cristo que reata as relações de vida.
Em seu ministério de reconciliação tudo se faz novo por uma novidade de vida.

Diante da cúpula oficial e seus interesses diversos conflitantes, penso que a máxima, o princípio que ficou tão conhecido e propagado a partir da Rio 92 (Eco 92), o tão famoso "Pensar Globalmente e agir Localmente" mais do que nunca é verdadeiro e mais do que nunca pois que pensar em um acordo global em meio a tantos interesses dificilmente acontecerá.
Mesmo em meio a uma percepção negativa sobre isso aprendi e acabei ganhando a boa percepção de que nas brechas é que são
fechados os bons acordos, as boas experiências locais entre grupos e comunidades, e nesse nível é onde é feito o que deve ser feito para que se estenda a um nível maior. Daí o local é onde devemos ser a diferença nesse mundo, sermos o Reino nesse mundo. Como diz a Declaração final da Cúpula dos Povos: "As alternativas estão em nossos povos, nossa história, nossos costumes, conhecimentos, práticas e sistemas produtivos, que devemos manter, revalorizar e ganhar escala como
projeto contra-hegemônico e transformador".
Como Amós proclamou o Cristo reparando/fechando as brechas, como Cristo que de fato atraiu os oprimidos do sistema, os periféricos das periferias, e como os apóstolos que da Judeia a Samaria se achegaram até aos confins da terra, como Paulo dentre esses apóstolos que chegou por fim ao centro do mundo, a Roma de César que subjugava o mundo num cenário global, mas que antes passou pelas periferias do mundo evangelizando e vivenciando comunidades locais e através delas o mundo foi sendo
"agitado" por esses do Caminho.
E aí certamente aparecerão uns que por medo de ver ruir seus esquemas e sistemas de opressão que os mantém em suas zonas de conforto cheguem a dizer: "Estes que têm transtornado o mundo chegaram também aqui". (Atos 17)
Nós somos caminhantes, somos os do Caminho, e do local para o global.
Cada vez mais que nunca haja visto as conflitos de interesses privados o local será o jeito de se mudar o mundo. É no local
que vamos vencer o mundo.
A cúpula oficial retrata um mundo que precisa ser reconciliado. Um mundo que separado precisa de reconciliação. Precisamos
então fazer o que Jesus veio fazer e assim sermos verdadeiramente cristãos, sermos reconciliadores, por meio das coisas que fazemos dentro de nossa casa, pra fora de casa na nossa comunidade, e daí atingindo a cidade.
Aprendi em JOCUM-Rio que no caso do Rio de Janeiro, esta cidade que recebe os confins da terra todos os dias, se for
cheia do conhecimento de Deus, vivendo de maneira humana, promovendo justiça, uma vida comunitária sustentável seria então
vista por todos como resplendor da glória de Deus e as pessoas buscariam saber o que levou o povo desta cidade a ser assim e a transformar ela. Então será cidade bem dita, luz para as nações, cidade santa, verdadeiramente maravilhosa, pois será terra do Maravilhoso, Conselheiro e Príncipe da paz, Deus Forte.
Isaías 14.30 afirma: “Os primogênitos dos pobres serão apascentados”, isto quer dizer: Os mais pobres, os paupérrimos serão apascentados.
Lembremos desses que estão nas brechas do Sistema que se retroalimenta de crises e se reiventando com nomes novos tal como Leviatã, Grande Babilônia, Roma e Economia Verde e sugestionando a todos a continuarem o aderindo e o adorando, se alienando e oprimindo e sendo oprimidos...
Entre a Cúpula dos Povos no aterro do Flamengo e a Cúpula chamada Oficial no Riocentro há um contraste. A primeira é a sociedade se manifestando através das suas organizações civis, o local como resultado de experiências que deram certo; a outra são os governos, os quais nem sempre representam as pessoas, manifestando interesses conflitantes, o global como resultado de uma rachadura a ser preenchida, como exemplo de que ainda não chegamos, como o apóstolo Paulo, a Roma, o centro.
Mas, prosseguindo para o alvo vamos caminhando. O dia após o outro. Cuidando para que nada se perca, e para que nós e a denominação das igrejas diminua, bem como as religiões, e que Cristo cresça e surja do céu e todos o vejam e estabeleça seu Reino sempiterno completo, com o conhecimento cobrindo a terra como um cobertor tecido dos fios da teia da vida dos intrincados interrelacionamentos que a vida produz e sem os quais nem haveria vida...Ele, o Primogênito da criação é ressurreição e a vida... e o relacionamento.

