quarta-feira, 16 de maio de 2012

O museu das possibilidades

Primeiro museu científico a tratar das possibilidades de construção do futuro, o Museu do Amanhã levará o público a refletir sobre o impacto de suas ações no planeta. Seu conteúdo, concebido com base em uma proposta curatorial inovadora, foi apresentado pela primeira vez nesta quarta-feira (2), no Rio de Janeiro.
 


Além do físico e doutor em cosmologia Luiz Alberto Oliveira, que assina a curadoria, participaram do encontro o diretor artístico Andres Clerici, que falou sobre o design expositivo, e o renomado arquiteto espanhol Santiago Calatrava, que deu detalhes do projeto arquitetônico e suas características sustentáveis.
 


O Museu do Amanhã é uma iniciativa da Prefeitura do Rio de Janeiro e da Fundação Roberto Marinho, com o Banco Santander como Patrocinador Master e o apoio do Governo do Estado, por meio de sua Secretaria do Ambiente, do Governo Federal, por meio da Finep, e da Secretaria dos Portos. "O Museu do Amanhã será o ícone da revitalização da zona portuária do Rio de Janeiro. Vai ficar para a cidade como o Maracanã, os Arcos da Lapa, o Cristo Redentor", disse o prefeito da cidade, Eduardo Paes.
 


O Museu do Amanhã será um museu de ciências diferente. Os museus de ciência atuam normalmente em duas linhas: uns exploram os vestígios do passado (como os de história natural); outros se voltam para evidências e experiências do presente (como os de ciência e tecnologia). O Museu do Amanhã propõe uma terceira via, a de explorar possibilidades. Por meio de ambientes audiovisuais, instalações interativas e jogos, o público será levado a examinar o passado, manipular as várias tendências da atualidade e imaginar futuros possíveis para os próximos 50 anos. Assim, o Museu conduzirá a uma reflexão sobre os sintomas da nova era geológica do Antropoceno, na qual o homem se tornou uma força capaz de alterar o clima, degradar biomas, interferir em ecossistemas.
 


"Nós estamos querendo inventar um novo tipo de museu, que será um lugar para perguntas e explorações de possibilidades, com um conteúdo para desafiar o pensamento; uma arte para envolver novos sentidos e uma cultura para provocar novas emoções. Todo museu tem coleções, o Museu do Amanhã vai colecionar possibilidades de futuro. A filosofia do Museu do Amanhã é que o amanhã é hoje e está sendo construído por todos nós", explicou o secretáriogeral da Fundação Roberto Marinho, Hugo Barreto.
 


Para estruturar o conteúdo do Museu, Luiz Alberto Oliveira - que, na fase de concepção curatorial, trabalhou em parceria com o jornalista e professor de cultura brasileira Leonel Kaz - explorou três eixos narrativos. O primeiro é o da polaridade entre as Ciências Cósmicas (que lidam com sistemas demasiado grandiosos ou diminutos) e as Ciências Terrestres (todas as demais, incluindo a Biologia e as Humanidades). O segundo eixo aborda três dimensões da existência terrestre: a história das formações da Matéria; os desdobramentos da organização da Vida e a emergência do Pensamento. Estes domínios serão explorados segundo quatro grandes tendências que, em escala planetária, definirão nosso futuro comum: as mudanças climáticas, o aumento da população e da longevidade; a crescente integração econômica, social e comunicacional; e a multiplicação e diversificação dos artefatos, paralela ao decréscimo dos biomas. O terceiro eixo, enfim, enfatiza o comportamento humano e a Ética. Duas grandes diretrizes, a da sustentabilidade e a da convivência, deverão nortear o percurso.

"O amanhã é uma construção coletiva e pessoal, é reflexo de escolhas que fazemos cotidianamente. O Museu do Amanhã será um espaço para pensarmos sobre como viveremos no mundo e como viveremos uns com os outros", afirmou o curador Luiz Alberto Oliveira.
 


"Pretendemos mostrar uma visão humanística do amanhã, pois este é um museu de ideias. As experiências propostas aos visitantes farão com que ele se sinta parte de um todo", complementou o diretor artístico Andres Clerici. O designer americano Ralph Appelbaum assina a concepção museográfica.
 


