segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Crônica sobre o Carnaval e a Páscoa.

No Egito, quando do cativeiro dos hebreus Deus chamou o povo oprimido para ser liberto, chamou um gago para levar essa turma e rumar ao deserto para prestar culto ali, mas o político governante do Egito(faraó) não queria. Logo depois de um tempo ele teve que aceitar, mas ele condicionou depois que os hebreus fizessem um culto, uma festa, um baile no deserto,  voltassem para o Egito. Alguma semelhança com o Carnaval?? hã? hã? A diferença é que o gago pobre e oprimido peitou o político mandatário que se achava deus, e como deus de droga nenhuma esse político se ferrou. O povo acompanhou o gago que era guiado por Deus e foram libertados. Essa história , esse "carnaval" é lembrado até hoje com o nome de ... Páscoa, porque Deus mandou que os hebreus a cada ano fizessem uma festa lembrando dessa libertação. Que interessante...depois do nosso carnaval o feriado mais próximo é... a Páscoa (semana santa). A escola de samba passará rumando ao fim da avenida com vários egos indo em direção ao nada que ao final dessa festa voltará ao ciclo de opressão da rotina do dia a dia.

Já os hebreus ao final do seu desfile, teve sua apoteose verdadeira pois se viram livres do Egito.

Mas, acima de tudo, devemos entender que a liberdade verdadeira não é condicionada a opressão do outro sobre nós. Só é livre, de fato, aquele que é capaz de amar. Foi isso o que o Cristo veio fazer, veio fazer uma nova Páscoa, um novo "carnaval".
Libertar a todos quantos cressem no amor. Mudar o conceito de liberdade. Ele fez seu "carnaval" mobilizando um bloco de 12 maltrapilhos iletrados (o melhorzinho era o tal Iscariotes) e contestou o sistema vigente através do amor. Desfilou por cidades não levantando seu ego, nem chegando por cima ou querendo se aparecer e ser exaltado, mas atraindo as pessoas para si por meio da verdade e do amor da sua fé, respondendo a necessidade dessas, foi recebido como rei no "desfile" a Jerusalém e morto poucos dias depois porque acabou com o "jogo do bicho" dos cambistas do templo.
Os "bicheiros" como eram cumpadres dos sacerdotes e políticos caguetaram e os sacerdotes/políticos, que aliás peidavam de medo desse "Agitador subversivo" e tinham inveja dele levou-o a julgamento. Fizeram um showmício e levaram o povo a escolher crucificá-lo. O "Rei Momo" da parada falou: "Eu lavo minhas mãos". Mas morto, ao terceiro dia o "Agitador subversivo" ressucitou dentre os mortos, e os 12 iletrados levaram a mensagem do Amor para tantos lugares qnanto possível.

Nossa...to meio carnavalesco esses últimos dias.


Naquele que fez festa no céu quando eu cri e o aceitei,


Jorge Tonnera Jr.

O que a Igreja poderia aprender com o Carnaval?

Por
Hermes C. Fernandes

Seria lícito tomar o desfile do Carnaval como analogia de nossa caminhada cristã? Certamente, a maioria dirá que não. Afinal de contas, o Carnaval é a festa pagã por excelência, onde, além de toda promiscuidade, entidades pagãs são homenageadas.

Eu poderia gastar muitas linhas tecendo críticas justas a esta festa em que tantas famílias são desfeitas, e inúmeras vidas destruídas. Porém hoje, quero pegar a contramão.

Por que será que os cristãos sempre enfatizam os aspectos ruins de qualquer manifestação cultural?

Se vivêssemos nos tempos primitivos da igreja cristã, como reagiríamos ao fato de Paulo tomar as Olimpíadas como analogia da trajetória cristã neste mundo?

Ora, os jogos olímpicos celebravam os deuses do Olimpo. Portanto, era uma festa idólatra. Os atletas competiam nus. Sem contar as orgias que se seguiam às competições. Sinceramente, não saberia dizer qual seria pior, as Olimpíadas ou o Carnaval.

