sábado, 12 de março de 2011

A paz de dentro pra fora...benditas as pacificadoras.


Na semana do Dia das Mulheres uma homenagem através deste post.

Quando se fala em paz na Israel-Palestina logo pode-se pensar em tratados de paz e na ONU ou protocolos oficiais, mas o que poucos sabem é que existem ações de paz dentro desta região, trabalhos voluntários não governamentais, que estão à sombra, quase silenciosos, um modo de pacificar distinto, uma cultura de paz.

Imagem extraída de diarioliberdade.org
Não serão acordos políticos oficiais que estabelecerão uma paz. A paz não é um papel, nem ausência de guerra. A paz deve ser construída todos os dias. É o que Jesus nos mostra através de seu ensino do amor e sua pedagogia de encontros e relações.

Benditas as pacificadoras...porque delas é o Reino dos céus.

Compartilho aqui exemplos de ações voluntárias de um grupo de mulheres. Os textos abaixo foram extraídos respectivamente de www.pime.org.br e Correio Braziliese
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"Duas Mulheres de Paz e Esperança", Luca Bucchri, Settimana
Unidas por uma profunda amizade, mas separadas por um muro alto 9 metros, uma mulher israelense e uma palestina desafiam o ódio para construir a paz na Terra Santa

Existe outro caminho para construir a paz entre dois povos em conflito há 50 anos. Ao lado de tratados e protocolos oficiais, há um modo silencioso de agir de pessoas que empenham a vida para edificar sutilmente, e a partir da base, aquelas redes de amizade, solidariedade e convivência – ou seja, uma cultura de paz e de esperança – que por si só conseguem garantir o domínio de acordos de alto nível. Samàr Sahhar, professora cristã palestina, e Angélica Calò Livnè, judia israelense, são duas mulheres e duas mães comprometidas em construir concretamente esperança nos seus atormentados países, através da opção educativa das jovens gerações. A primeira tem 42 anos, é católica e é diretora de um orfanato em Betânia, às portas de Jerusalém. A segunda é judia, de 47 anos, nascida na Itália, morando há mais de 20 anos em Israel, onde se casou e vive num kibbutz em Sasa, na fronteira com o Líbano.

A HISTÓRIA DE SAMÀR

Samàr é “mãe” de mais de 70 crianças palestinas, quase todas muçulmanas, acolhidas no orfanato Jeel al Amal, “geração da esperança”, e também de outras 30 moças amparadas na casa Lazarus Home, “casa de Lázaro”, onde buscam uma nova vida depois do abandono ou da violência. Tudo começou em 1972, com os primeiros 10 meninos, sem a ajuda do governo, mas através do trabalho de voluntários. Num depoimento, Samàr declara: “Sempre há esperança quando se procura avaliar e sentir o sofrimento do outro. Apesar das dificuldades, encontrei pessoas capazes de construir pontes de compreensão e, com pequenos gestos de amizade, conseguiram dar alívio a tantas tristezas que há neste mundo. Um provérbio árabe diz: ‘É melhor acender uma vela do que amaldiçoar a escuridão’.

O perdão e a reconciliação são as palavras mais doces de Deus e as mais salutares para a alma”. Samàr tinha decidido abrir uma padaria em Betânia, para angariar fundos para as suas obras sociais e dar trabalho a algumas famílias da região, já que o desemprego é um dos maiores problemas na Palestina. Então, aconteceu um milagre de fé e de determinação: sem ter uma moedinha, Samàr conseguiu um empréstimo de 75 mil dólares. Além disso, a padaria seria montada numa das ruas mais periféricas e abandonadas de Betânia, arriscando o investimento ao fracasso. Mas, com a construção do muro de divisão, por parte de Israel, a rua da padaria passou a ser a principal da cidade! Alguns até, ironizando, diziam que Samàr havia feito um acordo com Sharon, ao que ela respondia: “Não, mas meu Deus é mais potente do que Sharon!

