quarta-feira, 23 de abril de 2014

Tamo aí na relatividade


Há 50 anos atrás, dia 1° de abril...

Há 50 anos atrás, dia 1° de abril, conhecido tmb como Dia da Mentira ou dos Tolos, ironicamente o Brasil sofreu um golpe civil-militar-empresarial com grande participação americana, onde os tolos conservadores baseados na mentira implantaram medo e tomaram poder. Apoiada pela mídia, a fim de que as reformas de base, as quais até hoje, necessitamos não fossem feitas, a ditadura atrasou 21 anos do país, além de prender, torturar e matar várias e várias pessoas.#memória#justiça#verdade

sábado, 19 de abril de 2014

Músicas de Páscoa com senso de justiça

Assim como costumo pensar no Natal a partir de algumas músicas, nesta Páscoa pensei em músicas que me ligassem ao sentido dessa festa. E foi justamente a partir de algumas músicas do B Negão e do Black Alien, que pensarei nessa Páscoa que traz consigo mesma a justiça e a novidade de vida do Deus que ressucita e recicla a mente, pois que o sentido de conversão está na mudança de paradigma e de pensamento que leva a nova forma de viver.

Segue estas pedras:

B Negão - nova Visão


Black Alien - Na segunda vinda



Jorge

Noé em tempos de justiceiros e UPPs.

De um lado temos a pacificação governamental militar midiática empresarial das favelas cariocas. De outro temos no inconsciente coletivo declarações de jornalistas e de pessoas comuns justificando agressões individuais e coletivas ocorridas junto a pessoas a margem da sociedade e da lei e bandidos. Esse período que estamos vivendo me faz pensar no senso de justiça, especialmente em como a Bíblia trata o tema de maneira desde o início em Gênesis. Noé, por exemplo, foi chamado de pregoeiro (pregador) da justiça. Em Noé temos um homem justo que optava por ir na contramão do senso comum em meio a um mundo violento, de olho por olho, dente por dente, cabeça por cabeça, roubo por roubo. Um homem com sua família vivendo de maneira paltada na justiça do bem comum num mundo sem justiça, onde o que se chamava de justiça era atos feitos com base no interesse próprio, no senso privado. Um mundo doente porque quando o homem violenta outro até a terra sofre e é degradada, pois ela passa a ser instrumento de disputas e perde sua função social surgindo assim a monocultura, o latifúndio, a especulação imobiliária, e todo esse sistema que degrada o ambiente e por consequência degrada o homem e se perpetua, até que o próprio sistema entre em crise, se retroalimente da crise. O ciclo de injustiça e opressão, nascem a partir da opressão e são mantidos pela opressão. A sociedade está cheia de traumas psicológicos, morais e políticos não resolvidos ao mesmo tempo em que busca apenas seus próprios interesses, sonhos de consumo, um conceito de bem estar adulterado onde ser cidadão de bem é seguir as regras de uma paz civil mascarada e reclamar, mas aceitar
a democracia representativa de um governo iníquo sem lutar pelo interesse coletivo. O grande exemplo disso é justamente pacificar morros e favelas enquanto os justiceiros pegam no asfalto os "resíduos" da "pacificação". Somado a isso há espetacularização da mídia que cria medo no inconsciente de uma classe média. Nesse cenário os partidos se infiltram nas manifestações populares e seus líderes se escondem atrás de gente que vai na frente. O cenário futuro também não é animador, pois a próxima eleição para governador do estado está cheio de candidatos que não são bons. Pra piorar a estatística diz que o possível eleito será um antigo governante que dominou o estado com sua família há alguns anos atrás. Mais uma volta no ciclo. Pensar em Noé é pensar numa esperança além do que se vê. É ser íntegro e lutar. Continuar a viver sem negociar ideais, e sobretudo caminhar segundo os valores que estabelecem justiça através do amor. Como o apóstolo Paulo vem a dizer: "...e passo a ensinar caminho sobremodo excelente" (...).(I Coríntios).

Jorge Tonnera Jr

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Páscoa contra o consumismo em tempos de opressão e falsa pacificação de um estado de direito e de bem estar.

