quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

O evangelho, segundo o Rappa

Minha Alma (A Paz Que Eu Nao Quero)  - Banda O Rappa

O Rappa - Minha Alma ( A Paz Que Eu Não Quero ) - Eletronic Video Sing
A minha alma tá armada e apontada
Para cara do sossego!
(Sêgo! Sêgo! Sêgo! Sêgo!)
Pois paz sem voz, paz sem voz
Não é paz, é medo!
(Medo! Medo! Medo! Medo!)

As vezes eu falo com a vida,
As vezes é ela quem diz:
"Qual a paz que eu não quero conservar
Pra tentar ser feliz ?" 2x

A minha alma tá armada e apontada
Para a cara do sossego!
(Sêgo! Sêgo! Sêgo! Sêgo!)
Pois paz sem,paz sem voz,
Não é paz é medo
(Medo! Medo! Medo! Medo!)

As vezes eu falo com a vida,
As vezes é ela quem diz:
''Qual a paz que eu não quero conservar
Pra tentar ser feliz ?'' 2x

As grades do condomínio
São prá trazer proteção
Mas também trazem a dúvida
Se é você que tá nessa prisão

Me abrace e me dê um beijo,
Faça um filho comigo,
Mas não me deixe sentar na poltrona
No dia de domingo (domingo!)

Procurando novas drogas de aluguel
Neste vídeo coagido,
É pela paz que eu não quero seguir admitindo.

As vezes eu falo com a vida,
As vezes é ela quem diz:
‘’Qual a paz que eu não quero conservar
Pra tentar ser feliz ?’’ 2x

As grades do condomínio
São prá trazer proteção
Mas também trazem a dúvida
Se é você que tá nessa prisão

Me abrace e me dê um beijo,
Faça um filho comigo,
Mas não me deixe sentar na poltrona
No dia de domingo (domingo!)

Procurando novas drogas de aluguel
Neste vídeo coagido,
É pela paz que eu não quero seguir admitindo. 2x

Me abrace e me dê um beijo,
Faça um filho comigo,
Mas não me deixa sentar na poltrona
No dia de domingo! (domingo!)

Procurando novas drogas de aluguel
Neste vídeo coagido,
É pela paz que eu não quero seguir admitido. 2x

É pela paz que eu não quero seguir
É pela paz que eu não quero seguir
É pela paz que eu não quero seguir admitido. 2x


Para assistir o premiado vídeoclipe:
http://letras.mus.br/o-rappa/28945/

 

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Joey Ramone - Merry Christmas (I Don't Want To Fight Tonight) (New Album 2012)




A conspiração do Natal


Esta te ferirá a cabeça, e tu ferirás o calcanhar.” (Gn 3,14-15).
“Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará Deus Conosco” (Is 7,14)

Chamado de "Proto-Evangelho", o texto de Geneses 3, 14:15 é o "gérmen de todas as promessas futuras". A geneses de todas as revoluções. Já Isaías confirma, atualiza e dá um fôlego na esperança dos seus contemporâneos, e deixa mais claro a ideia de Geneses. Acima disso, essas duas
profecias revelam também que o fato de que  revela um Deus que interage ao extremo na sua criaturas. Embora é Deus o caminho, a ideia, o propositor e o Salvador, Ele confere e dá a mulher papel preponderante na mudança do mundo. Sim, o texto diz que, Ela, a mulher, traz dentro de si o gene da manifestação da glória do um Deus, o seu criador da mulher e da humanidade. E ao mesmo tempo da o papel a humanidade, diferentemente d eoutros textos os quais reservam ao homem pepéis centrais para a humanidade, este é a mulher que representa a humanidade  como sendo a criação ela propria a humanidade tambem responsavel por participar do trazer a salvação a Terra. NOvamente repito aqui que Não por seus esforços, mas por iniciativa e misericordia e amor de Deus. TAl como Paulo diz ... não por obras para que ninguem se glorie, mas é dom de Deus. O homem não pode se achegara  Deus. Essa é a diferença de Deus para as religiões. Estas são parte do desejo humanod e se religar a Deus,estas são as respostas do homem ao desejo de estar com Deus. Sâo nulas. Jesus Cristo é a resposta de Deus ao homem diante do desejo dele (Deus) estar com o homem.
Bom, passam-se os anos, impérios levantam, caem, e levantam-se outro, um após outro. e eis que em torno de .......(ano), agora quem domina o mundo é o Império Romano, império que ocupou ..... Km do planeta e dentre tantos territórios é detentor da Terra de Israel e de seu centro religioso, Jerusalém, ou também conhecido Cidade da paz,  onde um povo que cria num único Deus era cerceado por um sistema operante que limitava a vida das pessoas, oprimia e roubava, matava e destruía sonhos. O clero religioso esforçava-se para mostrar uma pureza inalcansável a qual nem eles eram. Sendo eles sujos por dentro se pintavam de branco por fora para aparentar importância, status e honra, cegos guiando cegos. Já A política não se preocupava com ética. Negava o pobre e a vítima. Um mito de um político que liberta-se esse povo dos romanos foi colocado diante do povo. De maneira que todos esperavam um rei surgir pela crença de uma revolução externa, como se dentro de nós tudo estivesse e não importasse. O q acontecia no outro lado do mundo enquanto isso.  "A humanidade está arruinada e diante de um novo programa de dores e aflições." que se cicla. A religião local se mistura  prostitui com a política profana do império romano. O desejo de ser puro sendo profano caminham, grupos excluídos se limitam aos seus guetos, divisões, revoltas, pobreza, seitas fervecentes, cansaço, senso comum que aprisiona, vergonha, tudo isso é um mini-cenário local que revela faceta de uma humanidade caída, que expressa a ignorÂncia de toda a humanidade, de sentimentos comuns a todo ser humano, independente de crença, cor, etnia, ou lugar.
Uma agenda de degradação ond eo homem é autor exclusivo e individual de sua história. O ser humano se esvaindo, dominando e sendo dominado, cada vez se deslocando em um eixo em oposição a tudo q se chama Deus (  ), 
enaltecendo seus próprios nomes pessoais, impérios, valorizando "o esforço, o material, o consumo, a individualidade, o prazer pelo prazer, e a superação por conta própria, uma crença que cresce de fora pra dentro. Seja os pobres, seja os ricos, os mesmos desejos, e não há resolução em inverter a posição dos atores sociais, pois o oprimido logo se torna opressor.(   )
É nesse cenário que adentra no mundo o primeiro som do Evangelho, o choro de um bebê. Era Jesus. Era Deus enaltecendo a humanidade. Jesus, O impacto ambiental. Era Deus se esvaziando, e rumando a sua agenda, o seu programa de vida, de libertação, de cooperativismo, de colaboração ele mesmo se deslocando em direção ao homem contrapondo as próprias crençãs humanas de "meus p´roprios meios", de esforços humanos de querer ser deus ou de se achegar a Deus. Era Deus quebrando o paradigmas por meio de ser um paradoxo vivente. Era Deus levando as últimas a sua conspiração iniciada da profecia do Geneses. Era Deus clamando, era Deus rindo, era sua revolução. Estava implantada na terra a chegada de um Reino dos céus, um reino d ejustiça, paz e alegria, onde se preserva a identidade, se compartilha dividindo, onde se vive pelo outro, onde todos são iguais mas diferentes, onde um não anula o outro nem autofaga o pequeno por favor, onde se cria relacionamentos duradouros e eternos, onde se esvazia para encher, onde se completa no outro, onde o amor é o diretriz, princípio, fim e meio e  objetivo da economia, diretriz da cidade, princípio do trabalho, formador de culturas, faz da justiça e do direito verdade, promove saúde, faz encontros e liga a cada criatura ao seu ambiente e aos demais seres (ecologiza), ensina e educa, divide deveres, e confia autoridade, poder, dons e talentos, o qual anos mais tarde seria confirmado e gritado no deserto por um homem que era nada menos que o verdadeiro sumo-sacerdote de Jerusalém, mas que foi levado para o deserto pelo próprio Deus quando ele próprio Deus se viu ultrajado pela nojeira religiosa de homens que se associavam a um império e faziam politicagem com o que era santo. Assim o proprio Deus sai do templo de Jerulasém e se refugia no deserto em protesto e como protesto despojou seu sumo-sacerdote de roupas sacerdotais, pois esta foi usurpada pelos falsos sacerdotes, assim como despojou a comida própria dos sacerdotes, pois os falsos sacerdotes roubaram do verdadeiro sumo. É levado para o deserto para abrir caminho para o Verbo de Deus projetar para todos verem esse Reino.
A conspiração do Natal profetizada pela notícia de que Da semente da mulher sairia um que esmagaria a cabeça da serpente"Em certo sentido, é aplicável a toda nova criação que aceita caminhar com Cristo o caminho da reconciliação de todas as coisas, visto que, pelo quando operamos e ministramos amor uns aos outros conforme Cristo nos mostrou, estamos continuamente destruindo os planos da serpente". Assim também por isso mesmo "A serpente será inimiga da mulher por toda vida. " Será inimiga de tudo o que gera vida, pois o diabo veio para matar, roubar e destruir tudo que se chama vida, pois ele é a negação do que é santo. Em contraposto, a mulher será sempre inimiga da serpente, pois que a mulher somos nós, a humanidade revivida e ressussitada e adjunta  à familia Trindade. A mulher é a compreensão da justiça e de como Deus é santo, revela o que é santo,Nós, que temos nossa identidade nessa Trindade geradora de vida, que nos faz sermos co-criadores, desenvolvedores e potencializadores de tudo que manifesta vida pisamos na serpente todas vez que religamos relacionamentos, operamos e ministramos vida, restituímos e cosntruímos vidas, pessoas, lugares, ideias, culturas, economias, ecossistemas.
A linguagem do natal é de chegada, como se um desconhecido conhecido batesse na porta e pedisse para residir um dia na sua casa. Podemos compreender a Biblia com a exposição desse desconhecido conhecido revelando quem ele é e por meio disso me revelando quem eu sou, bem como ensinando justiça para um mundo injusto.
Toda grande transformação na humanidade é antecipada por uma profecia. Que assim seja , o Natal, a profecia relida todo ano de um Reino de boas novas já começado pelo Messias, o Um Deus que se fez criança e cresceu para morrer e revelar o Um Deus que ama como caracterizado em I Corintios 13. É perdoador, tudo sofre, tudo espera, .....
 A profecia da semente da mulçher Esta é realmente a primeira profecia da biblia,e toda a Bíblia gira a partir dela e nela. E espera porque nos perdemos de Deus.
"O grande castigo que aparece no texto de geneses como consequencia da crença em crescer e ser Deus será a perda da familiaridade com Deus". A perda da família Trindade. Sendo o homem a imagem e semelhança dessa família que se chama Deus, o Deus trindade, nos tornamos desmontado, desmembrado de si mesmos e de Deus quando preferimos ser uma " não família" e a parte, um deus de si mesmo e promovemos mortes por meio de olho por olho, roubamos tirando oportunidade do futuro, negamos a vida do presente não repartindo recursos com o próximo, disputando quem terá mais, acumulando, não dando direitos, corrompendo o próximo, iludindo e sendo iludindo. Só um câncer cresce e chega a um nível que o corpo não consegue suportar e mata o próprio corpo. Em contraposição a essa tendência e esse movimento de entropia e degradação,
a solidariedade de se chegar a uma terra comum onde se possa compartilhar a vida e Deus e se tornar uma família só, Deus e o homem, O Deus Trindade (O Deus família, o Deus copmunidade) e o homem sociável, sociedade, o homem comunidade, o homem ecossistema é a conspiração do Natal, o Reino dos céus implantado, a boa notícia de que Deus está conosco e é um conosco. Foi isso o que Deus quis iniciar com Israel para que em Cristo toda as famílias da terra fosse bendita e fossem também um com Deus.
A Promessa é anunciada a salvação. A nós cabe vive-la e anuncia-la diariamente até a (re)volta do Cristo, Deus encarnado, Verbo que se anuncia, se comunica, dialóga e se joga na comunidade humana, a abraça e a coloca debaixo de suas asas como uma galinha.