Até a Nova Jerusalém, sem templo, sem ritos,
Eu, você, nós e Deus comendo um açaí ou um jussaí da Dona Vitória, que conheci vendendo seu doce na Cúpula dos Povos.(rs)
Nele, que é o autor e consumador da vida em todo espaço e tempo.
Jorge Tonnera Jr.
Biólogo Educador Ambiental, especialista em Gestão Ambiental
Membro do Comitê Igrejas Ecocidadãs - Rio

domingo, 24 de junho de 2012

DECLARAÇÃO FINAL da CÚPULA DOS POVOS NA RIO+20 POR JUSTIÇA SOCIAL E AMBIENTAL

DECLARAÇÃO FINAL
 CÚPULA DOS POVOS NA RIO+20 POR JUSTIÇA SOCIAL E AMBIENTAL
 EM DEFESA DOS BENS COMUNS, CONTRA A MERCANTILIZAÇÃO DA VIDA

Movimentos sociais e populares, sindicatos, povos e organizações da sociedade civil de todo o mundo presentes na Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental, vivenciaram nos acampamentos, nas mobilizações massivas, nos debates, a construção das convergências e alternativas, conscientes de que somos sujeitos de uma outra relação entre humanos e humanas e entre a humanidade e a natureza, assumindo o desafio urgente de frear a nova fase de recomposição do capitalismo e de construir, através de nossas lutas, novos paradigmas de sociedade.

A Cúpula dos Povos é o momento simbólico de um novo ciclo na trajetória de lutas globais que produz novas convergências entre movimentos de mulheres, indígenas, negros, juventudes, agricultores/as familiares e camponeses, trabalhadore/as, povos e comunidades tradicionais, quilombolas, lutadores pelo direito a cidade, e religiões de todo o mundo. As assembléias, mobilizações e a grande Marcha dos Povos foram os momentos de expressão máxima destas convergências.

As instituições financeiras multilaterais, as coalizões a serviço do sistema financeiro, como o G8/G20, a captura corporativa da ONU e a maioria dos governos demonstraram irresponsabilidade com o futuro da humanidade e do planeta e promoveram os interesses das corporações na conferência oficial. Em constraste a isso, a vitalidade e a força das mobilizações e dos debates na Cúpula dos Povos fortaleceram a nossa convicção de que só o povo organizado e mobilizado pode libertar o mundo do controle das corporações e do capital financeiro.

Há vinte anos o Fórum Global, também realizado no Aterro do Flamengo, denunciou os riscos que a humanidade e a natureza corriam com a privatização e o neoliberalismo. Hoje afirmamos que, além de confirmar nossa análise, ocorreram retrocessos significativos em relação aos direitos humanos já reconhecidos. A Rio+20 repete o falido roteiro de falsas soluções defendidas pelos mesmos atores que provocaram a crise global. À medida que essa crise se aprofunda, mais as corporações avançam contra os direitos dos povos, a democracia e a natureza, sequestrando os bens comuns da humanidade para salvar o sistema economico-financeiro.