Como uma das âncoras do Projeto Porto Maravilha, o Museu do Amanhã será erguido no Píer Mauá, em meio a uma grande área verde. Serão cerca de 30 mil m², com jardins, espelhos d'água, ciclovia e área de lazer. O prédio terá 15 mil m² e arquitetura sustentável. O projeto arquitetônico, concebido por Calatrava, prevê a utilização de recursos naturais do local - como, por exemplo, a água da Baía de Guanabara, que será utilizada na climatização do interior do Museu e reutilizada no espelho d´água. No telhado da construção, grandes estruturas de aço, que se movimentam como asas, servirão de base para placas de captação de energia solar. Com isso, o Museu do Amanhã vai buscar a certificação Leed (Liderança em Energia e Projeto Ambiental), concedida pelo Green Building Council (USGBC).
 


"Um passeio ao redor do Museu será uma lição de sustentabilidade, de botânica, uma aula do que significa energia solar'", explicou Calatrava. "O edifício será como um organismo e vai se relacionar diretamente com a paisagem do entorno".
 


A construção do Museu do Amanhã está incluída no conjunto de obras da prefeitura realizadas pelo Consórcio Porto Novo, através da maior Parceria Público-Privada (PPP) do País. Assim como as demais intervenções do Porto Maravilha, o projeto orçado em R$ 215 milhões será custeado pela venda dos CEPACs (Certificados de Potencial Adicional de Construção) - sem recursos do tesouro municipal. O Museu conta ainda com investimento de R$ 65 milhões do Banco Santander, seu patrocinador. A inauguração está prevista para 2014.

(Ascom da Prefeitura do Rio de Janeiro)



cães podem ter feito homem moderno superar Neandertal

Estudo: cães podem ter feito homem moderno superar Neandertal

Por mais de 32 mil anos, os cães têm sido fiéis companheiros do ser humano, vivendo, comendo e respirando enquanto ele passava de morador das cavernas a construtor de cidades.
Nesse tempo, o planeta perdeu nossos primos mais próximos – e, muitos argumentam, nosso maior competidor: o Neandertal, que havia ocupado o território que hoje é a Europa por 250 mil anos.
Agora, um antropólogo sugere que estes dois fatos possam estar relacionados – e foi a amizade próxima entre seres humanos e companheiros caninos que pesou a favor do homem moderno.
O pesquisador Pat Shipman afirma que as vantagens de um cão domesticado foram tão fundamentais para a evolução do homem que o fez ‘derrotar’ as espécies primatas competidoras.
Shipman analisou os resultados de escavações de ossos fossilizados de canídeos da Europa, do tempo quando humanos e Neandertais se sobrepuseram.
A pesquisa, primeiramente, estabeleceu um quadro para as relações do melhor amigo do homem. Ela constatou que humanos primitivos acrescentavam dentes caninos a joias, o que demostra como os animais eram venerados. Além disso, eles raramente eram representados nas imagens das cavernas – o que indica que os cães eram tratados com uma reverência maior do que a dispensada aos animais caçados.
As vantagens que os cães deram ao homem primitivo foram enormes – os próprios animais eram maiores do que os cachorros modernos, sendo pelo menos do tamanho de um pastor alemão.
Em razão disso, eles poderiam ser usados como animais de carga, levando carcaças de animais e suprimentos de um lugar ao outro, deixando que os humanos reservassem suas energias para a caça.
Em retorno, os animais ganhavam calor, comida e companhia, ou, como Shipman descreve, “um círculo virtuoso de cooperação”.
Os cães também podem ter tido influência em como os seres humanos se comunicam. Cachorros e humanos são os únicos animais que têm grandes “brancos nos olhos”, e que seguem o olhar de outra pessoa. Essa característica não foi encontrada em outras espécies, o que pode significar que, com a evolução da relação homem-cão, ambos teriam aprendido a usar pistas não verbais com mais frequência.
Assim, cachorros se tornaram uma das primeiras ferramentas que a humanidade começou a usar, e a relação se desenvolveu de ambos os lados, se tornando muito arraigada em nossa psique.
E, antigamente, quando qualquer vantagem era necessária para sobreviver, o Neandertal pode, simplesmente, ter sido incapaz de lidar com as novas espécies que se moviam rapidamente pela Europa. “Os cachorros não foram um incidente na nossa evolução em Homo sapiens, eles foram essenciais para ela. Eles são o que nos fizeram humanos”, garante Shipman.
 