Amém!!!


No natal não se comemora A natalidade de Deus


O que acontece quando todo mundo espera algo que demora?
aos que esperam estes merecem a glória
Quando veem o que esperam é como água que refresca
Como brilho nos olhos e espera contra a demora
Toda crença é fé e toda fé é como pesca
que alça sem ver e vem a tona o que se espera
essa fé me faz ser o que eu não era pois eu era como peixe fora dágua

No natal não se comemora A natalidade de Deus
mas do homem novo para uma nova humanidade
Cristo Jesus é Deus encarnado
O Verbo que anuncia a verdade
Um Reino de boas novas
Notícas de Justiça, paz e alegria por caridade

CAridade de Deus para nós é seu Filho nos amar
AMar ao próximo é a única coisa que eu devo a toda pessoa
Para que sejamos um cristão temos que ser um Cristo e assim o amor praticar contra a luz que destoa
Ninguem conhece a Deus até que Deus conheceu o homem
Deus todo ao hoemm todo
O homem que Deus quer e o Deus que o homem precisa

sem medo de quem seria contra a verdade
ele veio falar com gente
se empoeirar de tanto caminhar
falar da nossa mente
diante da vaidade das vaidades
e de tudo que nos faz carente

e assim se fez o natal
Ali era a Santa Trindade
o encontro do tempo e a eternidade
sejamos todos reciclados

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

É (Planta e Raiz)

É Preciso Perdoar

(Planta e Raiz)

 
Tempo vem para me ensinar
O que o meu pai não me ensinou
Leva essa magoa embora
Se voce tem um grande amor
E esse alguem não lhe perdoou
Dê tempo pra ela agora
Mais não deixa ela partir
Não deixe ela escapar
Deixe o tempo reagir
Deixe o tempo atuar
Ela não vai resistir
Ela vai se entregar
E se não se decidir
Só vai ter tempo pra chorar
Abra o coração pra esse amor
Perdão faz bem pra vida inteira


Escute a música pelo link: http://www.youtube.com/watch?v=b6x0Z1KRFy8

Gente Pequena salvando gente menor ainda. Assim é "O Hobbit".