Porém Paulo soube enxergar alguma beleza por trás daquela manifestação cultural. A disposição dos atletas, além do seu preparo e empenho, foram destacados pelo apóstolo como virtudes a serem cultivadas pelos seguidores de Cristo.

E quanto ao Carnaval? Haveria nele alguma beleza, alguma virtude que pudesse ser destacada do meio de tanta licenciosidade? Acredito que sim.

Embora jamais tenha participado, talvez por ter nascido em berço evangélico tradicional, posso enxergar alguma ordem no meio do caos carnavalesco.

Destaco a criatividade dos foliões, principalmente dos carnavalescos na composição das fantasias, dos carros alegóricos, do samba-enredo. Eles buscam a perfeição. Diz-se que o desfile do ano seguinte começa a ser preparado quando termina o Carnaval. É, de fato, um trabalho árduo que demanda muito empenho.

Se houvesse por parte de muitos cristãos uma parcela da dedicação encontrada nos barracões de Escolas de Samba, faríamos um trabalho muito mais elaborado para Deus. Buscaríamos a excelência, em vez de nos contentar com tanta mediocridade.

O desfile começa com a concentração. É ali que é dado o grito de guerra da Escola, seguido pelo aquecimento dos tamborins.

A concentração equivale à congregação. Nosso lugar de culto (comumente chamado de “templo” ou “igreja”) é onde nos concentramos e aquecemos nosso espírito. Porém, a obra acontece lá fora, “na avenida” do mundo.

Gosto quando Paulo fala que somos conduzidos por Cristo em Seu desfile triunfal. O apóstolo compara a marcha cristã pelo mundo às paradas triunfais promovidas pelo império romano. Era um espetáculo cruento, no qual os presos eram expostos publicamente, acorrentados arrastados pelas ruas da cidade. Era assim que Roma exibia sua supremacia, e impunha seu poder. Paulo toma emprestada a figura deste majestoso e horroroso evento para afirmar que Cristo está nos exibindo ao Mundo como aqueles que foram conquistados por Seu amor.

Muitos cristãos acreditam ingenuamente que a guerra se dá na concentração. Por isso, a igreja atual é tão em-si-mesmada, isto é, voltada para dentro de si. Ela passou a ser um fim em si mesmo.

A avenida nos espera!

À frente vai a comissão de frente, seguida pelo carro alegórico abre-alas. Compete aos componentes dessa comissão a primeira impressão.

A comissão de frente da igreja de Cristo é formada pelos que nos precederam, que abriram caminho para as novas gerações. Não podemos permitir que caiam no esquecimento. Também são os missionários, que deixam sua pátria para abrir caminho em outros rincões. Grande é sua responsabilidade, e alto é o preço que se dispõem a pagar para que o Evangelho de Cristo chegue à populações ainda não alcançadas. Paulo fazia parte da comissão de frente da igreja primitiva. Chegamos a esta conclusão quando lemos o que escreveu aos coríntios: “Para anunciar o evangelho nos lugares que estão além de vós, e não em campo de outrem” (2 Co.10:16). Ele preferia pescar em alto mar, e não aquário dos outros.

A Escola de Samba é dividida em alas, cada uma com fantasias e carro alegórico próprios. Porém, o samba-enredo é o mesmo. O que é cantado lá na frente, é sincronicamente cantado na última ala da Escola. A voz do puxador do samba, bem como a batida harmoniosa da bateria, ecoando por toda a avenida, garantem esta sincronia. Não pode haver espaços vazios entre as alas. Há harmonia até nas cores das fantasias. Ninguém entra na avenida vestido como quiser. Imagine se as variadas denominações que compõem o Corpo Místico de Cristo se relacionassem da mesma maneira, respeitando cada uma o espaço da outra, porém dentro de uma evolução harmoniosa. No meio do desfile encontramos o casal de porta-bandeira. Eles exibem orgulhosamente o pavilhão da Escola. Seus gestos e passos são cuidadosamente combinados, para que a bandeira receba as honras devidas.