O que tornaria a Páscoa relevante nos nossos dias? Ao que convencionou-se segundo o espírito do nosso tempo ser uma festa, um feriado onde se doa e compra-se (e muito) chocolates, onde os ovos ocupam destaque e possuem valor econômico muito superior ao de um bem alimentar básico.
Não, eu não sou contra o comer ovo de páscoa nem vou dizer para ninguém não comprar. Há um certo sentido que é interessante. Talvez mais que o Natal essa comemoração está destituída do espírito que a originou desde os tempos dos antigos hebreus, enquanto festa dos oprimidos libertos, até a atualização dela pelos cristãos primitivos iniciada por Jesus Cristo, enquanto celebração dos oprimidos libertos para não oprimir. O tempo em que estamos inseridos a torna não somente importante como necessária., pois vivemos um tempo em que se mata e se justifica. Onde o oprimido se torna opressor.
O que seria viável, necessário e subversivo em torno da páscoa  a ponto de refazÊ-la comunitariamente?
Sim, pois a festa sempre foi coletiva e não simplesmente familiar núcleo casa. 
A páscoa se dá a partir da manifestação de deus. Um deus que vai até o excluído, o estrangeiro, o destituído, o perseguido. Esse era o perfil do povo hebreu vivendo no Egito. Esse deus se apresenta com o nome de "Eu Sou". Ele diz eu sou o que sou. O mundo egípcio da época em termos de cenário possuia conhecimento, terras estatais, cidades, prosperidade, rica cultura, gestão ambiental, economia e sobretudo gente, sendo algumas 
dessas não consideradas tão gente por serem temidas. Como forma de se precaver contra uma possibilidade de tomada, ou melhor, perda de poder político, o faraó que se considerava deus, em sua megalomaníaca forma de dominar criou um estatuto informal de controle dos hebreus. Cria uma política de segurança pública egípcia. Exterminava os jovens hebreus, controlava o acesso a comida, mas não tinham acesso a certas coisas, fazia ter alimento, mas trabalhavam para trabalhar.
Na época de Cristo, quando a páscoa foi atualizada, havia também uma política de segurança pública. Manifestações eram constantes e reprimidas. Havia uma turbulência social, um cenário de inquietude, onde se esperava um rei que rompesse com o império. No entanto, aquele povo que foi liberto há muitos anos atrás estava sendo oprimido ao mesmo tempo em que estava oprimindo os seus iguais. Classes dominavam poder e exerciam regras moralistas. Havia um clima de aparências. Eles eram escravos, mas não 
sabiam, assim Jesus se dirigiu a um determinado grupo de judeus. Escravos modernos diferente dos antigos pais hebreus, mas escravos do sistema e sobretudo escravos de si mesmos, a qual é a pior escravidão. Um ciclo de injustiças e ódio e pobreza. Palácios de nobres e casas pobres visíveis onde um olhava o outro, ao mesmo tempo em que havia pessoas invisíveis em centros. Contudo, ainda assim eles lembravam daquela antiga 
páscoa.
Jesus trazia consigo a justiça do Reino. Uma justiça que abria caminho a partir de João Batista retificando e aplanando ideias. Quem tem reparta, quem corrompe não corrompa e quem é corrompido deixe de receber por isso. Justiça essa que era trazida desde os tempos da origem do "começar o começo"(Leia-se Genesis). O mundo de Cristo era violento, excludente. A ideia atualizada por Cristo de Páscoa se dá como uma ressignificação em termos de reconciliação onde não haveria mais muralhas sociais e que por meio dessas relações sociais ressignificadas a vida poderia tomar novo rumo e vivenciada coletivamente, colaborativamente e solidariamente por meio do amor. Assim, trabalho, acesso a terra, direitos humanos, saúde, soberania alimentar, acesso a água e saneamento, habitação, uma nova formação da família, humanizar, redistribuir, compartilhar, uma economia não violenta, uma comunicação não violenta. Quando Cristo reparte o pão da ceia e passa o copo do vinho e diz que era seu corpo era ele distribuindo a riqueza. Era ele enquanto deus dando continuidade a vida, sustentabilidade, no sentido mais puro e simples, no qual cada um tem sua parte e responsabilidade, resposta a habilidade de viver, deveria sobrar para todas aquelas pessoas aquela quantidade de comida. Uma satisfação, onde aquele grupo se constituia em uma nova família por meio de um novo relacionamento, uma nova comunidade, na via da ternura, não no sentido pelego, mas num sentido de igualdade e justiça, o sentido de responsabilidade de amar. Essa resposta e habilidade de amar empodera a comunidade. Esse repartir tinha em si mesmo o "cuidar e cultivar" de Genesis, aquele mandamento de Deus ao homem do Jardim do Éden, pois que o pão e vinho (trigo e uva) vêm do acesso a terra, e sendo assim a proteção a terra é condição de vida justa e condição para compartilhar o pão e o vinho. Em um único gesto tantos sentidos. Isso responde a nossa pergunta inicial do texto: O que tornaria a Páscoa relevante nos nossos dias?
Essa páscoa seria revolução a medida que adentrava na mente de cada um. A comunidade seria empoderada no amor e distribuiria amor. Em tudo a paz... mas a paz que Cristo pregou e que verdadeiramente liberta é diferente da paz que as pessoas buscam a partir dos sistemas filosóficos, econômicos e políticos. Uma paz interior que aprisiona a partir do meio é falsa. Uma paz que se exclui seja por meio de grades fisicas de um condominio, grades geográficas de um espaço natural como um monastério ou uma ecovila que se 
isola do mundo também não é uma paz perfeita, ou ainda grades sensoriais onde as pessoas se desistressam, se interiorizam, meditam, mas buscam a paz delas e não a paz de todos, não é paz é alienação. Uma paz civil, socialzinha é diferente da paz da justiça de deus. 
Uma paz consumista é o que se prega por meio da busca da paz interior. Da mesma forma a ampliação do poder de compra da população pelo governo não garante paz. Todas essas pazes são diferentes da paz santa, a paz que sagra as relações Deus com o homem, homem consigo mesmo, homem com os outros seus, homem com seu meio ambiente e com esse ser ecossistemico. O conto da serpente é a própria paz travestida de se sentir bem apenas. A paz não é se sentir confortável. Não é se sentir bem simplesmente, nem 
sermos meros "cidadãos de bem". A pacificação de Cristo é uma paz que causa desconforto. Nos joga pra fora, porque libertação é ser jogado pra fora e ir de encontro ao outro. É sair do eu e se ligar ao outro.
Em tempos de pacificação das favelas, locais que há anos sofrem e reciclam a opressão, nascem a partir da opressão e são mantidos pela opressão é preciso repensar o sentido de Páscoa. Um justo morreu para libertar muitos. Assim sendo é um compromisso de quem comemora Páscoa buscar justiça. A sociedade está cheia de traumas pscológicos, morais e políticos que não podem ser acabados com uma paz moralista nem egoísta. 
Compartilhemos o que temos de melhor: o amor. Que possamos dar o nosso melhor, o amor, o qual não é genuínamente nosso, mas foi distribuido e compartilhado e assim herdado de Jesus Cristo para libertar muitos também. 

Paz do Cristo
Na contenção, no amor, na justiça, por transformação.

JORGE TONNERA JR.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Podcast "Sustentabilidade" no Maná com Manteiga

Compartilhando um podcast que participei sobre o tema "Sustentabilidade", a convite do Maná com Manteiga. Ficou muito legal com o bom toque de humor do pessoal do programa, e com direito às risadas de Savana Fontes.rs. Obrigado por ter me acompanhado no dia, Savana. 


http://www.manacommanteiga.com.br/igrejas-ecocidadas/

MCM13

domingo, 24 de novembro de 2013

traillers de Noé (Noah).

Cara, eu não canso de assistir aos trailers deste filme novo chamado "Noé" (Noah). Ao que parece será uma épico muito bom dos tempos modernos, com uma narrativa mais atual em termos de perspectiva e fatos. Além disso, o elenco conta com o "gladiador" Russel Crowe, o que por si só já me deixou curioso e instigado para ver logo o filme. Vale também comentar que a atriz que interpreta a esposa de Noé também me encanta. Ah, e tem a Hermione, quero dizer, Emma Watson (que me deixa curioso em termos de atuação para seu papel como esposa de um dos filhos de Noé). rsrsr. Ah! Caramba, quase esquece de falar de uma das figuras mais interessantes e que foi uma ótima e coerente sacada para o roteiro. Matusalém, interpretado por Anthony Hopkins. Mal vi e já estou pensando no blue-ray. kkkkkk



Veja mais em http://omelete.uol.com.br/noah-arca-de-noe/cinema/noe-assista-ao-trailer-do-filme-de-darren-aronofsky/#.UpKYLsTryIg


sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Como é ser uma abelha?

Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/artigos/como_e_ser_uma_abelha_.html

Como é ser uma abelha?

Por muito tempo imaginou-se que os animais, e em particular os insetos, fossem criaturas simples, reflexas, com comportamentos instintivos fisicamente determinados; atualmente essa idéia está sendo revista: hoje se sabe que eles podem até fazer escolhas

junho de 2009
Christof Koch
© ISTVAN FERGE/SHUTTERSTOCK
Quer você esteja sobre uma moto avançando sinuosamente pelo tráfego, correndo pelas montanhas, dançando um rápido rock`n`roll, lendo um livro cativante, fazendo amor ou discutindo com um amigo, os olhos, ouvidos, sensores de pele e dos órgãos pintam a cada momento, na tela da mente, um quadro absorvente do exterior – inclusive de seu próprio corpo. Desconfio que essa sensação não seja diferente do modo como os animais vivenciam conscientemente o mundo. Exceto, talvez, pelos grandes primatas antropomorfos e alguns outros animais privilegiados com grande cérebro, a maioria das espécies não possui o senso altamente desenvolvido do eu, a capacidade de refletir sobre si mesmo, que os seres humanos têm. A maioria dos biólogos e donos de bichos de estimação está disposta a conceder consciência a gatos, cães e outros mamíferos. Contudo, nossas intuições nos decepcionam inteiramente quando consideramos peixes e pássaros, para não falar de invertebrados como lulas, moscas ou vermes. Será que eles vivenciam as visões e sons, as dores e os prazeres da vida? É claro que eles não podem ser conscientes – parecem muito diferentes de nós, estranhos demais.