Na toca do Hobbit

No dia de hoje, todos nós, admiradores de J.R.R. Tolkien ao redor do mundo, nerds, cristãos, ateus de todas as raças, tribos e culturas, reunidas em torno de um anel, celebramos a estreia do filme O Hobbit, baseado em seu livro. Trata-se na verdade de uma história que havia sido contada pela primeira vez aos seus filhos. Mas antes de falarmos sobre o livro, vamos apresentar o autor brevemente.
Quem foi J.R.R. Tolkien
O famoso filólogo de Oxford nasceu em 1892, na África do Sul, e morreu em 1973, em Oxford. Foi autor de obras de ficção pelas quais é mais conhecido e consagrado, já traduzidos para o português, além de contos e poemas, ainda pouco conhecidos no Brasil e textos acadêmicos.
Uma primeira curiosidade quanto ao sobrenome de John Ronald Reuel Tolkien é que o nome provavelmente deriva da palavra alemã “tollkühn”, que quer dizer “arrojado”, “audacioso” ou “destemido”. E, de fato, as obras de Tolkien refletem um pouco isso.
O seu terceiro nome, Reuel, igualmente pouco comum, que foi herdado do seu avô, tem alguma origem hebraica. Ele aparece no Antigo Testamento como equivalente de Revel, que era o nome do sogro de Moisés (Nm 10. 29), filho de Esaú (Gn 36.4) e que significa “amigo de Deus”.
Um episódio bastante curioso do período que passou na África do Sul foi o seu encontro com uma enorme aranha. Tolkien confessava que tinha pesadelos com essas criaturas em tamanho gigante. As aranhas gigantes viriam a se tornar personagens importantes tanto no O Hobbit e quanto em O Senhor dos Anéis.
Após a morte prematura do pai enquanto a esposa e filhos passavam alguns dias fora, sua mãe decidiu voltar à Inglaterra com Tolkien e seu irmão mais novo, Hilary. Viveu em considerável isolamento também pelo fato de ter sido repudiada pela sua família protestante, devido à sua conversão ao catolicismo. A viúva passou então a assumir toda a educação dos filhos.
Desde pequeno, Tolkien costumava observar e atentar para todos os detalhes das paisagens e particularmente da topografia dos lugares que o cercavam. Ele nunca mais esquecia um lugar avistado e certamente todos eles influenciaram a criação do seu mundo imaginário.
Sua mãe despertou e desenvolveu em Tolkien uma paixão especial pelas línguas, especialmente as germânicas, o galês e o finlandês, que aparentemente formaram a base para o desenvolvimento dos idiomas de Terra Média. Esta tendência ficou ainda mais acentuada com o seu ingresso na escola de gramática St. Philip´s, onde costumava engajar-se bastante nas atividades culturais e organizar clubes de leitura. Ele manteve todas as amizades que fez ali até a fase adulta, quando perdeu quase todas com a Primeira Guerra Mundial. Foi naquele clube que ele fez as suas primeiras experiências com a filologia, que acabaria elegendo como sua área de especialização e carreira. Desde cedo também ele desenvolveu uma verdadeira obscessão por “inventar” línguas, o que lhe deu a base para as línguas élficas e de outros povos de Terra Média. Finalmente, outra paixão sua (e talvez seja essa que atraia tanto os nerds de todo o mundo) era a leitura de todo tipo de literatura, mas especialmente, da mitologia e de obras medievais, que conferiram todo o tom à Terra Média.
Infelizmente, a mãe de Tolkien não viria a presenciar o extraordinário desenvolvimento do filho; ela faleceu aos 34 anos de idade, em decorrência de diabetes, ainda sem tratamento na época. Como se sabe, infelizmente, a rivalidade entre católicos e protestantes é antiga na Inglaterra. De certa forma, Tolkien culpava a família protestante de sua mãe por tê-la levado à morte por abandono. Isso, associado às lembranças que tinha da devoção da sua mãe à Igreja Católica, teve grande influência sobre a conversão dele e de seu irmão ao Catolicismo em 1900. Pouco antes de morrer, sua mãe confiou os filhos às boas mãos de um padre muito amigo, Francis Morgan. Ela lhe passou a incumbência de proporcionar a melhor educação possível a eles.
No orfanato em que os irmãos foram internados, Tolkien conheceu o que viviria a ser a sua esposa, muitos anos mais tarde e distante dela a pedido do padre, apenas depois de ele ter se formado em letras. Entretanto o casal foi logo separado novamente: Tolkien havia sido convocado para servir na Primeira Grande Guerra. Mas Judith deu um jeito de ter um encontro amoroso com ele em um bosque durante esse período, que inspirou um conto de amor cortês.
Graças a uma “febre de trincheira”, Tolkien pôde ao menos regressar ao lar e iniciar a sua brilhante e premiada carreira em Oxford. Foi assim que ele foi agraciado, em 1917, com a possibilidade de presenciar o nascimento do seu primeiro filho, no mesmo ano em que fazia os seus primeiros ensaios e incursões pelo mundo de Terra-Média, na forma de contos esparsos. Mal sabia ele na época, que jamais pararia de escrever estas histórias que, ironicamente, permaneceriam inacabadas. O título original que ele deu àquelas histórias reunidas foi “The Book of Lost Tales”. Anos mais tarde, elas viriam a ser compiladas e editadas postumamente pelo seu filho, Christopher, sob o título de “O Silmarillion”. Esta impressionante obra retrata o trabalho de uma vida toda de dedicação minuciosa e revisão paciente. É curioso observar que Tolkien começou a escrevê-la, antes mesmo da publicação de O Hobbit, em uma tentativa de traduzir o mundo de Terra-Média para crianças. A obra também está muito relacionada a O Senhor dos Anéis.
Apesar de acadêmico de mão cheia, que também publicou obras técnicas, poucos leitores e fãs sabem que ele era professor catedrático e nem desconfiariam disso, na maior parte das vezes pela linguagem acessível e concreta (com uma abundância de descrições de paisagens personagens) que ele empregava.
Pois, se considerarmos o que e como escreviam os seus colegas naqueles tempos, temos boas razões para afirmar que Tolkien foi um dos poucos intelectuais da sua época, preocupados em falar ao homem comum. Ele se empenhava em unir a teoria que ensinava à prática, criando mundos que vão muito além do campus universitário.
Essa familiaridade, principalmente de O Hobbit, deu-se pelo fato de ele ter sido inspirado nas histórias que Tolkien costumava contar aos seus filhos, hábito infelizmente já bastante esquecido entre nós.1
Na verdade, quando Tolkien apresentou o livro ao seu editor, o filho dele pediu para lê-lo primeiro e o aprovou inteiramente. Mas o livro, embora seja mais “digerível” do que O Senhor dos Anéis, também pode ser lido principalmente por adultos que estejam atentos ao que importa nele: a moral e os valores humanos universais como a coragem, a fidelidade, a amizade, a esperança, a fé e, principalmente, o amor.
O Hobbit é católico?
No artigo Por que O Hobbit é católico (revista Época), Luís Antônio Giron, vê esses valores como “virtudes teologais”, e uma das quatro similitudes ou alusões católicas na obra, que acabava de ver. A primeira seria o fato de Bilbo, o bolseiro e personagem principal da história (que apenas rivaliza em algumas cenas com Gandalf) ter saído em sua aventura, na companhia de treze anões, pela reconquista do tesouro dos anões, que estava em posse de um dragão; isso seria uma alusão a um processo iniciático rumo à santificação (ou até ao papado). Quanto a esse, eu veria muito mais uma alusão à travessia de Abraão pelo deserto em busca da Terra Prometida. A segunda seria a ideia de submissão da estrutura toda da história a uma hierarquia transcendente. Aqui entra a figura de Bilbo e sua obediência, junto com seus companheiros, às ordens pré-estabelecidas, o que é ainda mais reforçado em O Senhor dos Anéis, em que ele passa por uma espécie de morte e ressurreição, mas isso para se santificar e subir na hierarquia dos profetas. Então, poderíamos também comparar tanto Bilbo quanto Gandalf à própria figura de Cristo, seu sacrifício e ressurreição de quem ambos são espelho. A terceira alusão é a já mencionada acima. A quarta seria a ideia de Providência Divina, que o comentarista localiza na jornada dos heróis da história, mas a meu ver, ela se encontra pulverizada por todo o livro, como constante presente do começo ao fim em Hobbit, da mesma forma que em O Senhor dos Anéis.
Então, para além de serem “católicas”, essas obras de Tolkien focam, na verdade, temas comuns aos cristãos, protestantes e católicos e adeptos de muitas outras religiões, mesmo porque elas se baseiam não apenas na Bíblia, mas também na mitologia e autores medievais da igreja não dividida, como Agostinho e Tomás de Aquino, sem falar no bom senso. E trata-se de uma proposta cuja atualidade é mais do que real, tendo em vista as divisões que ainda hoje reinam entre alguns católicos e alguns protestantes ou quaisquer cristãos ou não cristãos.