copiado de : AMBIENTE Brasil
 
Segundo o site Seu Cachorro, as muitas espécies de cães selvagens ainda são pouco conhecidas e temidas pela maioria das pessoas. Muitos acreditam que eles sejam os ancestrais dos cães domésticos, mas isso não é inteiramente verdade. Os cães domésticos e selvagens de hoje são descendentes de antigas espécies de cães selvagens. O gênero Tomarctus, atualmente extinto é provavelmente o ancestral de todos os canídeos de hoje. É esta espécie ancestral em comum que determina as semelhanças existentes entre nossos cães domésticos e as mais de 35 espécies atuais de cães selvagens.
Todos eles evoluiram até os dias de hoje e seria incorreto considerar os cães selvagens mais primitivos que os domésticos. Tanto cães domésticos quanto cães selvagens são espécies bem adaptadas ao seu meio e resultado de um longo processo evolutivo (Devemos Lembrar que aqui consideramos cães selvagens todos os outros membros da família dos canídeos e não apenas os representantes do gênero canis.)
http://www.seucachorro.com/caes-selvagens/
 
 

Obras de Murat serão expostas no Galpão das Artes Urbanas a partir de 17 de maio

O Galpão das Artes da Comlurb inaugura, a partir de 17 de maio a noite a exposição Murat, de Heitor Luiz Murat. O artista plástico trabalha com arte digital, utilizando-se de softwares antigos mesclado-os com mais modernos para assim fazer belíssimos trabalhos digitais. A exposição, com entrada gratuita, pode ser visitada de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h, no Galpão das Artes Urbanas Helio Pellegrino (Rua PadreLeonel Franca s/nº  Gávea), até o dia 30de junho. Suas obras buscam um outro olhar, utilizando softwares antigos aumentando o ciclo de vida útil dos mesmos, assim, promovendo a redução do lixo eletrônico, que é o efeito colateral da revolução de alta tecnologia. O cyber artista que é pioneiro em arte informatizada já expôs suas obras em mais de dez países, dentre eles na Inglaterra pelo circuito universitário, e ganhou diversos prêmios nacionais e internacionais como a Medalha Joaquim Nabuco e a Medalha Antônio Parreiras, prêmios dedicados a grandes personalidades em destaque no meio Acadêmico Artístico e Cultural.

Heitor Murat é professor inativo da Universidade Federal Fluminense e pós-doutor em psicologia de organizações com formação em consultoria na IBM. Carioca, cresceu na Lagoa, bairro da Zona sul da cidade do Rio de Janeiro.

De:
http://www.rio.rj.gov.br/web/guest/exibeconteudo?article-id=2816833

domingo, 13 de maio de 2012

"O velho tupinambá pregou a sustentabilidade que Jesus Cristo ensinou".

No século XVI  um historiador registrou o seguinte diálogo:
"Os nossos tupinambás muito se admiram dos franceses e outros estrangeiros se darem ao trabalho de ir buscar o seu arabutan (madeira pau-brasil). Uma vez um velho perguntou-me:
- Por que vindes vós outros, maírs e perôs (franceses e portugueses), buscar lenha de tão longe para vos aquecer ? Não tendes madeira em vossa terra ?
Respondi que tínhamos muita, mas não daquela qualidade, e que não a queimávamos, como ele supunha, mas dela extraímos tinta para tingir, tal qual o faziam eles com os seus cordões de algodão e suas plumas. Retrucou o velho imediatamente:
- E porventura precisais de muito ?
- Sim, respondi-lhe, pois no nosso país existem negociantes que possuem mais panos, facas, tesouras, espelhos e outras mercadorias do que podeis imaginar e um só deles compra todo o pau-brasil com que muitos navios voltam carregados.

- Ah! retrucou o selvagem, tu me contas maravilhas; acrescentando depois de bem compreender o que eu lhe dissera: Mas esse homem tão rico de que me falas não morre?
- Sim, disse eu, morre como os outros.

Mas os selvagens são grandes discursadores e costumam ir em qualquer assunto até o fim, por isso perguntou-me de novo:
- E quando morrem para quem fica o que deixam ?
- Para seus filhos, se os têm, respondi; na falta destes, para os irmãos ou parentes próximos.