Imaginava-se há muito tempo que os insetos, em particular, fossem criaturas simples, reflexas, com comportamentos instintivos fisicamente determinados. Não mais. Consideremos as assombrosas capacidades das abelhas melíferas, Apis mellifera. Os pesquisadores Martin Giurfa, Mandyam Srinivasan e Shaowu Zhang, o primeiro da Universidade de Toulouse, na França, e os dois últimos da Universidade Nacional Australiana de Canberra, treinaram abelhas soltas, utilizando água açucarada como recompensa, em uma variedade de complexas tarefas de aprendizado. Os neuroetologistas ensinaram as abelhas a voar para dentro e para fora de altos cilindros com uma única via de entrada e dois orifícios de saída. Cada inseto precisava escolher uma das duas saídas do cilindro e continuar o vôo. Esses cilindros foram dispostos em ângulos para formar labirintos com vários níveis de pontos de ramificação em "Y" que as abelhas encontravam antes de chegar à estação de alimentação desejada. Em um conjunto de experimentos, os cientistas treinaram as abelhas uma trilha de marcas coloridas, como em uma gincana. Elas poderiam então usar – mais ou menos – a mesma estratégia em um labirinto inteiramente desconhecido. Surpreendentemente, conseguiram usar a cor de maneira abstrata, virando para a direita, por exemplo, quando o ponto de ramificação era azul, e para a esquerda quando era verde. Individualmente, animais desenvolveram estratégias bem sofisticadas, como a regra de “virar à direita”, que sempre levava à meta, embora não necessariamente pela rota mais curta.
Nos seres humanos, o armazenamento de curto prazo de informações simbólicas – como quando colocamos o número de telefone de um conhecido na memória do celular – está associado a um processamento consciente. Seriam as abelhas capazes de lembrar de informações relevantes à tarefa? Um teste costuma ser utilizado para avaliar a existência de retardo: o indivíduo olha para um quadro por alguns segundos. A imagem-teste então desaparece por 5 ou 10 segundos. Subsequentemente são mostrados dois quadros um ao lado do outro e o animal precisa optar, apertando uma alavanca ou movendo os olhos, para indicar qual das duas imagens era a imagem-teste. Isso poderá ser corretamente realizado se ele se lembrar da figura. Numa versão mais complexa, a tarefa de escolha diferente do modelo para retardo (EDM-R), exige uma etapa adicional de processamento: a opção pela imagem oposta àquela anteriormente mostrada.

Embora não possamos esperar que abelhas apertem alavancas, elas podem ser treinadas para pegar a saída da esquerda ou da direita dentro de um cilindro modificado para o teste. Um disco colorido serve como um sinal na entrada do labirinto, de forma que a abelha o veja antes de começar o percurso. Uma vez lá dentro, ela precisa escolher o ramo que exibe a cor que corresponde (ECM-R) ou não corresponde (EDM-R) à cor da entrada. As abelhas realizam bem as duas tarefas. E até generalizam para uma situação que nunca encontraram antes. Isto é, uma vez treinadas com cores, elas "entendem" e podem seguir uma trilha de listras verticais, se um disco com grades verticais estiver à esquerda da entrada do labirinto. Esses experimentos demonstram que as abelhas aprenderam uma relação abstrata independentemente da natureza física dos estímulos.

Esses estudos não provam que as abelhas são conscientes, mas indicam que até este momento não temos motivo para duvidar disso. Abelhas são criaturas altamente adaptativas e sofisticadas, com pouco menos de 1milhão de neurônios comprimidos em menos de 1 milímetro cúbico de tecido cerebral e interconectados (de maneiras que estão além do nosso atual conhecimento). A densidade neural do cérebro desses insetos é cerca de dez vezes maior que a de um mamífero, que a maioria de nós considera o ponto mais elevado da evolução deste planeta. Nos seres humanos, a perda generalizada de córtex cerebral, como no caso da paciente em estado vegetativo Terri Schiavo, leva a uma perda irreversível da consciência. Isso não quer dizer que um córtex cerebral seja necessário para consciência em criaturas com uma herança evolutiva diferente.
Abelhas vivem em organizações sociais altamente estratificadas, embora flexíveis, com aptidões como tomada de decisão em grupo que rivalizam, em eficiência, com os comitês acadêmicos, corporativos ou governamentais. Na primavera, quando formam enxames, as abelhas escolhem uma nova colmeia, que precisa satisfazer muitas demandas em dois dias (pense nisso na próxima vez em que sair em busca de um lugar para morar...). Elas transmitem informações sobre o local e a qualidade de fontes alimentares utilizando a dança. Podem voar vários quilômetros e voltar à colméia, numa notável façanha de navegação. Seu cérebro parece ter incorporado um mapa do ambiente. E um aroma levado pelo vento até a colmeia costuma desencadear um retorno ao local onde encontraram anteriormente esse odor. Esse tipo de memória associativa foi divinamente descrito pelo romancista francês Marcel Proust (1871-1922) na obra Em busca do tempo perdido.

Dada toda essa habilidade, por que quase todo mundo rejeita instintivamente a ideia de que abelhas ou outros insetos poderiam ser conscientes? O problema é que elas são diferentes demais de nós, humanos. Mas o simples fato de serem pequenas e viverem em colônias não quer dizer que não possam ter estados subjetivos, que não sintam a fragrância do néctar dourado ou calor dos raios solares ou, talvez, até possuiam um senso bastante rudimentar e primitivo do eu. Não estou argumentando a favor do pan psiquismo, da noção de que qualquer coisa seja consciente. Nem afirmo que abelhas possam raciocinar ou refletir sobre seu destino como os insetos dos desenhos animados.

O que esse dilema destaca é que não existe uma teoria aceita da consciência, nenhuma hipótese por princípios que nos informe quais sistemas, orgânicos ou artificiais, são conscientes e por quê. Na ausência dessa resposta, devemos, no mínimo, permanecer agnósticos sobre a consciência nessas criaturas. Portanto, na próxima vez em que uma abelha pairar sobre seu suco, afugente-a delicadamente, pois ela poderá ser um ser consciente como você, vivenciando o breve interlúdio na luz, espremido entre esse momento e a eternidade. (– Tradução Vera de Paula Assis)

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Alunos em escola com cardápio vegetariano tiveram aumento de rendimento.

Recentemente uma notícia foi veiculada e me lembrou muito uma parte de uma narrativa do livro do profeta Daniel.

Texto Base: Daniel 1
v. 5 - O rei designou-lhes uma porção diária de comida e de vinho da própria mesa do rei. Eles receberiam um treinamento durante três anos, e depois disso passariam a servir o rei.
v. 8 - Daniel, contudo, decidiu não se tornar impuro com a comida e com o vinho do rei, e pediu ao chefe dos oficiais permissão para se abster deles.
v.11 - Daniel disse então ao homem que o chefe dos oficiais tinha encarregado de cuidar de Daniel, Hananias, Misael e Azarias:
v.12 - Peço-lhe que faça uma experiência com os seus servos durante dez dias: Não nos dê nada além de vegetais para comer e água para beber.
v.13 - Depois compare a nossa aparência com a dos jovens que comem a comida do rei, e trate os seus servos de acordo com o que você concluir.
v.14 - Ele concordou e fez a experiência com eles durante dez dias.
v. 15 - Passados os dez dias eles pareciam mais saudáveis e mais fortes do que todos os jovens que comiam a comida da mesa do rei.
v. 16 - Assim o encarregado tirou a comida especial e o vinho que haviam sido designados e em lugar disso lhes dava vegetais.
v. 17 - A esses quatro jovens Deus deu sabedoria e inteligência para conhecerem todos os aspectos da cultura e da ciência. E Daniel, além disso, sabia interpretar todo tipo de visões e sonhos.
v. 18 - Ao final do tempo estabelecido pelo rei para que os jovens fossem trazidos à sua presença, o chefe dos oficiais os apresentou a Nabucodonosor.
v. 20 - O rei lhes fez perguntas sobre todos os assuntos nos quais se exigia sabedoria e conhecimento, e descobriu que eram dez vezes mais sábios do que todos os magos e encantadores de todo o seu reino.