As alusões e transposições feitas por Giron, portanto, são válidas, mas não podem ser absolutizadas, como tanto Tolkien, quanto o seu amigo, C.S. Lewis, outro renomado professor e escritor, advertiam seus leitores a não fazer, sob pena de tornar as suas obras alegorias simbolistas, ou seja, que adoram os símbolos e as imagens por si mesmos e não os valorizam apenas por, através delas ou pelo reflexo delas, conseguirmos enxergar uma realidade maior, para as quais elas apontam e remetem.
Tolkien e C. S. Lewis
C.S. Lewis2, outro autor mencionado por Giron, era anglicano (e, portanto, protestante, e não católico, como informou o colunista) e tinham muita coisa em comum com Tolkien. Compartilhavam por exemplo o gosto pela mitologia e ficção. Lewis se destacou ainda no campo da apologética, tornando-se conhecido no mundo cristão por sua defesa da fé no contexto universitário, sendo apreciado tanto por católicos, quanto protestantes, quanto adeptos de outras religiões, ou de nenhuma. Ele influenciou e continua influenciando a fé de vários professores, teólogos e ministros que contribuíram e fizeram a diferença nesse deserto que muitas vezes é o mundo acadêmico. O que a maioria dos leitores não sabe é que Tolkien teve um importante papel na própria conversão de Lewis, como ficou registrado na sua autobiografia, “Surpreendido pela Alegria” 3.
A amizade entre os dois iniciou-se no ano seguinte ao ingresso de Lewis como professor em um College de Oxford e perdurou até a morte do último. Interessante neste sentido é o registro que Lewis faz em seu diário das primeiras impressões, não muito favoráveis que teve de Tolkien:
Ele é um sujeitinho lustroso, pálido e carrancudo. Devia ser chato demais para ler um Spenser – que só deve interessar para as aulas de inglês - na concepção dele, a literatura só deve servir para a diversão de pessoas entre seus trinta e quarenta anos de idade... No fundo é gente boa: só está precisando de uns bons corretivos. 4
E há alguma verdade nessa primeira impressão, em que Lewis também comenta em seu diário que sempre o aconselharam a manter distância (de forma preconceituosa, como ele dá a entender, usando de sarcasmo) de dois tipos de pessoas: os filólogos e os papistas. Tolkien acumulava essas duas características, mas esses, que poderiam ter sido obstáculos à sua aproximação, não os impediu de terem uma amizade que duraria toda uma vida.
Em algumas cartas, ele revela sua visão de Tolkien, como o grande homem que foi, mas também aponta para alguns defeitos. Lewis o julgava pouco sistemático e excessivamente “turrão”, praticamente impermeável à influência de quem quer que fosse às suas obras.5
E, de fato, muitos leitores queixam-se da grande quantidade de minúcias nas suas descrições, que muitas vezes podem ser confusas e alguns personagens, contraditórios. Outros reclamam da grande quantidade de poemas que aparecem em O Senhor dos Anéis. É claro que ninguém é obrigado a apreciar poesia ou o tipo de literatura extensa e refinada que Tolkien escrevia. Temos fortes razões até para a suspeita de que há cada vez menos leitores do tipo de literatura peculiar a Tolkien. Entretanto, como procuraremos mostrar mais adiante, sua obra permanece viva. Qual pode ser a explicação para este persistente sucesso e para a tentativa de resgate da sua obra nos últimos tempos?
A crítica dessa nova incursão de Peter Jackson com os hobbits pelo mundo de Hollywood já gerou avaliações “mornas”, por ser longo demais na opinião deles (a saga é dividida em três partes) e pelas tecnologias empregadas (embora já tivesse versões 3 D e 2 D). Mas tudo leva a querer que O Hobbit tenha tudo, não apenas para chegar aos pés de O Senhor dos Anéis, agora com mais experiência do co-diretor, como para superar todas as expectativas.
Isso, não porque a história do hobbit, Bilbo, tio de Frodo, que dá sequência à caça ao anel, seja bombástico e cheio de efeitos cinematográficos, mas porque se trata de uma história insólita, da redenção de um povo de anões que estava sendo escravizado por um dragão. Gente pequena, salvando gente menor ainda. Eis aí o paradoxo. E no meio do caminho, tinha um anel. O que ele fazia lá e o que tem a ver com o resto da história eu deixo para o leitor e espectador do filme adivinhar. Não quero estragar esse gosto da descoberta, que certamente não é única e unilateral.
Em todos os casos, Tolkien buscava ser coerente com as suas convicções e particularmente com o seu pressuposto, de que a literatura mitológica é a que melhor integra história e língua, realidade e ficção. Sua hipótes era de que as verdades expressas pela linguagem mitológica têm a mesma racionalidade que aquelas expressas pela linguagem científica. Mas ela tem a vantagem de apelar tanto para a razão, quanto para a imaginação e emoções, campos dificilmente expressos pela linguagem formal. Para Tolkien, o mito permite uma visão da realidade negada à ciência, numa perspectiva holística e não fragmentária, aberta para a totalidade do real. Daí que ele o tenha escolhido como modelo para o seu tipo de literatura. Foi precisamente a sua concepção de mito e particularmente a forma como ele o relacionava ao cristianismo que tanto chamou a atenção e fascinou Lewis e o desafiou a fazer as suas próprias incursões pelo universo dos valores cristãos universalizáveis, ou seja, que não precisariam ostentar esse nome.
Por isso, ele identificava na literatura mitológica o que chamava de “Evangelium” ou “envangelho” em latim, o anúncio da boa nova da redenção da humanidade. E toda obra do criador humano, que é imagem e semelhança do divino, é por ele chamada de “sub-criação”, ou criação em outro plano.
Após a sua morte em 1973, aos 81 anos de idade, depois de contrair uma doença grave, foram criadas inúmeras sociedades, que passaram a cuidar da preservação da sua memória, como a “The Tolkien Society” ou a “Brazilian Tolkien Society”. 6 Elas se encarregaram da divulgação e reedição permanente das suas obras por todo o mundo.
Em suma, nada melhor, do que as palavras do próprio autor, para sintetizar a essência da sua vida e obra:
Nasci em 1892 e passei toda a infância numa região chamada “The Shire” 7, numa época anterior à mecanização da lavoura. Em outras palavras, e o que importa ressaltar é que sou cristão (o que se pode inferir muito bem das minhas histórias), na verdade sou católico romano. Já este segundo “fato” pode não ser tão facilmente inferido... na verdade o que sou mesmo é um hobbit (em todos os aspectos, exceto pelo tamanho 8). Gosto muito dos jardins, árvores e lavouras não mecanizadas; fumo cachimbo e aprecio boa comida caseira... gosto dos trajes alinhados e tenho a pachorra de usar coletes, numa era tão sem graça, quanto a nossa. Amo cogumelos (colhidos diretamente do campo); meu senso de humor é coloquial (mesmo os meus críticos mais simpáticos costumam considera-lo tedioso); costumo ir dormir tarde e (de preferência) acordo tarde. Não sou de viajar muito.9
Notas:
1. Por mais estranho que possa parecer este hábito ao público de hoje, é interessante notar que ele também já foi praticado no Brasil em tempos de Monteiro Lobato, por exemplo. Aliás, há diversos pontos de contato e coincidências entre as duas biografias e obras.
2. Catedrático de literatura inglesa medieval e renascentista e crítico literário das universidades de Oxford e Cambridge, C.S. Lewis viveu entre 1898 e 1963. É autor de obras acadêmicas da área e foi um dos participantes da elaboração do Dicionário de Oxford e de livros sobre crítica literária e literatura. É autor ainda de livros teológicos e contos, poesias e obras de ficção de grande repercussão internacional como “As Crônicas de Nárnia” (Martins Fontes) e “Cartas de um Diabo a seu Aprendiz” (Vozes) entre outros.
3. Lewis, C.S. Surpreendido pela Alegria, São Paulo: Mundo Cristã, 1998.
4. Duriez, 1992, 256. .
5. Lewis, Letters, 1966, 287.
6. O endereço da homepage da sociedade é . Ela contém dados atualizados sobre premiações, além de uma excelente biografia, lista de obras, entretenimento e dados para maiores estudos. A sociedade inglesa também possui informações importantes para o pesquisador e interessado: .
7. Este foi o nome dado também ao território ocupado pelos hobbits em Terra-Média. Na tradução brasileira, a região foi chamada de “Condado”.
8. Os hobbits, seres que sempre são os personagens principais das obras de Tolkien, caracterizam-se, entre outras coisas, por sua estatura quase que nanica, eles moram em tocas bem confortáveis e caseiras e, como Tolkien mesmo, não gostam muito de viajar.
9. Tolkien, J.R.R. Letters of Tolkien, Carta de 25 de outubro, 1958, em Duriez, Manual de J.R.R. Tolkien, 1992, 253.
 