E Jesus é mais poderoso, ama estas crianças e sabe o porquê fiz esta padaria”. Samàr está construindo, atualmente, uma pizzaria italiana e um projeto chamado “pão para a paz”, que consiste em receber algumas mulheres israelenses para prepararem o pão com mulheres palestinas, e, depois, repartirem o pão entre si, tornando-se “companheiras” (do latim, cum panis, aqueles que comem pão juntos), mesmo que seja por um dia. “Acredito que, se cada palestino pudesse ter um amigo israelense, esta guerra poderia acabar. São pessoas singulares que marcam a vida dos outros com provas de bem, como os pais da jovem israelense, morta num atentado suicida, que doaram seus órgãos para salvar a vida de uma jovem palestina. A generosidade destes pais foi como afirmar: a vida da nossa filha judia é preciosa como a vida da vossa filha palestina”, confessa Samàr.

A HISTÓRIA DE ANGÉLICA

“Desde quando cheguei a Israel – conta Angélica – comecei a trabalhar em educação. Sendo que cada um procura o motivo pelo qual veio ao mundo, eu entendi que a educação era a minha missão. Comecei a ensinar teatro e quis criar uma escola onde estivessem juntos jovens judeus e árabes. Quando expus minha intenção, na Galiléia, acharam uma boa idéia, mas aconselharam-me a descartar os árabes. Mas, assim, a proposta ficaria empobrecida, pois reunindo jovens e adultos, numa outra dimensão, onde a linguagem comum não é a verbal, mas a linguagem do corpo, da imaginação, da fantasia, as pessoas se olham com outros olhos e conseguem enxergar as coisas de modo diferente”.

E continua a relatar, com emoção: “E, praticamente, aconteceu um milagre, porque este teatro mudou a fisionomia das pessoas da Galiléia, o seu modo de viver e de pensar”. É o caso dos rapazes judeus, que descobriram ser “irmãos” dos jovens árabes do teatro, para admiração de seus pais. “Bereshit” é o título do espetáculo teatral apresentado por Angélica e sua “Companhia do Arco-Íris”, e se refere às primeiras palavras do Gênesis “No princípio...”. E ela explica, de forma cada vez mais apaixonada:

“Somos só nós, seres humanos, as únicas criaturas que podem decidir colaborar com a criação de Deus, elaborando, transformando as coisas, os grãos em farinha e depois em pão, ou destruir tudo. Assim, começamos a escrever este espetáculo e decidimos fazê-lo sem palavras, usando máscaras. Depois, no final, os jovens propõem arrancar as máscaras, quebrando uma convenção teatral: talvez, violando esta convenção, alguma coisa mudará também no mundo”.

A partir daí, começou o movimento “Mask off” (abaixo a máscara!) e os rapazes começaram a andar pelas redondezas ensinando este tipo de teatro, mostrando que é possível superar o medo do outro, do vizinho-inimigo, descobrindo que ele tem os mesmos sonhos e esperanças. Quando estes jovens se apresentam na Itália, diante de platéias de até 1.200 pessoas, provocam coisas extraordinárias: no final do espetáculo, ainda descalços, sentados no chão, respondem às perguntas... e causam grande impacto aos espectadores. Surgem reflexões como:

“Até agora eu me preocupava com sapatos último tipo, computador... e, diante desses jovens judeus, cristãos, muçulmanos, que vêm de uma região em guerra constante... agradeço, porque agora aprendi a amar mais a vida”. Angélica acrescenta: “Quando você transmite o valor tão precioso da vida, todas as pessoas que estão ao seu redor são contagiadas”. E continua a relembrar: “Um dia, uma menina, que tinha perdido dois irmãos num atentado, me pergunta como eu conseguia fazer teatro com jovens árabes e ter uma amiga palestina. Eu lhe respondi:

‘Justamente por isso: porque existem pessoas do outro lado que merecem que conversemos, que cultivemos amizade; somente assim poderemos vencer todas as forças do mal que estão entristecendo a adolescência, a infância, a esperança de um futuro, o desejo de viver’. Outro episódio também me confirmou a decisão de continuar neste caminho: na escola árabe onde eu lecionava, encontrei um menino com um pingente pendurado no pescoço – ao perguntar-lhe o significado, respondeu-me: ‘É um sahid (‘mártir suicida’) – meu sonho é morrer pela Palestina’. Eu lhe respondi: ‘Meu amor, você tem 14 anos! Não deve morrer pela Palestina, mas deve viver pela Palestina. Nós todos devemos viver pela Palestina e por Israel!’”.

TESTEMUNHO DE AMIZADE

Em visita à Itália para um evento cultural, Angélica e Samàr comprovaram sua amizade e seus ideais. “Nosso discurso não é político. Não estamos aqui para apontar os culpados pelos conflitos. Queremos testemunhar a amizade e a busca pela paz. Experimentamos mudar este mundo, na Terra Santa e em todo lugar. Somos duas mães, duas educadoras preocupadas pelo futuro dos nossos filhos”, exclamou Samàr. Depois, voltando-se para Angélica, em hebraico, leu uma comovente carta: “Querida Angélica, estamos aqui, consolidando a necessidade da paz...

Com esperança e fé, conseguiremos! Como duas mães, como duas amigas... Talvez Deus nos dará um período de paz e de amor! Que Ele nos dê força para construirmos um futuro melhor para nossos filhos. Cada vez que olhar para o céu, por favor, lembre-se que você tem uma amiga!”. E, em algum ponto do muro divisório que passa por Betânia, Samàr inscreveu, em cinco línguas: “Angélica, a amizade não pode ser dividida!”.

Fonte:
www.pime.org.br/mundoemissao/mulheresperanca.htm

O texto que segue abaixo foi extraído do Correio Braziliense. São partes do texto.

"Grupo de mulheres em Israel desafia tabus para se aproximar de palestinas"

"No fim de julho, 11 mulheres israelenses levaram palestinas para passear em Telavive e Jaffa, sem pedir ao autorização ao governo do premiê Benjamin Netanyahu — em desafio à rigorosa lei de entrada em Israel. “Nós comemos num restaurante, tomamos banho de mar e nos divertimos na praia. Depois, retornamos por Jerusalém e observamos a Cidade Velha de longe”, conta a jornalista israelense Ilana Hammerman. Ela motivou mais mulheres a seguirem seu exemplo depois de relatar sua história, em artigo publicado em maio no jornal Haaretz, quando ousou levar em seu carro as jovens palestinas Lin, Aya e Yasmin para verem o mar pela primeira vez."



"Há 22 anos, durante a primeira intifada palestina, outro grupo de mulheres se uniu em um ato simbólico. Elas plantaram oliveiras, símbolo de paz para árabes e judeus, e fundaram o movimento Mulheres de Negro. Desde então, toda sexta-feira elas se reúnem em silêncio, vestidas de negro, em uma praça de Jerusalém, para dizer “não” à ocupação da Cisjordânia. Elas se juntam com palestinas, reunidas no grupo Jerusalém Link, para lutar pelos direitos das mulheres.

“É maravilhoso contemplar oliveiras sem o temor de que uma escavadeira as arranque para construir um assentamento ou uma estrada para colonos”, disse em 2000, pouco antes de morrer na Grécia, Hagar Roublev, cofundadora das Mulheres de Negro, em conversa com Luisa Morgantini, então vice-presidenta do Parlamento Europeu. Oliveiras ainda são derrubadas na Cisjordânia e o azul do Mediterrâneo continua sendo uma paisagem distante para muitos palestinos. Mas os esforços de Ilana e de Hagar pela paz continuam dando frutos."

Para ver o texto na íntegra o link é
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/mundo/2010/09/07/interna_mundo,211808/index.shtml

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