Segue a notícia

Fonte: http://www.ecodesenvolvimento.org/posts/2013/outubro/primeira-escola-a-adotar-cardapio-100-vegetariano?utm_source=dlvr.it&utm_medium=facebook#ixzz2iPicOKuI 

Primeira escola a adotar cardápio 100% vegetariano comemora rendimento dos alunos

Crianças apresentaram melhor desempenho depois que a escola passou a oferecer refeições mais saudáveis

Enquanto o Congresso Nacional está para aprovar no Brasil um projeto de lei que proíbe as cantinas das escolas de vender bebidas com baixo teor nutricional ou alimentos com quantidades elevadas de açúcar, de gordura saturada, de gordura trans ou sódio, uma escola pública de Queens, nos Estados Unidos, já colhe os frutos por ter sido a primeira do país a adotar um cardápio 100% vegetariano.

A medida implantada no início de 2013 faz com que as cantinas e o refeitório ofereçam hambúrgeres e cachorros-quentes de tofu, saladas e outros pratos saudáveis para as crianças. O Comitê de Médicos para uma Medicina Responsável reconheceu a escola por seus esforços em prol de um alimentação saudável para os estudantes.

Só para se ter ideia, quase um terço das crianças nos Estados Unidos encontra-se em risco de desenvolver doenças que poderiam ser evitadas, como diabetes e problemas cardíacos, devido ao excesso de peso ou mesmo já por conta da obesidade.

Mudanças positivas

"Houve muitas mudanças positivas na escola: os alunos mostram mais atenção, energia e um melhor desempenho acadêmico", destacou o diretor do colégio, Bob Groff, ao jornal Daily News. "Acreditamos que os alunos melhoram seus desempenhos quando contam com escolhas alimentares mais saudáveis e são informados sobre elas", acrescentou.

Refeitório da escola capricha nas refeições saudáveis

Para o diretor da escola, o mais impressionante é que, embora os alunos estejam autorizados a trazer de casa refeições embaladas que contenham carne, um total de 90% escolhe os vegetais ricos em proteínas que integram as refeições do refeitório. "Isso é incrível. Tanto as crianças como os pais merecem grandes elogios, pois muitas escolas desistem das dietas saudáveis quando os jovens fazem queixas", argumentou Groff.

Mas a transformação não ocorreu da noite para o dia. Os funcionários da escola trabalham duro para garantir que as crianças entendam melhor essas escolhas, ou seja, há todo um trabalho de educação. Todos os alunos frequentam aulas de nutrição semanais que têm a saúde como foco. 

O EcoD noticiou em julho que os Estados Unidos proibiram os alimentos gordurosos nas máquinas de venda automática das escolas. A ideia partiu do Departamento de Agricultura e as instituições têm até junho de 2014 para se enquadrar as regras estabelecidas. No lugar de chocolates, salgadinhos e doces, todas as máquinas deverão disponibilizar cereais integrais, alimentos que contenham frutas, verduras, laticínios ou proteínas (carne, feijão, frutos do mar, ovos ou nozes) como ingredientes principais.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

ALGO MAIS

Ótimo vídeo. Emocionante...

http://vimeo.com/movingworks/something-more-portuguese


domingo, 8 de setembro de 2013

Marco Polo e As Cidades e os resíduos II - As cidades invisíveis de Ítalo Calvino

Cidades Invisíveis é um livro que eu já mencionei aqui neste blog. Ele que relata de maneira fictícia descrições de cidades por Marco Polo, onde o autor Ítalo Calvino oferece através do imaginar captar a essência das cidades por meio dos seus relacionamentos. Em dado momento Pólo chega a Leônia, cidade onde as relações de consumo geram uma cidade concêntrica, em que os restos começam a espremer a cidade geradora. Leônia se enquadra nas classificações do livro como Cidade contínua, e podemos classificá-la como cidade desperdiçada. É uma parábola ou metáfora bem atual e interessante para o nosso viver. Nós lixeiros da sociedade de consumo vivendo virtualmente num mundo em que esvaziamos os sentidos e degradamos o meio ambiente por meio de necessidades aceleradas e fantasias.

Segue abaixo o texto no livro que relata a Cidade Leônia.

“A cidade de Leônia refaz a si própria todos os dias: a população acorda todas as manhãs em lençóis frescos, lava-se com sabonetes recém-tirados da embalagem, veste roupões novíssimos, extrai das mais avançadas geladeiras latas ainda intatas, escutando as últimas lengalengas do último modelo de rádio.
Nas calçadas, envoltos em límpidos sacos plásticos, os restos da Leônia de ontem aguardam a carroça do lixeiro. Não só tubos retorcidos de pasta de dente, lâmpadas queimadas, jornais, recipientes, materiais de embalagem, mas também aquecedores, enciclopédias, pianos, aparelhos de jantar de porcelana: mais do que pelas coisas que todos os dias são fabricadas vendidas compradas, a opulência de Leônia se mede pelas coisas que todos os dias são jogadas fora para dar lugar às novas. Tanto que se pergunta se a verdadeira paixão de Leônia é de fato, como dizem, o prazer das coisas novas e diferentes, e não o ato de expelir, de afastar de si, expurgar uma impureza recorrente. O certo é que os lixeiros são acolhidos como anjos e a sua tarefa de remover os restos da existência do dia anterior é circundada de um respeito silencioso, como um rito que inspira a devoção, ou talvez apenas porque, uma vez que as coisas são jogadas fora, ninguém mais quer pensar nelas.
Ninguém se pergunta para onde os lixeiros levam os seus carregamentos: para fora da cidade, sem dúvida; mas todos os anos a cidade se expande e os depósitos de lixo devem recuar para mais longe; a imponência dos tributos aumenta e os impostos elevam-se, estratificam-se, estendem-se por um perímetro mais amplo. Acrescente-se que, quanto mais Leônia se supera na arte de fabricar novos materiais, mais substancioso torna-se o lixo, resistindo ao tempo, às intempéries, à fermentação e à combustão. E uma fortaleza de rebotalhos indestrutíveis que circunda Leônia, domina-a de todos os lados como uma cadeia de montanhas.
O resultado é o seguinte: quanto mais Leônia expele, mais coisas acumula; as escamas do seu passado se solidificam numa couraça impossível de se tirar; renovando-se todos os dias, a cidade conserva-se integralmente em sua única forma definitiva: a do lixo de ontem que se junta ao lixo de anteontem e de todos os dias e anos e lustros.
A imundície de Leônia pouco a pouco invadiria o mundo se o imenso depósito de lixo não fosse comprimido, do lado de lá de sua cumeeira, por depósitos de lixo de outras cidades que também repelem para longe montanhas de detritos. Talvez o mundo inteiro, além dos confins de Leônia, seja recoberto por crateras de imundície, cada uma com uma metrópole no centro em ininterrupta erupção...”