É mestre e doutora em educação (USP) e doutoranda em estudos da tradução (UFSC). É autora de O Senhor dos Anéis: da fantasia à ética e tradutora de Um Ano com C.S. Lewis e Deus em Questão. Costuma se identificar como missionária no mundo acadêmico. É criadora e editora do site www.cslewis.com.br
 
 
 

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

E se Niemeyer tivesse pedalado?

Esse eu captei pelo grupo yahoo de ciclistas que eu faço parte, "O Bicicletada Rio". É um excelente artigo que visa apenas rever conceitos intocáveis e dogmáticos e não depreciar alguém que em linhas foi realmente muito bom, soube apreciar o belo, sobretudo a beleza nos detalhes das curvas femininas. No entanto destrói sim bezerros de ouro, o que é muito bom, e ao mesmo tempo humaniza e convida a evoluir rumo a uma cidade comunitária, inclusiva, e não somente esteticamente apreciável.

 

E se Niemeyer tivesse pedalado?

Por Renata Falzoni

Oscar Niemeyer
Oscar Niemeyer


"O mais importante não é a Arquitetura, mas a Vida, os Amigos e este Mundo injusto que devemos modificar"

Arquiteta e brasileira que sou, devoto profundos admiração e respeito por Oscar Niemeyer e sua obra. Estou triste, de luto mesmo pois ele se foi.

Sou formada pela FAU Mackenzie, turma de 1977 e estudei muito a obra de Oscar Niemeyer, Lucio Costa, Le Corbusier e outras tantas lendas. Nunca nos foi dada qualquer chance a crítica ou questionamento.

Esses arquitetos nos foram apresentados como “os senhores absolutos” da verdade arquitetônica, da estética e da modernidade; inquestionáveis.

Nossa geração seguiu a fundo os dogmas do planejamento urbano calcado em amplos espaços, avenidas maravilhosas, edifícios magníficos, prédios soltos, sem vizinhos, comércio segregado, tudo grande e longe.

O lema era a total transparência da forma, esta determinada pela função. Pilotis soltos, o livre rabisco, curvas, enfim, aprendemos a escancarar a função no desenho, mas nunca pudemos questionar a quem serviria tanta beleza arquitetônica, se nela seria agradável de se viver ou mesmo se esses edifícios e essas cidades seriam sustentáveis, na escala de um ser humano ou inclusivas.

Niemeyer era amigo pessoal de Juscelino Kubistchek, o “presidente bossa nova”, mentor e patrocinador de Brasília, aquele que trouxe ao Brasil a indústria automobilística e nos conduziu a “modernidade”.

Niemeyer era de esquerda, comunista de carteirinha, sempre clamou por igualdade. Havia em seu escritório um cartaz escrito em próprio punho algo no estilo, “enquanto eu vir desigualdade, serei um comunista”.

Brasília é uma cidade projetada para quem tem cabeça tronco e rodas motorizadas, sendo que – posso estar enganada – nunca vi dessa turma de arquitetos e urbanistas, uma reflexão do quanto suas cidades não promoveram a igualdade que tanto pregavam. Muito pelo contrário, essas cidades segregam.

As cidades satélites de Brasília são prova viva que que algo deu errado. Nossa capital de cara não previu a moradia de quem a construiu, a moradia da mão de obra, dos trabalhadores, daqueles que precisam vir ao centro todos os dias trabalhar.

Brasília nasceu insustentável no quesito mobilidade urbana. Nasceu sob uma ótica nada “comunista” se formos associar a esse termo, uma política pública que promova a igualdade e a integração de uma população, independente da classe social.

Brasília é plana, ampla, com largas avenidas e seus gestores poderiam ter feito uma mea culpa muito rápida, trazendo a moradia de trabalhadores para próximo do centro e uma estrutura cicloviária, sem falar em calçadas.

Brasília não tem calçadas.

Mas não, nunca sequer se cogitou algo pelo estilo. Sucumbiu-se a especulação imobiliária, ao modelo carrodependente, sendo que não conheço cidade melhor para virar a sua própria mesa.

Me pergunto o que teria sido se Oscar Niemeyer, Lucio Costa e tantos outros tivessem pedalado como meio de transporte na década de 70, 80, quando o partido verde fez a sua revolução na Alemanha, influenciando a Dinamarca e os Países Baixos.

Teriam eles sacado aonde está o buraco da desigualdade social de nossas cidades?

Essa eterna necessidade e de se dar aos carros mais e mais espaço e em decorrência expulsar a classe trabalhadora dos centros? A degradação urbana decorrente, viadutos, pontes, marginais, congestionamento, poluição, barulho, mortes, doenças, isolamento de pessoas enclausuradas, transporte público ineficiente?

Um dia eu perdi a chance de expor em pessoa ao próprio Niemeyer essa análise tão fácil de entender pelos que se livraram do carro em centros urbanos.

Era no verão de 96 / 97, estava eu a correr a pé pelas redondezas do parque Ibirapuera, procurando o meu cão que havia fugido de casa e sumido pela região.

Vejo uma comitiva de pessoas que eu conhecia, caminhando pela Av. Quarto Centenário e nesse grupo, o próprio Niemeyer.

Atravessei a rua e fui conhece-lo, já com seus 89 anos.

Eles estavam inspecionando o Parque por ele projetado e foi nessa época que decidiram construir o Teatro que já fazia parte do conceito original.

Depois que eu me apresentei ele me perguntou: “_Mas o que você faz aqui?”.

Expliquei-lhe sobre o Milú, meu cão pastor, muito do tonto. -“Fugiu de casa com outros dois que já retornaram e ele não”.

Niemeyer na sua mansidão me respondeu:

_”Pois eu vi o seu cão menina, ele está lá no Manequinho Lopes, ele está rodando no estacionamento. Aproveite e diga ao meu motorista, você vai vê-lo, para vir aqui me buscar, pois eu estou cansado de caminhar’

Dito e feito, lá estavam o Cão Milú e ao seu lado, o motorista!

Devo mais essa a esse ilustre brasileiro!

Fonte: http://espn.estadao.com.br/post/297514_e-se-niemeyer-tivesse-pedalado

Getty
Niemeyer morreu na última quarta-feira, aos 104 anos
Niemeyer morreu na última quarta-feira, aos 104 anos


Um outro artigo que saiu esses dias, já a nível internacional faz uma análise de Brasília. Mesmo que não se concorde com tudo, vale sempre ler visões diferentes. Pessoalmente fiquei muito poucos dias em Brasília para eu emitir opinião tão formada. Deixo o link para apreciação de quem quiser ler. Eu li e achei bom o questionamento. mais uma vez repito que não deprecia o trabalho do Niemeyer. Muito pelo contrário. Esteticamente é único e tem beleza e diferença e tenta ser justo, mas sempre precisamos caminhar para um n´vel maior. O texto se chama "Niemeyer's Brasilia: Does it work as a city"? :
http://www.bbc.co.uk/news/magazine-20632277

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

A internet está se tornando um organismo consciente?

Um ótimo artigo achado aonde? Na internet!!! rss
Fonte: http://oglobo.globo.com/tecnologia/a-internet-se-tornara-um-organismo-consciente-6801288

A internet se tornará um organismo consciente?