É triste verificar o quanto a bandeira do Evangelho tem sido chacoalhada, pois os que a deveriam ostentar, são os primeiros a desonrá-la com seu mal testemunho.

Os cristãos primitivos se dispunham a pagar com a própria vida para que seu testemunho de fé fosse validado e o nome de Cristo fosse honrado.

Ao término do desfile chega o momento da dispersão. É hora de partir, levando a certeza de que todos deram o melhor de si. Alguns saem machucados, com os pés sangrando, com as forças exauridas. Mas todos saem alegres, esperançosos de que sua escola seja a campeã. Aprenderam a sublimar a dor enquanto desfilam. Ignoram o cansaço. Vencem os limites do seu corpo. Tudo pela alegria de ver sua escola se sagrando campeã. Mas no fim, chega a hora de tirar a fantasia, descer dos carros alegóricos, cuidar das feridas nos pés. Mesmo assim, ninguém reclama.

Todos estamos a caminho do fim do desfile. O momento da dispersão está chegando, quando deixaremos este corpo, nossa fantasia, e seremos saudados pela Eternidade. Que diremos nesta hora? Não haverá novos desfiles. Terá chegado o fim de nossa trajetória? Não! Será apenas o começo de uma nova fase existencial. Deixaremos nossas fantasias, para nos revestirmos de novas vestes celestiais. Falaremos como Paulo em sua carta de despedida a Timóteo:

“...o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda” (2 Tm.4:6b-8).

Aproveitemos os instantes em que estamos na avenida desta vida, celebremos a verdadeira alegria, infelizmente ainda desconhecida por muitos foliões, e que não terminará em cinzas.

Hermes Fernandes é um dos mentores da Santa Subversão Reinista no Genizah
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Prece do Proibido

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Encontro de árabes e israelenses




Por Vera Haddad


“Vi meu pai ser levado pelos israelenses na porta de casa, durante o período do toque de recolher imposto por Israel, porque ele estava na rua naquele dia. Eu assistia pela televisão àquela revolta toda, mas quando aconteceu com minha família foi terrível. Após alguns dias, ele foi solto”, contou uma cristã palestina que vive na Cisjordânia. A jovem participou pela primeira vez no ano passado de um encontro do projeto Musalaha, apoiado pela Portas Abertas Internacional. A tradução dessa palavra árabe é justamente o que aquela jovem precisava: perdão e reconciliação.


Tímida, de voz suave e tranquila, Najla compartilhou como foi a experiência de ter participado do encontro entre cristãos palestinos e judeus messiânicos no deserto, durante o retiro organizado pelo Musalaha. Para ela, esse encontro não é um retiro comum. Quando se vive em uma área de conflito e disputa, onde uma parte do povo tem seus direitos de ir e vir controlados, é natural o ódio e a raiva falarem mais alto. Daí a extrema importância do Musalaha na vida dos cristãos.


Já Ahmar, um palestino falante fã de futebol brasileiro, compartilhou que a pior parte para ele foi dormir na mesma tenda de seu “inimigo”, referindo-se ao sentimento que teve ao estar lado a lado com um judeu. “Eu não conseguia dormir, ficava pensando em tudo o que meu povo sofre e foi muito difícil. Outra dificuldade, é estar montado no camelo e um israelense ir puxando o animal. Estamos nas montanhas e qualquer direção errada que o animal tomar, rolamos precipício abaixo. E é a partir daí que desenvolvemos a confiança um no outro e percebemos que dependemos da outra pessoa. Precisamos da ajuda dela”, completa o jovem.