A seca, a desertificação e as palavras do papa

A seca, a desertificação e as palavras do papa
por Washington Novaes*


Parece surreal. No dia 27 último, a seção de Esportes deste jornal informava que a nadadora brasileira Poliana Okimoto – que ganhara no Mundial de Barcelona medalha de ouro na maratona aquática de dez quilômetros, além de medalha de prata nos cinco quilômetros e de bronze por equipes – substituiu em sua dieta vários alimentos (glúten, açúcar, feijão, abacate, fermento e chocolate) por tapioca, que lhe dá “energia redobrada”. Dois dias antes o IBGE informara que a produção brasileira de mandioca (de onde vem a tapioca) este ano, 21,4 milhões de toneladas, está 8,4% menor que a do ano passado, quando já havia sido 24,5% menor que a de 2011. Nas lonjuras, o falecido pesquisador Paulo de Tarso Alvim deve estar balançando a cabeça, ele que afirmava, ironicamente, que “se mandioca fosse norte-americana o mundo estaria comendo tapioca flakes e mandioca puffs”. Mas esse alimento, o mais adequado para solos brasileiros – não precisa de fertilizantes nem de agrotóxicos – vem perdendo progressivamente espaço para as culturas de grãos exportáveis, além de ter sido muito atingido no Nordeste por problemas climáticos.


E não é só na área da mandioca que estamos penando, no terreno dos alimentos, no Nordeste e fora dele. Estamos com a menor safra de feijão em mais de uma década; importamos (feijão!) mais de 3% do consumo interno; o consumo por pessoa baixou de 18,5 para 16 quilos anuais – e aí também pesam a substituição dos alimentos por culturas de exportação e a perda de espaços pela agricultura familiar, já que 10% das propriedades têm 85% do valor bruto da produção agrícola (Ipea, 7/6) e quase dez vezes mais participação que as pequenas nos R$ 122 bilhões do crédito, segundo os órgãos federais (23/7). Mas as pequenas é que respondem por 70% dos alimentos no consumo interno.

São muitas as aflições nessa área dos alimentos. O Ministério do Meio Ambiente (MMA), por exemplo, e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) estão concebendo (MMA, 26/7) um projeto-piloto de uso da terra no Semiárido, que em 2014 começará a ser executado em Sergipe, para ser replicado em outras áreas. O foco estará nos problemas de erosão e esgotamento de nutrientes no solo, que têm forte influência no avanço da desertificação e na produção de alimentos. Segundo o Instituto Nacional do Semiárido, do Ministério da Ciência e Tecnologia, só em 55,2 mil quilômetros quadrados problemáticos vivem 750 mil pessoas, apenas no Sertão do São Francisco (BA) e na região dos Cariris Velhos (PB). No Estado da Paraíba, nada menos de 54% do território sofre com o problema, agravado pela menor infiltração de água em solos compactados por métodos inadequados de cultivo.

Em Gilbués, no Piauí, outra área crítica, a desertificação é acentuada pela infiltração natural a grandes profundidades da água de chuva (pois ali chove 700 milímetros anuais, em média), favorecida pela estrutura geológica. O Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) trabalha em projetos nessa e em outras regiões. Além de Gilbués, mais três áreas são consideradas críticas: Irauçuba (CE), Seridó (RN e PB) e Cabrobó (PE). Ao todo, estão ali quase 400 mil pessoas. O Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites da Universidade Federal de Alagoas informa (O Globo, 9/7) que 230 mil quilômetros quadrados de terras foram atingidas “de forma grave” ou “muito grave”.

Mas continuamos aferrados a velhas e falsas tentativas de solução – como a transposição de águas do Rio São Francisco – para esse tipo de problema e o de seca, como a que aflige hoje o Nordeste. E que, dizem os meteorologistas, se pode estender até 2015. Segundo o Comitê da Bacia desse rio, “falta planejamento ao governo federal sobre a expansão desordenada da agricultura”.

O próprio secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, lembrou no Dia Mundial da Desertificação (Rádio ONU, 18/6) que “os custos políticos, sociais e econômicos dos problemas gerados pela seca são evidentes, do Usbequistão ao Brasil, da região do Sahel, na África, à Austrália (…). O mundo não pode deixar o futuro secar”. E enfatizou ainda que 14% da população global sofre, por essa causa, de insegurança alimentar. Mas não apenas nessas regiões. No ano passado os Estados Unidos tiveram a pior seca em 50 anos; o Chifre da África também, afetando 13 milhões de pessoas. E por aí se entra no terreno das mudanças climáticas, que aceleram a degradação de terras e a desertificação, assim como os conflitos pelo uso da água.

Por aqui continuamos a fazer de conta que o problema da seca, que atingiu mais de 1.400 municípios do Semiárido, está superado, quando ainda prospera em boa parte deles o negócio de vender água levada por caminhões em tonéis, a R$ 5 por 250 litros. Enquanto isso, sobe o orçamento do projeto de transposição do São Francisco, essa “obra absurda”, segundo João Suassuna, da Fundação Joaquim Nabuco; “um escândalo”, nas palavras do professor João Abner, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. O primeiro complementa dizendo que a obra “beneficia o grande capital rural e industrial”. O segundo acrescenta que “todas as grandes empreiteiras se beneficiam”.

E continua longe do ideal o projeto de instalação de cisternas de placa em comunidades isoladas, que tem como objetivo 1,3 milhão de poços. Há poucos dias a Petrobrás anunciou um programa para 20 mil, em 210 municípios. Com os recursos da transposição já poderia haver cisternas construídas em todos os lugares necessitados.

Questões como essa precisam sempre trazer à mente palavras recentes como as do papa Francisco: nada se deve sobrepor aos problemas sociais; a prioridade absoluta é deles. Inclusive no Brasil, onde, pelos critérios da ONU, ainda temos dezenas de milhões de pessoas (boa parte delas no Semiárido) vivendo com renda abaixo da “linha da pobreza”, cerca de R$ 100 mensais. Mesmo as que recebem Bolsa Família.

* Washington Novaes é jornalista.

** Publicado originalmente no site O Estado de S. Paulo.
http://envolverde.com.br/ambiente/a-seca-a-desertificacao-e-as-palavras-do-papa/

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

O Dia do Torturado

O Dia do Torturado



Publicado no JB Online 
Conversa Afiada




por Mauro Santayana


A celebração católica do Corpo de Cristo não faz lembrar apenas a Última Ceia e o rito de fé da Eucaristia. Recorda, à margem da liturgia, os açoites, o corpo agonizante de Cristo preso à cruz e os insultos dos soldados romanos, ao feri-lo com a lança, avinagrar os lábios sedentos e a disputar, nos dados, a túnica do morto. A prisão, o açoitamento, a coroação de espinhos, a escalada do Calvário, são atos continuados de tortura, infligida a um prisioneiro político do Império Romano e, além disso, acusado de heresia diante da religião vigente na Palestina. Não faria mal à Igreja se viesse a considerar esse dia de ofício religioso também como o Dia do Torturado.

Não é provável que ela vá tão longe, quando há, em sua História, atos semelhantes de ignomínia, na Inquisição Espanhola e nos tribunais do Vaticano, que condenaram, entre outros, o grande pensador Giordano Bruno à fogueira. Mas nada impede aos verdadeiros cristãos lembrar, na mesma data, os que foram assassinados, sob tortura, no mundo inteiro, por suas idéias e seus atos. Embora a mensagem cristã recomende o perdão, a condição humana recomenda a resistência política e o desprezo contra os torturadores.

