quinta-feira, 17 de março de 2011

Do lixo extraordinário ao extraordinário consumo

O dia do consumidor passou (até pra isso inventam data comemorativa), foi nessa semana, mas fica a questão do lixo.

Assisti o Documentário "Lixo Extraordinário", de Vik Muniz, na empresa em que trabalho, bem antes de estrear no cinema e do Oscar. Quem ainda não assistiu, adianto que vale a pena. É o tipo de documentário que dá vontade de querer saber e ver mais após o término.

O documentário começa e termina com uma parte do Programa do Jô. O apresentador convida o artista Vik Muniz para falar da sua arte.
A história dos catadores com a arte que advém do subjetivo desuso e conceito da inutilidade é uma junção muito feliz.

A vida de fato surge dos rejeitos. Se formos reparar como a natureza funciona é necessário a existência dos resíduos para a continuidade da matéria viva. Quando uma planta nasce ela necessitou de resíduos que se tornaram nutrientes do solo, e quando esta morrer se tornará resíduo capaz de manter uma outra planta. No caso do Lixo extraordinario, de fato é o que aconteceu. Famílias brotaram daquele aterro, a partir dos resíduos. Muitas vezes eles que se confundiram com o lixo agoram são a arte.
O documentário termina parecido como começou...com o Programa do Jô, porém dessa vez o convidado é um dos catadores. O apresentador faz a saudação apresentando o Tião Santos como catador de lixo, e este faz uma pausa pedindo licença, e conserta o que o Jô disse: "Não somos catadores de lixo. Nós catamos materiais recicláveis"...e o filme termina assim.
Bom, embora o centro do filme seja o catador, muito mais que o lixo, o que é formidável, haja visto que quem gerou o lixo foi o homem e o catador ali representa as possibilidades do homem lidar com o lixo de outros homens, lidar com a recusa de outros homens e a manutenção e continuidade da vida, o filme é o retrato do dilema homem x resíduos de seu consumo moderno e dessa convivência num mundo de desperdícios e de cada dia lutar pelo consumo do seu pão de cada dia.
Ir até o Aterro Sanitário é ver o caminho inverso do nosso consumo e perceber que o que consumimos talvez seja muito para nós, ou pelo menos para uma parte da civilização que consome demais, ao contrário de outros.
Esta foi a obra de arte que mais gostei no documentário.

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