Cientista traça paralelo entre grande rede e o cérebro humano e antevê evolução imprevisível deste ‘organismo vivo’
Publicado:

Cientista traça paralelo entre o cérebro humano e a internet, cujas interconexões velozes corresponderiam aos nervos
Foto: Divulgação/Alamy
Cientista traça paralelo entre o cérebro humano e a internet, cujas interconexões velozes corresponderiam aos nervosDivulgação/Alamy


RIO - O neurocientista e empreendedor Jeff Stibel foi convidado pela “BBC” a falar sobre sua abordagem futurista com relação à internet. Segundo Stibel, que é presidente-executivo da Dun & Bradstreet Credibility Corp., a grande rede seria uma nova forma de vida em estágio ainda embrionário, mas que já demonstra os primeiros sinais de inteligência.
“A fiação física da internet, com todas as conexões da rede, já funciona como um cérebro rudimentar, e algumas ações e interações que se dão na rede são similares aos processos que acontecem no cérebro humano”, diz Stibel. “Ao mesmo tempo, a internet está forçando nós humanos a interagir e a pensar de maneiras novas e diferentes”.
No entanto, segundo ele, isto é apenas o começo. “A internet só vai se tornar mais e mais inteligente, mudando a humanidade e a sociedade de maneiras que talvez ainda não sejamos capazes de compreender”.
Em seu paralelo “internet-cérebro”, Stibel explica que no lugar de neurônios temos computadores e conexões de banda larga no lugar de axônios e dendritos (nervos).
“No momento, com a internet, estamos criando um cérebro global. E já podemos ver isto acontecendo agora com o que as pessoas estão chamando de ‘consciente coletivo’, em locais como, por exemplo, a Wikipédia, em que um grande coletivo de voluntários vem depositando informações de forma organizada na rede, de tal modo que, quando consultado, este acervo nos devolve respostas”.
Após terminar seu doutorado na Brown University, Stibel se dedicou ao paralelo entre a grande rede e o cérebro, e dedicou-se a abrir empresas de internet uma após a outra, todas explorando as correspondências entre o âmbito cerebral e o da interconectividade computacional global.
“O objetivo de minhas empresas é alimentar a internet com pessoas e com tecnologias de tal modo que comecemos a criar na grande rede uma inteligência real, e não mais o que vinha sendo chamado de inteligência artificial”, esclarece Stibel. “O cérebro humano está aos poucos se combinando, se mesclando com computadores”.
O estudioso conta uma história hipotética em que imagina um ser extraterrestre que chega à Terra assegurando que não tem intenções beligerantes nem destrutivas. Este ser forneceria aos seres humanos uma capacidade quase ilimitada de processamento de informações e armazenamento de dados também virtualmente ilimitado, bem como um poder global de interligar em altíssima velocidade diferentes pontos do planeta.
“Esse extraterrestre só pediria em troca que abríssemos mão de nossa privacidade, que fornecêssemos todas as informações em nosso poder de modo a alimentar esse gigantesco sistema e, para que a coisa toda funcione, que nos permitíssemos manter-nos intimamente interconectados ao sistema e uns com os outros”, imagina ele.
“Uma proposta assim vinda de um ser de outro planeta certamente nos pareceria assustadora e provavelmente a recusaríamos de imediato”, diz ele. Mas, segundo Stibel, o que as pessoas em geral não percebem é que isso já existe. E, pior, não é uma proposta feita por extraterrestres. Nós mesmos criamos algo assim. É a internet, essa mesma que muitos de nós usamos quase diariamente e da qual cada vez dependemos mais.
De acordo com o cientista, estamos muitos de nós interagindo de forma pensante com este organismo mundial interligado.
“Algo único está acontecendo, alguma coisa maior do que pensávamos que aconteceria quando foi inventada a World Wide Web. Talvez não estejamos conseguindo agora entender direito o que está se passando, ou como isso tudo está evoluindo. Mas certamente estamos criando algo que se assemelha muito com inteligência. Uma inteligência global que, talvez um dia, possa ela mesma pautar sua própria evolução”.
O vídeo em inglês da apresentação de Jeff Stibel, infelizmente sem legendas, pode ser visto aqui.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

O Dilema da Femivora - tradução por Claudio Oliver


Um belo artigo traduzido pelo Claudio Oliver, da Casa da Videira e postado no seu blog Na Rua com Deus.
http://naruacomdeus.blogspot.com.br/search?updated-max=2010-09-02T18:26:00-03:00&max-results=1&start=4&by-date=false


The New York Times – Março 2010

O Dilema da Femivora

por PEGGY ORENSTEIN

Quatro mulheres que eu conheço - nenhuma das quais conhece uma à outra - estão construindo galinheiros no quintal. Desnecessário dizer que elas também cultivam produtos biológicos: a minha cidade, em Berkeley, Califórnia, é o Vaticano do locavorismo, a igreja oficial de Alice Waters. Hortas domésticas aqui são um dado tão comum como água encanada. Mas galinhas? Isso eleva a aposta. Aparentemente, já não é o suficiente saber o nome da fazenda de onde seus ovos vieram, agora você precisa saber o nome da ave que os produziu.

Todas essas meninas – chocando as crias - são mães que ficam em casa, mulheres altamente educadas que deixaram o mercado de trabalho para cuidar de amigos, maridos e filhos. Eu não acho que seja uma coincidência: o dilema do onívoro desembocou em uma saída inesperada da situação feminista, uma maneira pela qual as mulheres podem abraçar o lar sem se tornar Betty Draper. "Antes disso, eu sentia como se minhas escolhas fossem entre quebrar o teto de vidro ou aceitar a gaiola dourada", diz Shannon Hayes, uma pecuarista organica do norte do Estado de Nova York e autora do livro "Radical Homemakers", um manifesto para as feministas "de forno e fogão", que foi publicado no mês passado.

Hayes demonstra que o “problema original que não tinha nome" era tão espiritual quanto econômico: o mal-estar que dominou a vida das donas de casa de classe média presas em uma vida dividida entre correrias e compras. Uma geração, e muitas ações judiciais, mais tarde algumas mulheres encontraram sentido e poder através de um emprego remunerado. Outras apenas encontraram uma nova fonte de alienação. O que fazer? Os ganhos dos afazeres domésticos não tinham mudado - um risco aumentado de depressão, uma inutilidade sem sentido, dependência econômica em relação ao marido - só que agora, elas tinham o que era considerado uma "escolha": se você se sentia presa, era sua própria culpa. Além do mais, poderiam com razão argumentar as donas de casa de hoje, o cuidado do lar é desvalorizado em uma sociedade que mede o sucesso de uma pessoa pelo tamanho do contracheque, e onde seu papel se torna possível possível graças ao tamanho do contracheque de seu marido. Dessa forma, elas se viram presas em um movimento pendular interminável.

Entra em cena o galinheiro.

O femivorismo está fundamentado nos mesmo princípios de auto-suficiência, autonomia e realização pessoal que levou as mulheres para o mercado de trabalho em primeiro lugar. Dado o quão consciente (para não dizer obsessivo) tornou-se para todos saber sobre a origem dos alimentos - quem nestes dias não se mostra entusiasmado com compostagem? - a prática também confere legitimidade instantânea. Mais do que incorporar os limites de um movimento, as femivoras expandem os limites de outros: alimentação de suas famílias com alimentos saudáveis e saborosos, reduzir a sua pegada de carbono, produzir de forma sustentável, ao invés de consumir desenfreadamente. O que poderia ser mais vital, mais gratificante, mais moralmente defensável?

Há ainda um argumento econômico para a escolha de ninhos literais ao invés de figurados. A sabedoria feminista convencional sustentava que duas fontes de renda eram necessárias para fornecer as necessidades básicas de uma família - para não mencionar a proteção contra a perda do emprego, doença catastrófica, o divórcio ou a morte de um cônjuge. As femivoras sugerem que saber como se alimentar e vestir-se independentemente da circunstância e saber transformar a escassez em abundância, constitui uma rede de segurança igual – e talvez maior. Afinal, quem está melhor preparada para resistir a esta economia, a mulher de alto ganho que perde o emprego ou a dona de casa frugal que pode contar com suas galinhas?

Hayes consideraria os esforços dos meus amigos como admiráveis, se fossem parte de uma transição. Seu objetivo é maior: a renúncia da cultura de consumo, um retorno (ou talvez um avanço) para um tipo de preindustrialismo moderno no qual a casa é auto-sustentável, o centro do trabalho e sustento para ambos os sexos. Ela entrevistou mais de uma dúzia de famílias que estavam desenvolvendo esta forma de vida. Eles ganhavam uma média de 40 mil dólares anuais para uma família de quatro pessoas. Elas faziam conserva de pêssegos, recheavam linguiças, cultivavam couve, faziam sabão. Alguns evitavam seguros de saúde, e a maioria educa seus filhos em casa. Isso, creio, é um pouco mais além do que a maioria de nós estamos dispostos a ir: soa um pouco como ser Amish, exceto que com um carro (não mais de um, naturalmente) e uma agenda política verde.