Assumir o corpo de Cristo, no ato da Eucaristia, é assumi-Lo em sua grandeza maior, na escolha que Ele faz, de absorver, na carne e na alma, a Humanidade sofredora de seu tempo e, no mistério da Fé, a Humanidade de todos os séculos. É, na visão teológica, a contrapartida simbólica da entrega de Cristo ao martírio. Os que são torturados, humilhados e mortos nas masmorras, na defesa de seu verdadeiro evangelho, vivem, em sua agonia, a plena e absoluta Eucaristia.

O mundo de nosso tempo não é muito diferente daquele de que falam os evangelistas. Havia ali a presença de um império mundial, com seus interesses. Havia ali um governo títere, imposto pelos romanos, e delegados do dominador, como o representante do Consulado, com seu pró-cônsul, ou seja, um governador da potência colonizadora. Hoje, as coisas são um pouco diferentes. Como estamos vendo, na divulgação de documentos norte-americanos, em nosso tempo o pró-consulado é exercido pelos embaixadores, com a assessoria ativa de seus adidos militares.

Na cumplicidade com os interesses imperiais, há a permanente guerra interna dos poderosos contra os débeis. Nas delegacias policiais e presídios, longe de testemunhas, homens e mulheres continuam a ser torturados por agentes do Estado. Acusados de delitos comuns, não têm os que podem denunciar o seu sofrimento, nem lhes prestar a mínima solidariedade. Raramente os fatos chegam ao conhecimento do Ministério Público. E nem se fale das execuções sumárias, registradas oficialmente como legítimo exercício da força policial contra a resistência “armada” dos suspeitos.

O Dia do Torturado deve ser o da Memória, com a localização dos mortos e o sepultamento digno, sob a cruz e com as lágrimas dos enlutados – como foi o de Jesus, entregue aos seus familiares. A memória nos servirá para evitar a volta do carrossel diabólico e fortalecer a esperança de que não haja mais o sofrimento dos torturados. O seu martírio não pede vingança, mas a vigilância contra os golpistas de sempre e pela construção da paz. 


Leia Mais em: http://www.genizahvirtual.com/2013/08/o-dia-do-torturado.html#ixzz2ceyaFhCL
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sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Saneamento e Santidade: missão e eclesia

Muito se fala de santidade e santificação nos cultos das igrejas evangélicas. O apóstolo Paulo nos avisa que devemos desenvolver nossa salvação (Fp 3.12). Gostaria de propor uma reflexão em relação a santificação relacionada ao ambiente em que vivemos como forma de desenvolvimento da salvação. 

Usando o livro de Deuteronômio como referência bíblica, 
quando Deus orientou o povo no deserto, ensinou a ter um procedimento de cuidado em relação a diversas questões da vida cotidiana. Também a mesma lei de uma forma geral em seu conjunto de princípios, orientações e diretrizes, visava a construção de uma sociedade cuja vida fosse justa e o impacto disso gerasse um nível de relacionamento pacífico e alegre. Ora, uma das necessidades básicas para que uma sociedade se desenvolva é a manutenção da saúde. E um requisito para que haja promoção da saúde é o saneamento. 

Saneamento básico  inclui ações de abastecimento de água, esgotamento sanitário, melhorias sanitárias domiciliares, manejo de resíduos, prevenção a enchentes e desastres e epidemias, além de educação. 

Um dos preceitos que aparece interessantemente no Deuteronômio é o cuidado das fezes. Quando entendemos que o contexto retrata o povo vivendo aos milhares em acampamento, em proximidade de tendas, no deserto, compreendemos a relevância de imediato. 
Diz o texto:
"Também terás um lugar fora do arraial, para onde sairás. E entre as tuas armas terás uma pá; e será que, quando estiveres assentado, fora, então com ela cavarás e, virando-te, cobrirás o que defecaste. Porquanto o Senhor teu Deus anda no meio de teu arraial, para te livrar, e entregar a ti os teus inimigos; pelo que o teu arraial será santo, para que ele não veja coisa impura em ti, e se aparte de ti".
(Deuteronômio 23:12-14)

Apesar de geralmente entendermos essa relação direta entre demografia e saúde dentro dessa citação acima tal preceito nos chama atenção imediatamente por citar abertamente e oportunamente a expressão "santo", a qual vem de "santidade", junto a um preceito ambiental. Mas por que? O que tem a ver santidade com saneamento?

Uma leitura superficial nos leva a pensar que o Deus não andaria no meio do povo com fezes espalhadas em qualquer canto como se isso fosse um fator de rejeição a algo natural, rejeição a materialidade do ser humano, ao aspecto físico da vida e sua condição biológica. Temos que entender que o sentido de fezes como algo indesejável quem dá somos nós humanos. Um subproduto do próprio organismo criado por Deus como sendo nojento é uma visão nossa, não de Deus. Na realidade não se trata de vaidade divina como se essa "sujeira" fosse em si mesma prejudicar Deus como se Deus fosse afetado e prejudicado. Na realidade é o contrário. Deus entende que somos matéria e geramos resíduos naturais tal como qualquer organismo que ele criou. No entanto, Deus propõe ação de cuidado protetivo e preventivo em relação ao ser humano. Deus sabe que o ser humano enquanto ser ecológico em sua interatividade com o ambiente estará gradualmente perdendo condições de espaço de vida por conta de competição com outros organismos que se multiplicam em meio de decomposição e na proximidade com algo que pode contaminar o povo através de uma doença isso gera depreciação, dificuldades de lutar (daí a referência a palavra "inimigo" no texto), de se manter, prejuízos sociais e econômicos. Deus não quer pessoas excluídas, nem prejudicadas, por isso Deus detesta o descaso dos governos em relação ao saneamento, já que a ausência deste gera um ciclo vicioso de pobreza econômica, social e ambiental, deterioração da saúde, violência e morte. Assim sendo é injustiça e fora da sustentabilidade do Reino do céu. A “corporeidade” dos humanos é plenamente reconhecida por Deus e Ele faz o homem reconhecer a si próprio em sua "corporeidade", mas busca-se o modo mais sábio de conviver com ela e com o ambiente. É óbvio que as condições ensinadas no texto do Deuteronômio são temporais, ou seja, até então naquele contexto sociogeográfico. Tal prática evolui na proporção dos avanços tecnológicos sociais gerando o ideal em relação a interação com o ambiente. É também a devolução (o virar-se) da matéria da natureza adiquirida e transformada pelo ser humano e agora devolvida a natureza de forma a ser ainda aproveitada nos processos de reciclagem natural, ou seja, a conversão da matéria (de orgânico para inorgânico novamente). Hoje em dia existem tecnologias sociais como o Biodigestor, que pode gerar energia a partir de resíduos orgânicos.

De uma forma geral Santidade significa condição de vida que segue os princípios perfeitos do criador. Significa tornar durável: consagrar. Empregar, destinar, promover seu tempo. Tal termo pode ser atribuido a pessoas, objetos, tempos, ou lugares que tem caráter inviolável, respeitável, purificador. Já saneamento é sanear, ou significa tornar são, remediar, sanar, sendo assim, Santidade e Saneamento se perpassam.
Na realidade por ser santo Deus quer um povo sanado, são, saudável, porque Deus é bom.