- Na verdade, continuou o velho, que como vereis, não era nenhum tolo, agora
vejo que vós outros maírs sois grandes loucos, pois atravessais o mar e sofreis grandes incômodos, como dizeis quando aqui chegais, e trabalhais tanto para amontoar riquezas para vossos filhos ou para aqueles que vos sobrevivem ! Não será a terra que vos nutriu suficiente para alimentá-los também ? Temos pais, mães e filhos a quem amamos; mas estamos certos de que depois de nossa morte a terra que nos nutriu também os nutrirá, por isso descansamos sem maiores cuidados.
(publicado no livro "Viagem à terra do Brasil" de Jean de Léry)

Que diálogo seria esse?????
É um diálogo entre um velho índio tupinambá e um europeu, o próprio escritor. O europeu era Jean de Léry, Pastor missionário Protestante que fez parte do grupo de 14 calvinistas que vieram de Genebra. Estes segundo relatos históricos vieram participar da criação de uma colônia francesa na Baía da Guanabara. Tal colônia empreitada seria chamada de “França Antártica” e dirigida por Villegagnon e possui uma história muito interessante uma vez que a liberdade de culto estava ligado a criação da colônia.

No entanto o discurso a que foi escrito acima traz um sentido último de adiquirir e vender riquezas da biodiversidade brasileira. Segundo José Pádua, historiador ambiental, estaria impresso ali a expansão dos europeus e a formação da economia-mundo capitalista.

Vemos aí nesse interessante diálogo e sabendo da influência calvinista nas respostas do huguenote Lery a necessidade de nós cristãos reassumirmos nossa identidade diante do mandato cultural proposto por Deus e lermos as Escrituras Sagradas com um olhar dentro de uma cosmovisão judaico cristã considerando o evangelho algo integral e o ministério da reconciliação de Jesus Cristo, que é

algo fantástico e muito maior do que uma primeira impressão ou a salvação/transformação de um mundo que ainda não veio fisicamente (novo céu e  nova terra), mas sim a salvação/transformação desse mesmo mundo em que estamos para o presente século, como primícias da posteriori, como insinuação do por vir fisicamente (novo céu e  nova terra).
Vemos no diálogo a questão da cosmovisão que cada um de nós carregamos e levamos para onde vamos e onde estamos. Duas cosmovisões que se colidem. Um choque cultural e acima de tudo ecológico. O paradigma dominate (do Europeu) e o paradoxo do Reino, representado pelo índio, que como na parábola de Cristo, está escondido, nesse caso, no coração do Tupinambá. O diálogo é claro e mostra a oposição da visão de mundo que aliás está presente nos dias de hoje principalmente na sociedade chamada pelos cristãos de secular, mas que também em muitos casos está presente nas igrejas, de maneira pior que o que se tem na sociedade secular, sobretudo e inclusive evangélicos da Teologia da prosperidade.
A visão de estoques, tão diferente da visão de partir um pão. O acumular, que é tão distante do partilhar. E por que não a comunhão (o que é meu é teu e o que é teu é teu).


Voltando a um dos momentos do diálogo:
- E quando morrem para quem fica o que deixam ?
- Para seus filhos, se os têm, respondi; na falta destes, para os irmãos ou

parentes próximos.

O conceito de Sustentabilidade é "satisfazer as necessidades das pessoas que vivem hoje sem prejudicar as necessidades delas amanhã e mais ainda sem prejudicar as necessidades das pessoas que ainda não viram o mundo de amanhã”.
Nesse sentido, dentro desse diálogo terminal, a visão do Europeu parece num primeiro momento e descontextualizadamente algo bem lógico em termos de sobrevivência e de sustentabilidade num sentido de seguridade, de manter coisas para quem virá, conforme o conceito usual de sustentabilidade. No entanto na prática essa ideia de acumular para os filhos não passa de ilusão e roubo de mundos (Leia-se mundos aqui como espaço-tempo e conjunto de relacionamentos).
O índio do diálogo age como fosse um ignorante, mas ao fim a ignorância não era mais dele e sim do europeu calvinista. E O mais interessante nisso tudo é que o diálogo do velho tupinambá vai de encontro com o diálogo de Jesus Cristo com os discipulos sobre a ansiosa solicitude pela vida.(Mt 6:19-21; 25-34), em que o Mestre nos adverte em relação a acumular riquezas e ao querermos falsas
necessidades, se preocupar com o por vir e ansiedade de sobrevivência:
"Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração".
(Mateus 6:19-21)

"Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário? Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas? E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua
estatura? E, quanto ao vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam; E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé? Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos? (Porque todas estas coisas os gentios procuram). De certo vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas;
Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.
Não vos inquieteis, pois, pelo dia amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal".
(Mateus 6:25-34)


Jesus é categorico ao concluir esse ensino dizendo "buscai pois em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas." Qual seria nesse caso exposto do diálogo o "Reino" e a "justiça" dentro de um mundo indígena a qual eles (europeus) não eram partes
integradas??? E mais, qual seria o "tudo vos será acrescendtado"? 
Penso que o Reino se refere a vontade plena de Deus na terra, e a justiça referida para esse diálogo se refere ao compartilhar da vida, da cultura, ter relações justas de benefícios mutualísticos em que cada um se benefeciaria da presença do outro de maneira plena. Dado isso, os europeus teriam suas
necessidades (verdadeiras necessidades) supridas ao encontrar lugar, alimento, relacionamento humano e recursos para si e para desenvolvimento mútuo da vida.
Tal pensamento de sustentabilidade de Jesus Cristo deveria estar no pensamento dos portugueses e franceses ditos "Cristãos", mas não estava. Ao que vemos o europeu acabou recebendo uma mensagem evangelizadora e missionária por parte do índio. É irônico...Esse pensamento de sustentabilidade daquele indígena deveria estar no pensamento de nós cristãos de hoje.
  Que possamos nós voltarmos num nível de equilíbrio, de relações prósperas a partir de justiça social. É isso que Jesus propõe. Devemos desnaturalizar o que hoje se supõe ser certo e até mesmo normal: a acumulação capitalista, o ter ao invés do ser, a busca pela riqueza como "jogo da vida", o lucro desmedido, o desperdício, o consumismo, o mundo dos descartáveis (geramos muito lixo).

Talvez o Velho apesar de sua naturalidade sapiente não imaginou o estrago que a
partir daquela "troca" seria feito no litoral onde vivia, mais de 500 anos depois desse diálogo e o quanto a falta do evangelho faltou na mente dos colonialistas, escravistas, empresários, latifundiários e de todos nós brasileiros, particularmente cariocas (apenas 7% sobrou da mata atlântica).
Na realidade dentro desse diálogo há um contexto muito mais amplo do que como estou colocando. Por exemplo, a questão do tipo de árvore, a forma do corte destas, o vínculo entre produção e consumo e a nossa identidade, o tolerar dos índios, suas perspectivas de trocas e ganhos com aquilo, questões de poder, status, tecnologia, a questão do interesse por tudo o que é novidade etc.
Conforme já dito é o sentido último de tudo aquilo e a cosmovisão que nada mais é que reflexo de um conjunto de crenças e valores temporais ditando o que é importante e o que nos move.
Talvez Lery, que foi um grande observador e registrou de maneira muito rica a nossa natureza e a cultura dos índios, tenha voltado balançado para casa. O missionário calvinista Jean de Léry que tentou explicar o "espírito do capitalismo" a um tupinambá, ao contrário do que podemos imaginar, nos relata José Augusto Pádua, historiador ambiental, em seu belo artigo chamado "Jean de
Léry, o pau-brasil e o velho tupinambá" (http://www.uel.br/prograd/maquinacoes/art_1.html), "foi tocado em algum nível pelo que o Velho estava dizendo, reconhecendo que ele “não era nenhum tolo” e que os índios odiavam os avarentos. Mais ainda, permitindo-se uma auto-reflexão crítica sobre a própria aventura dos europeus, Léry termina o parágrafo de maneira algo melancólica, lembrando de um escritor que dizia terem os índios do Peru temido fortemente que os europeus corrompessem seus costumes, por serem como “espuma do mar, isto é, gente sem país, homens sem descanso, que não param em parte alguma para cultivar a terra”.
Lembremos que Deus nos colocou no mundo, mais específicamente num jardim, ou melhor, Horto, no Éden para cultivar e guardar.
"E tomou o SENHOR Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar". (Gênesis 2:15)
Embora todos os seres humanos precisem de evangelho (Boa nova), será que em determinados momentos não são eles que precisam de evangelho e missões? Será que não somos nós?! Missão não é sinônimo de globalização. Talvez devamos voltar as perguntas mais simples e objetivas, questionar a nossa crença para crescermos na nossa fé. Deixar-se livre para indagações, dúvidas e perguntas
infantis, que não são idiotas, mas sim encontros conosco mesmos. Pensemos como o velho índio e façamo-nos as mesmas perguntas:

Por que vindes?
Não tendes recursos?
E porventura precisais de muito?