Depois de falar com Hayes, corri para pegar minha filha na escola. Assim como corri para fazer um jantar rápido de quesadillas e ervilhas congeladas orgânicas, e me encontrei com o meu pensamento à deriva de volta à nossa conversa, ela levantou questões sobre a natureza do sucesso, satisfação, sustento, realização, comunidade. O que constitui "o suficiente"? Qual é a minha obrigação para com os outros? O que eu quero para o meu filho? A minha casa é o motor do materialismo ou um refúgio contra ele?

Eu compreendo a paixão por uma vida que é feita, e não comprada. E quem resiste ao apelo de trabalhar a terra? É como que uma parte integrante do caráter deste país, assim como à sua própria maneira o Wal-Mart também. Minhas amigas femivoras pode nunca fazer mais do que se esparramar na agricultura de quintal - mantendo um casal de galinhas, alguns coelhos, talvez uma ou duas colméias - mas elas ainda estão transformando a definição do que seja uma dona de casa: de algo que é menos sobre sujeira e mais sobre o solo, menos sobre aromatizador de ambientes e mais sobre um ambiente de ar fresco. Sua ação para o incremento da cultura das crianças vai além de uma carona para a próxima aula de reforço de matemática.

Estou tentada a denominar isso de "precioso", mas essa palavra tem variações de significado. Mas, novamente, até que pode ser apropriado. Hayes concluiu com a opinião de que, sem um propósito maior – ativismo, o ensino, a criação de um negócio ou a sua saída da casa - o entusiasmo das mulheres para as artes domésticas, eventualmente sucumbiria, especialmente se seus maridos não estiverem igualmente envolvidos. "Se você não entrar nessa como uma relação verdadeiramente igualitária", ela avisou: "você está criando uma situação perigosa. Pode haver perda de auto-estima, perda da alma e uma incapacidade para retornar ao mundo e ter estrutura. Você pode começar a imaginar, 'Para que é isso tudo?" Foi uma litania des para concertantemente familiar: se uma mulher não tomar cuidado, ao que parece, a cerca do galinheiro pode servir enjaula-la como certamente qualquer gaiola dourada o faria.

Peggy Orenstein, contribui como escritora no TNYT, é autora de "Esperando por Daisy", um livro de memórias.


Cães conseguem detectar câncer com o olfato

Uma notícia muito importante e no mínimo interessante acerca das mutiformes possibilidades interativas da convivência do homem com outras espécies. Diga-se d e passagem há um outro post aqui no blog onde se afirma a identidade do homo sapiens ligada a essa interação com outras espécies, particularme aos cães, os quais nos levaram a um nível de sobrevivência maior. Segue abaixo um outro fato que nos faz olhar com respeito.

Cães conseguem detectar câncer de pulmão com o olfato

Os cães do estudo foram capazes de identificar 70% dos casos (Foto: Thinkstock)
Os cães têm uma grande capacidade para detectar o câncer de pulmão com seu olfato apurado, uma descoberta que abre caminho para um diagnóstico precoce desta doença, afirma um estudo realizado na Áustria e publicado nesta quarta-feira.

"Os cachorros não têm qualquer problema para identificar os pacientes com tumores cancerígenos", explica Peter Errhalt, chefe do departamento de pneumologia do hospital de Krems (nordeste da Áustria) e um dos autores da descoberta.
Os cães do estudo sentiram o cheiro de 120 amostras de hálito de pessoas doentes e saudáveis e conseguiram identificar em 70% dos casos as que sofriam com câncer de pulmão.
Este resultado é tão promissor que está previsto um novo estudo de dois anos com amostras de 1.200 pessoas, indicou Peter Errhalt em coletiva de imprensa.
Os resultados do estudo austríaco coincidem com outros testes realizados nos Estados Unidos e Alemanha.
O objetivo em longo prazo é determinar quais são exatamente os odores que os cachorros são capazes de detectar, explica Michael Muller, do hospital Otto Wagner de Viena, que colaborou com o estudo.
Se for alcançado este objetivo, os cientistas poderão construir uma espécie de "nariz eletrônico" para diagnosticar o quanto antes o câncer de pulmão e aumentar assim as possibilidades de sobrevivência dos pacientes.

Canto o Natal com Bob Dylan - The Times They Are a Changin

Sim, eu olho para o Natal quando ouço músicas que mexem com a essência do ser humano, quando me levam a olhar para um outro tempo sem sair deste em que vivo, sem deixar de olhar para o mundo em que estou, mas que apontam para um futuro novo, próspero, promissor e desenvolvido. Por isso eu canto o Natal, por isso eu canto Bob Dylan "The Times They Are A-Changin'". O tempo ruma a uma mudança extraordinária muito além do que os homens podem prever. A loucura de hoje se quebrará e dará lugar a justiça de um Reino de boa notícia, uma boa nova. Por isso cantem os cantores, escrevam os poetas, preguem os pregadores e profetizem os profetas como fez Bob Dylan.


Tradução de "The Times They Are A-Changin'":

The Times They Are A-Changin' (Os Tempos Estão Mudando)

Venha pessoal
Por onde quer que andem
E admitam que as águas
Á sua volta aumentaram (cresceram)
E aceitem que logo
Estarão cobertos até os ossos
Se seu tempo para você
Vale a pena ser poupado
Então é melhor começar a nadar
Ou irá se afundar como uma pedra
Pois os tempos estão mudando
 
Venham escritores e críticos
Aqueles que profetizam com sua caneta
E mantenham seus olhos abertos
A chance não virá novamente
E não falem tão cedo
Pois a roda ainda está girando
E não há como dizer
Quem será nomeado
Pois o perdedor de agora
Mais tarde vencerá
Pois os tempos estão mudando
 
Venham senadores, congressistas
Por favor escutem o chamado
Não fiquem parados no vão da porta
Não congestionem o corredor
Pois aquele que se machuca
Será aquele que nos impediu
Há uma batalha lá fora
E está rugindo
E logo irá balançar suas janelas
E fazer ruir suas paredes
Pois os tempos estão mudando
 
Venham mães e pais
De toda a terra
E não critiquem
O que não podem entender
Seus filhos e filhas
Estão além de seu comando
Sua velha estrada
Está rapidamente envelhecendo
Por favor saiam da nova
Se não puderem dar uma mãozinha
Pois os tempos estão mudando
 
A linha foi traçada
A maldição foi lançada
E lento agora
Será o rápido mais tarde
Assim como o presente agora
Será mais tarde o passado
A ordem está
Rapidamente se esvaindo
E o primeiro agora
Será o último depois
Pois os tempos estão mudando

OBS.: Em Watchmen, o filme, a mesma música na versão de outrem, também há um apelo forte em relação a um questionar nossa sociedade.
 
Segue abaixo versão do Eddie Vedder tocando.
 
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terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Documentário da banda No Longer Music

No Louger Music sempre me chamou atenção, desde o dia em que ouvi falar em uma tv evangélica, num programa de debate muito interessante chamado Vejam Só. E, particularmente me chamou atenção o líder/ volcalista, David Pierce, pois ao ouvir suas declarações no programa ao ser entrevistado pessoalmente, vi nele uma das pessoas mais cristãs que já pude notar. É bem verdade que nunca o vi pessoalmente, mas perante sua espontaneidade tive uma ótima sensação. Se algumas pessoas nos deixam com vergonha alheia, outras nos deixam com digamos... orgulho olheio. rs. David faz parte desse último grupo. Eu que sempre tive minha postura e ideias ligadas a cultura Punk me achei cheio de graça em conhecer esse belo serviço ligado a levar a boa nova a punks e outros.

Jorge Tonnera Jr.

Segue o texto do Clip Gospel Music sobre o Documentário...

Documentário da banda No Longer Music





A banda No Longer Music, é na verdade um braço da missão cristã chamada Steiger International, que trabalha com grupos de punks, neonazistas, metaleiros e pessoas que não gostam de Deus. O Steiger leva o NLM para tocar em diversos clubes de música frequentados por estes movimentos anti-cristãos onde eles se apresentam Cristo, junto com a música e arte, logo em seguida o Steiger tenta implantar uma igreja com as pessoas que se convertem.