Logo, também, é dever da igreja e dos cristãos assumir que nossa relação com o ambiente é um fator de santidade. Lutar por melhorias em seus bairros e comunidades, ensinando, praticando, propondo, mobilizando, protestando conforme cada caso. 

Somos povo herdeiro de um Deus que fez água sair da rocha, que abasteceu seu povo, que ensinou a cuidar das casas, a amar nossos pares por meio de atitudes intrínseca e extrínsecas de cuidado sob diversas formas de expressão e em todos os níveis e realidades de vida, individual, social, mental, econômico e ambiental, e que ao conjunto disso tudo podemos chamar de relações ecológicas ou mais propriamente sustentabilidade. Quando Jesus diz que veio dar vida em abundância se refere justamente a promoção de um ser pleno e integral. 
Somos herança de santidade, fomos sanados na cruz do cordeiro imaculado, nossas máculas foram perdoadas, de forma que não podemos nos permitir a iniquidade. Tal palavra ("iniquidade") aparece na Bíblia várias vezes e significa "injustiça". Falta de saneamento é injustiça. Não atoa a própria literatura médica e científica chama os problemas de saúde de iniquidades. Sim, falta de saneamento é pecado. Falta de água em boas condições, falta de esgoto com tratamento, falta de limpeza e de gerenciamento de lixo é  falta de cuidado, assim sendo é falta de amor. O reino de Deus vivo é justiça, paz e alegria plena que se expressa em todos os cantos e expressões do nosso ser, e gera e desenvolve tais sentidos na sociedade. Assim sendo devemos cuidar da nossa casa e do bairro em termos de limpeza enquanto indivíduos e enquanto coletividade, e enquanto governo. Lembrando particularmente que nós cristãos nos atribuimos uns aos outros como Corpo. A responsabilidade pela saúde desse corpo é de todos, tendo Cristo como cabeça, como Mestre da boa e agradável relação (vontade). Somos um povo comunitário porque igreja é comunidade, por isso o bem de um deve ser para todos, e a ausência de algo necessário para um deve ser suprida por todos. Se a rua ou o bairro estão sujos proponha um mutirão em sua igreja e saiam na rua para limpar. Expresse a glória de Deus. Não importa a hora (mesmo que seja na hora do culto litúrgico, pois o culto a Deus se faz em qualquer lugar e em qualquer hora. Nossa maneira de viver é um culto a Deus e nós somos expressão desse culto. Como disse Jesus àquela mulher samaritana que estava se abastecendo de água do poço e necessitava de água viva, que no significado da bíblia era aquela água boa, e Jesus a explica e diz ser ele a água potável (viva) e bem tratada e clareia dizendo que "Vem a hora e esta é a hora em que os verdadeiros adoradores adorarão a Deus em espírito e em verdade", (independente do tempo e do espaço, independente de templo, de igreja, e do que fazer)... Jo 4.23
Amém!

Paz de Cristo,

Jorge Tonnera Jr
Coletivo Igrejas Ecocidadãs RJ
Biólogo, especialista em gestão ambiental e trabalha como educador ambiental na Companhia de Limpeza Urbana do Rio de JAneiro-COMLURB

domingo, 4 de agosto de 2013

Evangelho das Vadias: Cadê o Amarildo? - Nancy Cardoso Pereira

Evangelho das Vadias: Cadê o Amarildo? - Nancy Cardoso Pereira
Quarta-feira, 31 de julho de 2013 - 17h02min


Eu sou daquela religião que espera pelo corpo com o corpo: ressuscitado! A espera se move pela paixão por tudo que é humano... tanta e toda capaz de enfrentar a morte: a cruz.

Aborreço os senhores - horrorizai-vos - que querem travestir a fé de Jesus numa expressão obediente de louvores estéreis: não louvo pra que a "som livre" toque - deslouvado seja! Nem me deixo convencer pelo balbucio do senso comum da bondade: eu quero mais! Bem aventuradas as desobedientes porque elas quebram os espelhos de quem manipula deuses, ofertas & santidade.

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Minha religião é aquela entre outras de Jesus que goza com o corpo vivo, morre com o corpo solidário de paixão e ressuscita na espera ativa das mulheres que não admitem que a morte diga a última palavra: nem não!

Não esperamos que nos deixem subir no altar, galgar posições e traficar influência como padres, pastores, profetas, ministros, bispos, arcebispos, cardeais, vigários & teólogos a granel. Esperamos a ressurreição do corpo com a menina dos olhos ardidas de desejo, gás de pimenta e sono.

Nossa tradição religiosa vem das mulheres que ressuscitaram Jesus com sua espera audaciosa e persistente: "onde colocaram o corpo de quem eu amo?" - elas perguntavam com o zelo de quem cultiva um orgasmo, arrisca um jardim, desenha um doce, faz o salário chegar no fim do mês, apoia a amiga que vai abortar, organiza uma greve, alimenta a fome com a vontade de comer e lava as roupas ciente de que o que suja o mundo é o medo, a desigualdade e a opressão.

Onde colocaram o corpo de quem eu amo? - diz Madalena.

                   "Porque levaram embora o corpo do meu Senhor, 

                   e não sei onde O colocaram." (Evangelho de João 20,13)

Repetiam o gesto antigo de amante e mãe, companheira e irmã que insiste em saber:

               " me digam onde colocaram o corpo e eu cuidarei dele..."

               (Evangelho de João 20,15)

Reivindicam o corpo porque denunciam as muitas mortes e já não aceitam um deus que exige sacrifício, que justifica a injustiça ou atenua o desespero. Elas perguntam pelo corpo do homem morto e se atrevem com perfumes, os seios a mostra e panos, bandeiras e cartazes que desnudam toda pretensão das virtuosas.

Herdamos o gesto des-esperado de Rispa que teve dois filhos mortos pela disputa pelo poder nos tempos do rei Davi... que uma história assim não se esquece! Aquele-no-governo disputava o poder na ponta da espada, na lógica do medo e traição e entregou para mercenários os 2 filhos de Rispa e outros 5 filhos de outra mulher. Os sete enforcados em praça pública, expostos como ação de polícia pacificadora... mas ninguém se atrevia a baixar os corpos, a assumir a morte, a dizer o que aconteceu.

E a mulher antes de todas nós foi lá e fez:

           Então Rispa, filha de Aiá, tomou um pano de cilício, e estendeu-lho sobre uma

           penha, desde o princípio da sega até que a água do céu caiu sobre eles;

           e não deixou as aves do céu pousar sobre eles de dia, nem os animais

          do campo de noite. (2 Samuel 21,10)

E ela perguntava pelos corpos dos filhos, pelos filhos da outra: sem cansar, sem desistir: onde está o responsável? quem tinha o poder de deixar que tirassem a vida do corpo desses meninos: que assuma! Que venha a público! Que se assuma a responsabilidade! E assim ela fez dias e dias, semanas e meses... até que o grande poderoso, violento e dissimulado rei Davi assumisse o crime: não foi ele... mas foi a política dele! Criminoso!

              e depois disto deus fez paz com a terra... (2 Samuel 21,14)

Minha religião é essa, essa minha tradição, as apóstolas do direito, as herdeiras da coragem que move a esperança. Nós também queremos saber: Onde está o Amarildo da Rocinha? O que fizeram com ele? Quem fez? Quem vai assumir a responsabilidade? E nesse domingo e todos os outros necessários repetiremos o gesto amoroso de perguntar pelo corpo d@s filh@s do povo e todas as igrejas e comunidades que se comprometem com o evangelho de Jesus vão entoar o único cântico que deus acolhe:

               aonde está o teu irmão? aonde está tua irmã? (Gênesis 4)

http://www.cebi.org.br/noticia.php?secaoId=5&noticiaId=4189

"Quando o despertador toca levanta quem quer e tem juízo!"