Essas foram a sequencias das perguntas do indio. E agora? Vc consegue ver Jesus diante dos discípulos fazendo o mesmo tipo de pergunta? Eu vi. Era o mesmo jeito que Jesus ensinava. Ele era o mestre do questionamento, que ensinava como ninguém através de parábolas, as quais são pedagogicamente como piadas, por conta da quebra de expectativa e giro de história.
Essa conversa do índio e Lery tem um lado engraçado e é semelhante a parábolas do Senhor. Jesus usaria essa história para nós se hoje estivessemos assentados com ele sendo admoestados por meio de sua vida. Poderemos assim continuar a perguntar:


Os rico os quais muitas vezes nos espelhamos ou queremos ter tanto quanto não morre?
Quando morrem para quem fica o que deixam? 


Que cada geração tire apenas o que for dentro da justiça de Deus, a sua parte como a orientação que Deus deu a respeito do maná no deserto.
Temos o que precisamos em seu Reino quando sabemos o que é esse Reino.


Paz, sustentabilidade e vida!!Amém!
Jorge Tonnera Jr

Mãe, Porta do Reino dos céus

"Mãe é o nome que substitui Deus nos lábios e corações de todas as crianças"... (Diálogo entre os personagens Eric Draven e a dependente química Darla no filme O corvo).
Não foi a religião que trouxe Deus até o homem, mas a maternidade. A maternidade foi o caminho escolhido pelo Deus da vida para amar a sua própria criação de pertinho e dar a boa notícia que seu Reino é chegado (Justiça e amor).



Jorge Tonnera Jr

segunda-feira, 7 de maio de 2012

País rico é país com saneamento adequado

Vale a pena questionar. Penso que devemos questionar o conceito de pobreza e de riqueza bem como de liberdade e felicidade, e ainda também desenvolvimento e progresso e crescimento.
O artigo que se encontra postado abaixo foi copiado via link: http://www.revistadae.com.br/novosite/noticias_interna.php?id=6532

País rico é país com saneamento adequado   
Roberto Macedo

País rico é país sem pobreza, diz o lema do governo Dilma Rousseff. Mas cabe perguntar: que pobreza o governo tem em mente e quer eliminar? Se for medida pelo critério de renda, mesmo com o avanço da chamada classe C - a tal "nova classe média" -, boa parte desta é ainda pobre tanto no valor absoluto de sua renda como em termos de comparações internacionais. E há ainda as classes D e E.

Pode ser que o governo defina um nível conveniente de renda mínima ao medir o seu esforço de eliminar a pobreza. Mas nem assim esconderia o fato de que o País não seria rico se somente isso ocorresse. Esse nível de renda seria baixo e a pobreza não se limita aos rendimentos. Há outros aspectos fundamentais, como o nível e a qualidade do ensino e do atendimento à saúde recebidos em termos médios pela população, sabidamente muito baixos no Brasil. São carências seculares que não serão resolvidas em um ou dois mandatos presidenciais. E há mais aspectos da pobreza também carentes de atenção. Entre eles, a falta de saneamento adequado, que se desdobra em água tratada, esgotamento sanitário, coleta de lixo e drenagem de águas pluviais - esta para evitar as enchentes e os seus repetidos desastres. Quanto a isso o Brasil também está longe de chegar ao que se passa em países ricos.

Sabia que as carências de saneamento são sérias no Brasil, mas recentemente percebi que são ainda bem mais graves do que imaginava. Isso aconteceu ao assistir a uma palestra do economista Gesner Oliveira em reunião recente do Conselho de Economia da Associação Comercial de São Paulo. Além de sólida formação acadêmica e de sua condição de professor da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, ele tem hoje uma importante credencial para falar sobre o assunto: a experiência em lidar com ele como presidente da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) no governo José Serra.