O documentário é muito interessante e impactante, pois mostra o agir de Deus em pessoas que são aversas a Ele, mostrando uma nova perspectiva de ver o mundo, vale a pena conferir.
Assista o documentário No Longer Music (legendado)



terça-feira, 27 de novembro de 2012

Nova York virou paraíso dos ciclistas graças a uma mulher

Nova York virou paraíso dos ciclistas graças a uma mulher

RAUL JUSTE LORES
 DE NOVA YORK

24 horas depois do furacão Sandy atingir Nova York, em 28 de outubro, o prefeito Michael Bloomberg anunciou que a secretária de Transportes, Janette Sadik-Khan, tinha um plano para o caos que se instalou no trânsito da cidade --sem metrô e sem semáforos, graças ao blecaute.
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"Só carros com três passageiros ou mais poderão entrar em Manhattan. Até o fim de semana, os ônibus circularão com a catraca livre", determinou.

Os nova-iorquinos já se acostumaram com as medidas às vezes radicais da mulher que manda no trânsito da maior cidade americana.

Em cinco anos no cargo, a superpoderosa secretária de Transportes de Nova York abriu 450 km de ciclovias, 50 km de corredores de ônibus e fechou várias praças aos carros --a mais famosa delas, a Times Square, tornou-se um grande calçadão.

Reduziu o número de pistas da Broadway pela metade, dobrando as calçadas dos dois lados e espalhando cadeiras e mesinhas.
 


 Pela velocidade com que está transformando a paisagem nova-iorquina, ela é amada por ciclistas e odiada com igual intensidade por taxistas.

Magra, com corpo forte de quem pedala e faz ioga, um orçamento anual de R$ 4 bilhões e mais de 4.500 funcionários em sua equipe,

Janette, 51, é igualmente retratada em reportagens de urbanismo e em publicações de estilo.

É uma rara política de olfato fashion, bronzeada e de corpo torneado, destoando do clichê das burocratas de tailleurs.

Formada em ciência política e em direito pela Universidade Columbia, era vice-presidente de uma grande empresa de engenharia quando foi "descoberta" por Bloomberg.

"Antes, a política de transporte se resumia a aumentar a velocidade dos carros na cidade. Para mim, o mais importante de tudo é priorizar o pedestre, o ciclista e o transporte público", disse à Serafina, em seu escritório, em um arranha-céu com vista para o East River e o Brooklyn, no distrito financeiro de Manhattan.

SECRETÁRIA DAS BIKES

"Diziam que os lojistas da Times Square perderiam muito dinheiro quando fechássemos a praça ao trânsito, e o contrário aconteceu. A renda do varejo duplicou em três anos, a frequência triplicou, e os pedestres, quando podem circular em paz, acabam gastando mais ali", explica.

"O espaço para carros e pedestres estava distribuído de forma desigual, havia 70 pedestres para cada dez carros."

Depois dessa experiência, ela acabou fechando pistas ao lado da Madison Avenue e da Herald Square e transformando parte da Broadway em um semicalçadão. Mais de 50 pracinhas como essa foram criadas em quatro anos.

"Tudo foi feito de forma simples, com mesas e cadeiras baratas. Se desse certo, faríamos algo de longo prazo, com design melhor", conta, dizendo que as obras definitivas para a nova Times Square começam no final do ano, com projeto dos arquitetos do escritório norueguês Snohetta.

Os críticos da secretária, entretanto, a acusam de impor esses "testes" como algo permanente. "Mudar um banco de praça na cidade pode levar anos de burocracia. Por isso, fazemos algo mais simples, de forma direta, para medir o resultado", rebate.

Janette também recebeu saraivadas pela pressa com que implantou as ciclovias (em cinco anos, ela fez 450 km; São Paulo tem 55 km de ciclovias e 67 km de ciclofaixas, que funcionam aos domingos).

A secretária já foi processada por moradores do bairro Prospect Park, no Brooklyn, que se opunham à ideia (eles perderam a ação).

O tabloide "New York Post" fez piada com o seu cargo e a chamou de "secretária das bicicletas". Mesmo gente da prefeitura já criticou a extensão das ciclovias.

O secretário de Segurança, Ray Kelly, disse que nem sempre concorda com ela e que "a criação das ciclovias aumentou a responsabilidade dos policiais em tempos de mão de obra escassa".

Ela defende a cria: "As ciclovias reduziram em 40% o número de acidentes com ciclistas na cidade. Quando o ciclista precisa se aventurar no meio dos carros, sem proteção, ele é muito vulnerável, como acontece com os pedestres".
 


Olugbenro Ogunsemore
 




Janette Sadik-Khan, a poderosa secretária de Transportes de Nova York, na Times Square
 

Outra obsessão da secretária é aumentar a velocidade dos ônibus. "Eles precisam ser competitivos com o carro e o metrô."

Janette fez um estudo que listou 400 variáveis que interferem na velocidade dos veículos, da cobrança da passagem à maneira como a cidade poda suas árvores, asfalta as ruas ou bloqueia os maiores cruzamentos. "Vamos resolver um por um", promete.

"Trabalho para Bloomberg, que é movido a números. Preciso ter todos os dados na ponta da língua", brinca, e dá uma risada alta. Fica evidente que adora o que faz.

Não para de receber pedidos de missões de prefeitos e governos, de Istambul ao México e outras grandes cidades americanas, que querem conhecer suas soluções mais de perto.

Circulando agitada pelo escritório, enquanto mostra gráficos e maquetes do que está por vir em Nova York, ela conta que o programa de compartilhamento de bicicletas (que já existe em São Paulo e no Rio), inspirado nos sucessos de Paris e Barcelona, só começará em março.

"Estamos chegando tarde, mas será um dos melhores do mundo, com 420 postos e 10 mil bicicletas", promete.

SÃO PAULO

Mas ainda há lombadas no trabalho da secretária. Apesar da queda de 75% nas mortes em acidentes de trânsito entre 2007 e 2011, um estudo preliminar da prefeitura diz que as mortes voltaram a subir entre julho de 2011 e junho de 2012.

Segundo esse estudo, o número de mortes anuais no trânsito de Nova York está em 291 (na cidade de São Paulo, são cerca de 1.200).

Mais da metade dessas mortes foi causada por motoristas alcoolizados e desrespeito ao sinal vermelho.

Ela diz que já identificou 25 cruzamentos onde a população de terceira idade se concentra.

Quer que o semáforo seja um pouco mais lento nesses lugares, para permitir que os mais velhos atravessem com segurança.

E vai começar uma nova campanha educativa para os nova-iorquinos, que insistem em atravessar a rua enquanto mandam mensagens de texto pelo celular.

"Todo nova-iorquino se acha um engenheiro de tráfego, cheio de soluções, mas estão muito desatentos na hora de atravessar", reclama.

Janette, que mora com o marido e o filho adolescente no Village e pedala para ir ao trabalho todos os dias, já esteve várias vezes no Brasil, onde sua cunhada morou alguns anos, em Salvador. "Adoro Trancoso, Paraty, Rio, Bahia, São Paulo, a música brasileira, a cultura, as pessoas."

Pergunto se o trânsito de São Paulo tem jeito. "Claro. O solo paulistano é mais propício que o de Nova York para o metrô, e transporte de massa é a solução", diz. "Vocês têm uma cultura vibrante, mas precisam aprender a valorizar o espaço público e o pedestre", alerta.

"Hoje em dia, empresas e talentos podem escolher onde se instalam, a tecnologia facilitou a mobilidade. Quem tiver uma cidade interessante, onde se possa caminhar, conhecer gente, sem ficar preso no trânsito, vai sair na frente na atração de investimentos."

Ela compara com sua cidade: "Em Nova York, só um terço das pessoas vai de carro para o trabalho. E esse número não pode crescer".
 
http://www1.folha.uol.com.br/serafina/1189421-nova-york-virou-paraiso-dos-ciclistas-gracas-a-uma-mulher.shtml
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