Quem tem ouvidos ouça; quem lê entenda!!!





sábado, 20 de julho de 2013

Macy’s Day Parade

Eu acompanho sempre a trajetória e notícias da banda Green day  e um site bem interessante é o Green Day Eulogy, donde eu copiei este post. Vale a pena ler. É uma explicação sobre uma das músicas que eu pessoalmente mais gosto deles, que se chama "Macy's Day Parade". Interessante como ela é autoreflexiva, crítica e madura, sem ser clichê. Falar da vida de um ponto de vista como dessa música não é fácil, mas tão necessário quanto uma poesia.


At The Library: Macy’s Day Parade
A minha escolha para falar sobre Macy’s Day Parade foi por um motivo bem simples, pois ela não somente é uma das minhas músicas favoritas do Green Day, como resume – para mim – tudo o que o grupo representa: esperança.
Antes de começar a analisar a letra em si, porém, gostaria de explicar um pouco sobre o desfile oficial do Dia de Ação de Graças da loja Macy’s. Breve aula sobre os Estados Unidos aqui no Green Day Eulogy.
A Loja
Macy’s é uma das mais conhecidas lojas de departamento dos Estados Unidos, cujo slogan é “a maior loja do mundo”. Com mais de 100 anos no mercado (fundada em 1858), Macy’s realiza desde 1924 um desfile anual de Dia de Ação de Graças na cidade de Nova York, além de ser um dos maiores patrocinadores do feriado de 4 de julho também produzido na Big Apple.
O Feriado
Thanksgiving, ou Dia de Ação de Graças em português, é um dos principais feriados norte-americanos, celebrado sempre na última quinta-feira do mês de novembro. A história da data tem início em 1621, quando os peregrinos que chegaram da Inglaterra aos Estados Unidos comemoraram a primeira colheita na colônia de Plymouth, após um inverno bem rigoroso. Na festividade – que recebeu muitos índios – todos comeram muito peru, pato, peixe e milho, sentados em uma grande mesa ao ar livre.
Nos anos seguintes, a mesma festa ocorria, até que o presidente George Washington implementou em 1789 que o Thanksgiving passaria a ser lembrado todo dia 26 de novembro. Foi somente em 1863, contudo, que o presidente Abraham Lincoln declarou que o mesmo deveria ser comemorado toda última quinta-feira do mês de novembro e que seria um feriado nacional.
Até hoje se mantém a tradição nos Estados Unidos, que é mencionada em seriados e filmes americanos, onde famílias e amigos se reúnem para jantar e agradecer a Deus.
O Desfile
Conforme citado acima, desde 1924 a loja Macy’s produz anualmente um desfile no Dia de Ação de Graças em Nova York. O evento – que é chamado oficialmente de Macy’s Thanksgiving Day Parade – tem duração de 3 horas e é transmitido pela emissora NBC. A parada conta com música, carros alegóricos e muitos balões para celebrar a data.
Curioso para saber como é? Veja um vídeo aqui!

Sobre a música

Macy’s Day Parade foi a quarta e última música de trabalho do disco Warning, lançada em 3 de novembro de 2001. A canção faz uma crítica ao desfile do dia de Ação de Graças, enfatizando que coisas como amor, felicidade e esperança não são possíveis de comprar.
Análise
A Macy’s Day Parade é uma canção que, em termos gerais, faz uma crítica ao materialismo que não só a Macy’s, mas outras lojas também promovem no dia de Ação de Graças.
Então, por que será que o Billie Joe declarou uma vez que ela se trata de mentiras e decepções que você tem ao crescer?
Today’s the Macy’s Day parade
The night of the living dead is on it’s way
With a credit report for duty call
Logo na primeira estrofe da música nos deparamos com o contexto ao qual somos levados: é dia de ação de graças, dia do desfile da Macy’s, o que significa que a Black Friday está chegando. A “sexta-feira negra” sempre sucede o Thanksgiving e é famosa nos Estados Unidos por ser um dia em que diversas lojas do país fazem verdadeiras liquidações e descontos, causando histeria na população. Diversos estrangeiros viajam para lá nesta data apenas para aproveitar as incríveis ofertas a preços super baixos.
A espera e expectativa que a Black Friday traz são mencionadas na segunda frase da música, quando o narrador diz que “a noite dos mortos vivos está a caminho.” À meia-noite as lojas abrem e os ‘zumbis’ consumistas já estão a postos para comprar.
It’s a lifetime guarantee
Stuffed in a coffin, 10% more free
Red light special at the mausoleum
Nestas linhas adiante, Billie Joe debocha do fato que as pessoas são tão consumistas que até planejam seu próprio funeral e garantem um caixão com desconto para quando morrerem. Até mesmo após a morte querem poder controlar e comprar tudo.
Give me something that I need
Satisfaction guaranteed to you
What’s the consolation prize?
Economy sized dreams of hope
Imagine aqui um diálogo entre loja/consumidor, onde o segundo pede “me dê algo que preciso”, o que significa que ele nem sequer sabe o que quer, mas quer comprar. “Satisfação garantida a você,” retruca a loja. O preço da consolação também acaba se tornando reduzido: pequenos sonhos de esperança.
When I was a kid, I thought
I wanted all the things that I haven’t got
Oh, but I learned the hardest way
Then I realized what it took
To tell the difference between thieves and crooks
A lesson learned to me and you
A segunda parte da música é quando a crítica se volta ao próprio narrador, já que ele fala das coisas que sempre quis, mas nunca teve. Cada um pode ter sua interpretação individual dessa parte, já que almejamos por coisas diferentes na vida, mas suponho que o Billie Joe tenha se referido a ter uma banda, fazer sucesso e, quem sabe, dinheiro também. Coisas que ele não tinha, porém, aprendeu de um jeito duro que não era o que ele precisava. Afinal, ele conquistou tudo isso, mas e depois? O que é mais importante na vida? Ele provavelmente percebeu que nada disso importava. Não era isso que o fazia feliz.
Esta foi a hora que o narrador consegue reparar a diferença entre ladrões e trapaceiros. Enquanto um invade a sua casa e te rouba, o outro te faz sonhar com uma vida onde você pode ser feliz se adquirir tudo o que quer, te promete uma felicidade ilusória, como se você pudesse compra-la.
Neste momento em meio à frustração e decepção, o que resta a fazer é pensar em uma nova esperança, aquela que o narrador nunca conheceu, mas agora entende que, no fundo, é tudo o que ele sempre quis.
And I’m thinkin about a brand new hope
The one I’ve never known
Cuz now I know it’s all that I wanted
O Clipe
O vídeo oficial de Macy’s Day Parade foi gravado em plano sequência, ou seja, um sequência inteira, sem cortes. Todo em preto e branco, possivelmente para demonstrar a melancolia que a música transmite, o clipe foi dirigido por Mark Kohr e lançado em 2001.
Assista:



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