O palestrante pintou um quadro dramático da precariedade do saneamento básico brasileiro, em particular nas áreas urbanas, o foco de sua análise. Assim, dados de 2010 ou próximos desse ano - como outros que são citados abaixo - mostram que apenas 25% das capitais tinham mais de 80% dos seus domicílios ligados a redes de esgoto. E há casos gravíssimos. Assim, numa reportagem de jornal mostrada na ocasião algumas foram chamadas de "capitais da porcaria", entre elas Porto Velho (apenas 2% de domicílios ligados), Belém (6%), Macapá (7%) e Manaus (11%), numa lista que inclui também quatro capitais nordestinas com taxas entre 30% e 37%.

Dados sobre o Brasil mostram ainda 40 milhões de pessoas sem rede de água tratada, 107 milhões (!) sem rede de esgoto, 134 milhões sem esgoto tratado e 8,2 milhões (!) sem banheiros em seus domicílios.

A situação de alguns países ricos foi apresentada e os dados confirmam o título deste artigo. Assim, na Alemanha 100% dos municípios têm água tratada, 100% têm coleta de esgoto e em 99% deles há tratamento do coletado. Na Itália os índices são de 98%, 90% e 94%; em Portugal, 97%, 95% e 84%; na França, 99%, 95% e 84%, respectivamente.

Numa breve referência ao saneamento rural, uma avaliação da ONU mostrou que a situação brasileira é pior do que a de países como Sudão, Timor Leste e Afeganistão. Quanto ao lixo, 42% dos resíduos sólidos coletados no País têm destinação imprópria, pois vão para lixões e aterros inadequados. E apenas 6% dos municípios têm algum sistema de drenagem.

É óbvia a correlação entre a disponibilidade de saneamento básico e melhores condições de saúde no entorno dos domicílios atendidos, mas foi interessante conhecer uma estimativa de que cada real gasto com saneamento representa a economia de quatro com tratamentos de saúde.

Dado esse triste quadro, o que se faz em contrário é claramente insuficiente para limpar toda a sujeira que revela. Há carência de investimentos e dificuldades de planejamento e de gestão. O Brasil tem seu Plano Nacional de Saneamento Básico, que prevê a universalização desse serviço até 2030 mediante investimentos totais de R$ 263 bilhões, e no valor médio anual, de R$ 13 bilhões, o que significaria dobrar a média dos últimos cinco anos, que, se mantida, deixaria essa universalização para 2060 (!).

Toda vez que ouço falar de planos governamentais ponho um pé atrás, pois muitos ficam só no plano das hipóteses. E não vejo de onde vai sair todo esse dinheiro de fontes governamentais. Por isso vi com simpatia algumas propostas apresentadas pelo palestrante, entre elas o recurso a parcerias público-privadas, pois sozinhos os governos federal, estaduais e municipais não dão conta dos problemas nessa área. E a busca de aumentos da produtividade de sistemas já instalados, inclusive ampliações e novos que virão.

No abastecimento de água, aumentos substanciais de produtividade seriam alcançados se reduzidas fortemente as perdas nas redes de abastecimento, que alcançam perto de 40% (!). Isso geraria receita adicional e liberaria recursos para mais investimentos. No esgotamento sanitário, que exige muito bombeamento, também há perspectivas de ganhos de produtividade com equipamentos mais eficientes no uso da energia.

Concluo com outro dado particularmente chocante, que evidencia os efeitos danosos da carga tributária elevadíssima, tão alta como nunca antes neste país. De impostos federais a Sabesp pagou em 2009 o total de R$ 1,26 bilhão, perto da metade a título de contribuições que se dizem sociais (uma tem explicitamente esse nome e outra é a Cofins, também com seu quê de social). No mesmo ano a Sabesp investiu um total não longe disso, R$1,8 bilhão, o qual poderia ser substancialmente ampliado se o governo federal promovesse uma forte desoneração tributária desse setor tão importante para aliviar as condições de pobreza em que vive grande parte da população brasileira.


Roberto Macedo é economista (UFMG, USP e Harvard), professor associado à Faap e consultor econômico e de ensino superior.


O Estado de São Paulo

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