As múltiplas vozes e forças que convergem em torno da Cúpula dos Povos denunciam a verdadeira causa estrutural da crise global: o sistema capitalista associado ao patriarcado, ao racismo e à homofobia.
As corporações transnacionais continuam cometendo seus crimes com a sistemática violação dos direitos dos povos e da natureza com total impunidade. Da mesma forma, avançam seus interesses através da militarização, da criminalização dos modos de vida dos povos e dos movimentos sociais promovendo a desterritorialização no campo e na cidade.
 Avança sobre os territórios e os ombros dos trabalhadores/as do sul e do norte. Existe uma dívida ambiental histórica que afeta majoritariamente os povos do sul do mundo que deve ser assumida pelos países altamente industrializados que causaram a atual crise do planeta.
O capitalismo também leva à perda do controle social, democrático e comunitario sobre os recursos naturais e serviços estratégicos, que continuam sendo privatizados, convertendo direitos em mercadorias e limitando o acesso dos povos aos bens e serviços necessários à sobrevivencia.
A atual fase financeira do capitalismo se expressa através da chamada economia verde e de velhos e novos mecanismos, tais como o aprofundamento do endividamento público-privado, o super-estímulo ao consumo, a apropriação e concentração das novas tecnologias, os mercados de carbono e biodiversidade, a grilagem e estrangeirização de terras e as parcerias público-privadas, entre outros.
As alternativas estão em nossos povos, nossa história, nossos costumes, conhecimentos, práticas e sistemas produtivos, que devemos manter, revalorizar e ganhar escala como projeto contra-hegemônico e transformador.
A defesa dos espaços públicos nas cidades, com gestão democrática e participação popular, a economía cooperativa e solidária, a soberania alimentar, um novo paradigma de produção, distribuição e consumo, a mudança da matriz energética, são exemplos de alternativas reais frente ao atual sistema agro-urbano-industrial.

A defesa dos bens comuns passa pela garantia de uma série de direitos humanos e da natureza, pela solidariedade e respeito às cosmovisões e crenças dos diferentes povos, como, por exemplo, a defesa do “Bem Viver” como forma de existir em harmonia com a natureza, o que pressupõe uma transição justa a ser construída com os trabalhadores/as e povos. A construção da transição justa supõe a liberdade de organização e o direito a contratação coletiva e políticas públicas que garantam formas de empregos decentes.

Reafirmamos a urgência da distribuição de riqueza e da renda, do combate ao racismo e ao etnocídio, da garantia do direito a terra e território, do direito à cidade, ao meio ambiente e à água, à educação, a cultura, a liberdade de expressão e democratização dos meios de comunicação, e à saúde sexual e reprodutiva das mulheres.

O fortalecimento de diversas economias locais e dos direitos territoriais garantem a construção comunitária de economias mais vibrantes. Estas economias locais proporcionam meios de vida sustentáveis locais, a solidariedade comunitária, componentes vitais da resiliência dos ecossistemas. A maior riqueza é a diversidade da natureza e sua diversidade cultural associada e as que estão intimamente relacionadas.
 Os povos querem determinar para que e para quem se destinam os bens comuns e energéticos, além de assumir o controle popular e democrático de sua produção. Um novo modelo enérgico está baseado em energias renováveis descentralizadas e que garanta energia para a população e não para corporações.
 A transformação social exige convergências de ações, articulações e agendas comuns a partir das resistências e proposições necessárias que estamos disputando em todos os cantos do planeta. A Cúpula dos Povos na Rio+20 nos encoraja para seguir em frente nas nossas lutas.
Rio de Janeiro, 15 a 22 de junho de 2012.
 Comitê Facilitador da Sociedade Civil na Rio+20 - Cúpula dos Povos

quarta-feira, 20 de junho de 2012

"Com esses ai não teve "Rio + 20"

Compartilhando a pergunta e o vídeo indicado pelo colega e professor Daniel Brotto:
"Com esses ai não teve "Rio 92" ou "Rio + 20", deu no que deu...
..... e nós" ???????????????
http://youtu.be/R-tgpzixe3M
 
 
Para quem quiser saber mais sobre civilizações que falharam na sua sustentabilidade recomendo o livro "Colapso - Como as Sociedades Escolhem o Fracasso ou o Sucesso", de Jared Diamond, mesmo autor do também brilhante livro ‘Armas, germes e aço‘. Em ‘Colapso - como as sociedades escolhem o fracasso ou o sucesso‘, é investigado o que fez com que algumas das grandes civilizações do passado entrassem em colapso e o que podemos extrair disso, já que muitas tiveram seu colapso por conta do mal uso dos recursos naturais locais.

domingo, 3 de junho de 2012

Avante, Vingadores!!!