Tudo isso é proposital. Durante esse encontro no deserto, em uma área neutra, as atividades são pensadas para desenvolver o relacionamento, convívio e confiança entre aqueles cristãos que, além de Jesus, têm em comum o sofrimento e o medo. O objetivo do Musalaha é reconciliar cristãos palestinos e judeus messiânicos e estender esse sentimento a outros não convertidos.

DESAFIO


Centenas de milhares de pessoas que vivem em Israel e na Palestina enfrentam desafios diários, independente de sua crença religiosa. A história daquela região desperta curiosidade e indignação, com o agravante da falta de informação e incompreensão real dos motivos que impulsionam o conflito emblemáticos entre israelenses e palestinos. Em meio a tudo isso, a Igreja de Cristo sofre em ambos os lados. Esse sofrimento não tem referência somente com a iminência de ataques e bombas. As disputas e invasões que acompanham a vida daquelas pessoas muitas vezes encontram um outro agravante: quando árabes e judeus se convertem, precisam exercitar aquilo que é o resumo do evangelho: o amor.


Começa então outro tipo de guerra: a guerra interna entre a “carne e o espírito”. A velha natureza parece impulsionar o ódio contra um povo que matou parentes, amigos ou invadiu implacavelmente áreas e residências. Os cristãos que vivem lá muitas vezes são tratados em uma área que, para a Igreja livre, não é necessariamente a primeira a ser tratada: o perdão. São ensinados a perdoar seus inimigos, a amá-los e a orar por eles e com eles. Difícil para nós? Imagine para eles. Na contramão do que estão acostumados, é preciso reconciliação.

Este ano, o Musalaha promoveu o encontro com 34 jovens estudantes no deserto. Mais uma vez, judeus messiânicos e cristãos palestinos enfrentaram a superação pessoal, em busca do real significado da palavra Musalaha. O mesmo significado do que Jesus resume em seu ministério: o perdão de nossos pecados e a reconciliação com Deus, através dEle. Ore por este projeto da Portas Abertas e continue contribuíndo em 2012.


Fonte: Revista Portas Abertas, vol. 29 nº 12.





quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

O evangelho da paz da sustentabilidade de Genesis e de Wangari Muta maathai.