 Em contraste com alguns filmes de super-heróis que mereciam ser esquecidos e enterrados, tais como X-Men (a trilogia), o decepcionate Homem -Aranha 3, para não citar outros, a Iniciativa Vingadores saiu do papel e conseguiu a proesa de conciliar fãs e telona. É o filme que todo amante de HQ's um dia queria ver em adaptação para o cinema. Na medida certa a participação dos personagens com importância específica e a ótima interpretação dos seus respectivos atores, o filme "Os Vingadores (The Avengers), que estreiou no mês de maio deste ano de 2012 pode ser um divisor de águas. Na verdade a já estruturação desse filme a partir dos filmes anteriores dos heróis avulsos (Hulk, Homem de Ferro, Thor e Capitão América) em que seguem a mesma sequência temporal se integram e nos levam a um grupo de pessoas notáveis, mas que não se enchergam como heróis.
A difícil tarefa de ter num filme múltiplos protagonistas assusta qualquer um, fã ou diretor. Talvez esse problema tenha sido o ponta pé inicial para uma boa história. O conflito entre os egos, por meio da biografia de cada um, imbutida aí a vontade de fazer o que cada um acha melhor foi o início da junção de uma equipe com Tipos de pessoas que tem suas convicções e idealismos diferentes. Capitão América e sua confiança e sua postura metódica e hierarquizada, ordenada e se vendo sempre como soldado, o  coloca em rota de colisão com Tony Stark, o homem que veste uma máquina de guerra, mas não tem nada de soldado ou hierarquia, fazendo tudo conforme sua vontade, embora visionário, também descontraído ao máximo e afiado em seus discursos não considerando quem quer que seja, nem o fato de que há um conflito familiar afetivo no meio de todos através da briga entre Thor e seu irmão Loki, o que o deixa o "homem do martelo" como lado mais sofrido, talvez. Temos dentro desse cenário de tensão uma mulher marcada por erros do passado tentando se redimir e pagar um favor, a Viúva Negra, que tenta salvar o seu affair Gavião Arqueiro, os dois membros mais despojados em termos de força dentro dessa equipe, sendo o Gavião um perspicaz observador e técnico, o qual foi mentalmente enfeitiçado pelos poderes de Loki; e soma-se e complete a isso o nervoso controlado cientista Bruce Banner, que esquece sua busca por cura e passa a viver se dispondo a cuidar de pessoas e de auto-conhecimento, embora ainda se considerando uma ameaça extramamente perigosa.


O que nos faz gostar de Os Vingadores? Talvez seja o fato de que super-heróis são tentativas de vislumbrarmos a Deus, e mais ainda, a necessidade de nos tornármos a potencialidade que adormece na humanidade, o clamor interno, os nossos gemidos levados pelo Espírito, por justiça, ainda que sendo nós falhos e fortes com fraquezas coletivas e pessoais.

Somos desestruturados, rompemos com a coletividade, mas anseamos em proporcioná-la ao mundo. Desejamos um mundo, um mundo a nossa própria maneira, dentro da nossa visão, nossa COSMOVISÃO, melhor dizendo, que precisa caber ou se conformar com o mundo do outro, e mais ainda resolver o fato de que há um outro mundo, o mundo de um terceiro, uma terceira pessoa, a qual está deformada, por algum motivo que geralmente não sabemos, e se coloca a margem de si e de tudo e acaba deformando seu mundo e os outros mundos. Mas no final o mundo é um só. A perspectiva pode ser diversa, mas a realidade é uma só.