Seis mil anos se passam e uma árvore como o Baobá, árvore africana mais famosa, pode continuar de pé. Ela é um símbolo de sustentabilidade, enquanto ser que continua e se mantém ao manter também outros seres. O baobá é considerada a árvore da vida por comunidades africanas. Importância única para tribos inteiras as árvores de uma maneira geral, sejam elas quais forem (baobás, cerejeiras, oliveiras etc) são uns dos símbolos fundamentais das culturas arcaicas. Tão arcaico esse fato que nos remete ao início de tudo, segundo o livro primário da Bíblia, o Gêneses. A bem da Verdade Geneses não é de longe o único relato da criação e nem da centralidade da figura da árvore na criação do mundo. A mitologia nórdica e a yorubá tem suas respectivas histórias em que a árvore tem um destaque no processo de criação da vida. Uma dessas conta que da criação "para cada ser humano modelado (a matéria primordial era o barro) por Orisala criava-se simultaneamente uma árvore". Isso é muito interessante, embora a ideia talvez não seja a mesma, se parármos para analisar isso é algo que tem sua coerência ao talvez nos dizer: Cada ser humano para viver precisaria de pelo menos uma árvore. E de fato haja visto os serviços ecológicos que uma simples árvore nos ofrerece (umidade, temperatura, proteção do solo, produção de alimento e insumos, bem como medicamentos, captação de água, absorção de gás carbono, habitação de outras espécies etc), mas Genesis retrata de uma maneira que nos redireciona para a identidade do ser humano, inclusive em relação ao todo. Que o destino do comum (no sentido de vivência mutua) está diretamente ligado ao destino do homem. De acordo com o relato da narrativa dos hebreus, povo que tem em sua história dramática o deserto e parca distribuição de água e recursos em sua trajetória a Terra Prometida, a qual prefiguraria a Jesus Cristo (a verdadeira promessa e lugar de descanso e de vida eterna), Javé, o Deus Criador, após emergir a matéria inorgânica produz uma massa viva e orgânica e estabelece um horto ou um jardim como muitos preferem (EM um sentido mais completo um ecossistema altamente diverso), e resolve colocar um ser que estabelecera para ser sua imagem e semelhança, assim sendo um potencializador de vida. Segundo Genesis o Criador o põe em meio ao ecossistema jardim-horto no Éden. Em Éden havia bastante árvores as quais serviriam de alimento, uma vez que a alimentação vegetariana era a forma original de obtenção de recursos biológicos alimentares. No entanto, é em uma árvore especial que possui atributos de potencializar o conhecimento humano sobre si e torna-se conhecedor tal como a Deus, o homem resolve tomar para si o fruto desta e sua vida se torna um conflito constante para se reconhecer como alguém que prefigura um Salvador ao mesmo tempo em que não consegue se salvar e viver em conjunto do outro semelhante em meio a um mesmo ambiente/mundo em constante mudanças.
A história de Genesis é notória, uma das mais conhecidas, no entanto das mais ridicularizadas pela secularidade racionalista e cartesiana, que não encherga o mundo na essência das relações vitais. Os conflitos internos e externos do ser humano são originários dentro desse quadro. Nossos conflitos conosco e com nosso semelhante, bem como o todo do qual todos nós formamos e somos formados e fazemos parte (meio ambiente) estão a partir daí. E, a biografia de uma mulher contemporânea da gente, chamada Wangari Muta Maathai torna a história de Genesis altamente relevante, cheia de verdade e sentido.
Wangari Maathai é o exemplo de como nossa identidade de imagem e semelhança de Deus atribuida a nós pelo próprio Deus Javé e relatada em Genesis pode ser verificável através da experiência única da comunhão, através dos relacionamentos, uma vez que Deus é "una comum" entre ser Pai, ser Filho e Vivificador (Espírito Santo), é uma comunidade viva e pessoal que procede vida da vida. E pode ser verificável através da nossa capacidade de reconciliação a partir das relações intra e extra nós.
Wangari Maathai em seu contexto social desfavorável em relação a recursos e distribuição desses, em busca de melhorias na qualidade de vida das pessoas logo expandiu suas ideias de equilíbrio e restauração ambiental por meio de plantio e replantio para um projeto de democracia e paz. Ficou claro que não haveria paz e democracia sem um espaço mais sustentável e um gerenciamento responsavel do ambiente era impossivel sem democracia e paz. É aí que entra a árvore em termos de símbolo de vida e de paz nessa história. Para Wangari, enquanto mulher ficava claro que o gênero feminino era o primeiro a identificar mazelas ao passo que também era o primeiro a sentir os problemas. Dado o conhecimento de que as árvores através dos seus serviços que levam a questão da divisão dos interesses diversos das pessoas e empresas e governo. Wangari viu através das experiências de disputas dentro de espaços que os problemas são um só. Os problemas sociais, econômicos e ambientais nada mais são que facetas distintas de um único problema. Bem coerente com o que Jesus se propunha a trabalhar em sua rota viva até as pessoas, indo nas suas necessidades estabelecendo um contato direto com a vida como um todo em seu contexto de pessoas oprimidas. A partir de 1977, toda essa vivência resultou no plantio e replantio de cerca de 47 milhões de árvores no país. ISso trouxe um certo sentido de empoderamento e de comunidade. Como ferramenta de resolução de problemas e dificuldades de recursos, bem como disputa desses Wangari propôs que por meio desses plantios e replantios bem como seus planos de manejos os camponeses deveriam proteger as bacias hidrográficas e estabilizar o solo. Com isso haveria benefícios diretos e indiretos como melhora da agricultura, recuperação de solos contra erosão, manutenção de rios e lençóis freáticos. Num espaço de terra em que um rio comece numa terra de uma pessoa e passe pela terra de outra, o que acontece quando o rio seca terra acima? Como a pessoa da terra de baixo fica, ou que acontece quando a terra de baixo seca e a terra de cima continua com o rio? Surge um conflito?  Na África as árvores são um símbolo de paz. Ainda se encontra na África em certas comunidades a antiga tradição de plantar uma árvore como forma de sinalizar uma reconciliação por conta de um conflito. Foi esta herança cultural que inspirou Wangari Maathai. Prova de que não há cultura que sobreviva sem uma relação harmonioza seja entre pessoas ou ecossistemas. E assim Wangari Maathai ficou internacionalmente conhecida quando recebeu o prêmio Nobel da Paz, em 2004. Em síntese Wangari conseguiu estabelecer paz entre diversos lugares por meio do simples plantar. "Deus colocou o homem num jardium para cuidar e guardar", a identidade do homem como imagem e semelhança de Deus é relacionada a esse trabalho de cuidar da vida e procriá-la.