A ameaça é: "há um interesse privado", interesse esse que ultrapassa as fronteiras do "eu-outro-mundo-Deus". Ou ainda, talvez não hajam fronteiras e melhor dizendo rompem as interconexões entre a quadridimensionalidade da vida, o "eu-outro-mundo-Deus". Sim, são alguns interesses privados por aqueles que desejam um cenário novo a partir de uma maneira rápida que desconsidera o sofrimento do outro e opta por calamidade e destruição. Assim se debruça e se apresenta um manipulador. Por meio do seu egoísmo, ganância, levianismo, leva a destruição, acaba trazendo a guerra a um espaço coletivo de vida, uma casa, uma rua ou um bairro, uma cidade, estados ou até uma nação, ou no caso do filme a Terra, planeta desejado, pequeno, mas extraordinário, inclusive pela potencialidade daqueles que habitam e são chamados de homo-sapiens, ainda que demens também.
Determinados diálogos são marcantes e arrepiantes e que nos empolgam.
Loki fala ao Hulk: "Chega! Todos vocês estão abaixo de mim. Eu sou um deus, criatura, que você tem aborrecido e eu não vou ser intimidado, por um ..."
Loki não consegui terminar o diálogo, pois Hulk espanca o deus e ridiculariza sua pequenez e fraqueza.

Em determinados momentos achamos que somos deus, e como um deus que nunca seremos naturalmente nos tornamos um egodestrutivo para nós e para os outros. Às vezes agimos como se fossemos deus, mas como deus não somos acabamos sendo injustos. Também por vezes recebemos o golpe que a vida nos dar para mostrar quão ínfimos nós somos.
Tony Stark (Homem de Ferro) categoricamente a Loki: "Se não salvarmos a Terra pode ter certeza que ao menos vamos vingá-la(...) Nós vamos atrás de você".

Quantas vezes Deus, o criador, o Deus da Bíblia, se coloca como o vingador diante de um cenário destruído, já quebrado... Ora, ele se coloca como o vingador da terra, do pobre, do oprimido, se coloca contra o que despreza a sua glória e vai atrás do injusto, não sem antes é claro tentar trazê-lo de volta ao caminho, a verdade e a vida; o Caminho do caminho. E o que é a glória desse Deus? A manifestação dele nos diversos espaços e tempo da vida, do mundo. É amor, é a cultura, é a diversidade biológica, os fenômenos físicos-químicos, a manifestação no homem ao criar técnicas e tecnologia a fim de desenvolver a vida, e Jesus, a Glória encarnada e expressa por atitudes de justiça e comunhão.
Um outro detalhe muito interessante em "Os Vingadores" é o personagem Agente Coulson. Num primeiro momento para nós é apenas um personagem que perpassou os filmes do Homem de Ferro e naturalmente reaparece com participação especial em Os Vingadores e que talvez não seja bem identificado, mas indo a fundo veremos que o Agente Coulson, o qual foi um personagem criado especificamente para o cinema, ou seja, não existia nas HQ's, acaba se demonstrando aos poucos como um arquétipo de todos nós. Nós pessoas comuns que gostamos de heróis, que gostaríamos de ser heróis, que vemos e nos referenciamos, uma singela homenagem aqueles que como eu e você amamos heróis no meio da ação, e que ao percurso do filme em um dos momentos de tensão acaba sendo o estímulo para a equipe fadada se conhecerem como são ou deveriam ser, heróis. Ele, que era fã do Capitão se torna a peça fundamental na re-união dos Vingadores.
Talvez, Coulson seja nós sendo o que devemos ser... agentes de comunhão, ou em outras palavras, simplesmente heróis.

Talvez por ser mais evidente essas coisas, por ser mais humano e até mesmo mais interessante minha preferência pela Marvel, a "Casa das Ideias", como é chamada também, e seus personagens e histórias, tão bem representada por Stan Lee, por exemplo, e seus personagens, ao invés da DC Comics dos Batmans e Super-Homens da vida, ainda que tenham também sua notoriedade e contribuição cultural e entretenimento.
"Os Vingadores (Avengers, 2012), é uma versão modernizada e atualizada, eu diria, da primeira aventura dos Vingadores, de 1963, e assim portanto naturalmente e livremente há algumas diferenças, o que não diminui  em nada, muito pelo contrário só deixa mais interessante.

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