Voltando ao Genesis, havia uma outra árvore que era a mais importante de todas. Esta Àrvore reaparece no último livro bíblico, o Apocalipse simbolizando um retorno do ser humano ao seu estado de paz de relacionamento, de dependência, e também inclusive de liberdade e autonomia não como sinônimo de independência, mas como agente potencializador de sustentabilidade da vida. O princípio mais importante relacionado à Árvore da Vida é o de dependência, e isso é verificável quando se lê em João 15:5: “eu sou a videira verdadeira, vós os ramos, quem está mim, e eu nele, esse dá muito fruto, porque sem mim nada podeis fazer”. A Árvore da Vida tipificava Jesus Cristo, enquanto o responsável por todos os relacionamentos. Quem nele está enxerto, quem busca amar a Deus e seu semelhante busca a paz por meio dos relacionamentos, a começar com o próprio criador, com si mesmo, com o próximo e com outras criaturas imerso em um mesmo espaço de vida (meio ambiente).


 Só através do ensino do amor,de Jesus, sua lição de vida e morte, pode nos reabilitar a viver. Assim, a Àrvore da Vida/ Jesus Cristo é o símbolo do próprio Deus como fonte de vida (João 20:30-31). Ou seja, sem Deus não há vida, sem Deus as relações vão se rompendo, sem vida não há relacionamento e nosso Criador deseja ser a nossa vida em forma de alimento, cujo fruto é o amor, única fonte de reconciliação.

Até quando conseguiremos viver como vivemos hoje brigados? Quando vier uma chuva forte na casa de quem vamos nos esconder? De baixo de qual árvore, ou ainda na árvore de quem? Em essência isso é evangelho. O evangelho de Jesus em Maathai...
A sustentabilidade nos oferece a grande arma pedagógica que existe, a qual Jesus utilizou como ninguém: o questionamento. Particularmente através da pergunta. E A grande pergunta que a sustentabilidade nos faz é: ATÉ QUANDO PODEREMOS VIVER DA MANEIRA QUE VIVEMOS HOJE? A vida é feita de e nas relações. Sejam quais forem os níveis disso, o entorno nos está diretamento relacionado as maneiras que escolhemos viver. Em nosso meio, entorno, temos uma fonte de serviços que influenciam diretamente e indiretamente nossa vida: as árvores. Elas são expressão do amor do Deus vivo, Javé, são expressão da nossa identidade e expressão de relacionamento. Descobrir como elas harmonizam e equilibram nossa relação com outros de nossa espécie e com os de outras espécies através de seus serviços ecológicos é um exercício de paz.

Enxertado pela vida, vivo e querendo paz para todos,
Jorge Tonnera Jr.



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Tenho uma ligeira impressão de que a famosa Árvore da Vida do jardim do Eden seja de fato o Baobá. rss
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