quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O Deus ecológico e a Ecologia, a ciência das relações

Ecologia significa literalmente o "estudo da casa" (Eco=casa + logia=estudo).
Ao contrário do que muitos pensam a ecologia não trata diretamente de problemas ambientais, mas sim de relações. O nível mais básico da ecologia é a relação. O mais alto é o ecossistema, que é um grande conjunto de relações. Entender e estudar a "casa" requer estudar e entender as relações entre os participantes dessa, uns com os outros e com as estruturas da casa em si. Assim sendo, quando eu me relaciono com um vizinho isso é ecologia, tal como quando uma anêmona se relaciona com um paguro gerando uma cooperação. Tal qual também quando eu ou outra espécie viva consome água, ou a forma que produzimos e geramos sustento, e a forma que me relaciono com Deus também é ecologia, pois estamos nos relacionando com aquele que tudo provê e sustenta e é o criador desta "casa", e através dele partem todas as relações.
A própria idéia de Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo) já se mostra dentro da lógica das relações, embora não me adentrarei a isso, pois é algo dificil de entender e explicar. A Trindade é um mistério revelado, mas, não conceituado.
Ecologia estuda a casa (literalmente), e a Bíblia menciona que Deus tem o homem como casa (1 Co 3.16, 17). A casa é o meio mais íntimo, dessa forma deveríamos olhar para o nosso planeta, enquanto casa que é, de uma maneira bem mais íntima e próxima. Deus é o Deus dos tabernáculos (casas), vemos ele presente em tendas e vindo se não me engano derramando seu Espírito aos discípulos quando eles estavam em uma casa. Diz ainda a Bíblia que nosso corpo é Templo (casa) do Espírito Santo. Diz que é o Espírito de Deus o vivificador, aquele que mantém a vida, o fôlego, os sistemas humanos funcionando em harmonia, as milhares de moléculas agitadas formando organização incrível e funcional.
Pois que de fato quando entendemos o Antigo Testamento a Luz do Novo Testamento vemos que os símbolos e aspectos religiosos simbolizam Jesus, nesse caso o próprio grande Templo de Jerusalém simbolizava Jesus, e creio que simbolizava a profecia sobre o Espírito Santo habitar no homem, pois que Paulo muito diz de uma forma emocionante de arrepiar os pêlos do braço, que o Deus que tudo fez não habita em santuários feitos por mãos humanas como se de alguma coisa precisasse, pois tudo ele fez e é Ele que sustenta(At 17.16-31). Ele habita nós, embora na realidade nós é quem habitamos nele.

Ao não perceber a profundidade das coisas de Deus acabamos não se aprofundando na ecologia. Há princípios ecológicos explícitos e implícitos na Bíblia, tanto no Antigo e Novo Testamento. No entanto, o mais importante do que encontramos na Bíblia é que tudo parte das relações, ou melhor, o que Deus está tratando é das relações, e por isso mesmo o ponto de restauração é a relação. Deus age a partir da relação mais básica de todas: a relação Deus e homem, ou em outra palavra Pai e filho, a qual Jesus simbolizou muito bem. Aliás, Jesus enquanto Deus desprovido de tudo é Deus vindo ao mundo, se relaciona da maneira mais natural. Ele vem como bebê, "nascendo" de parto, como um homem de terra assim como nós (viemos do barro) e sendo um homem da terra (mundo agrário de Israel), e se apresentando como Filho do homem, que numa linguagem mais etiológica significa "Filho da terra" (pois homem vem de  Adão, cujo nome vem de Adamah, que quer dizer terra), e vem comendo, trabalhando e bebendo (à samaritana do poço ele se apresenta como sendo água, pois esta é mantenedora de ser vivo).
Assim como o que se estuda em ecologia são as relações, Deus age nas relações. Primeiramente age reatando o relacionamento pessoal, o indíviduo com Deus. Depois a partir daí todos os relacionamentos possíveis são potencialmente possíveis, cabendo a partir daí o homem com a presença e participação de Deus, agir para viver novos relacionamentos, ou melhor renová-los, seja familiarmente, socialmente, ambientalmente, econômicamente, ou seja, ecologicamente (pois ecologia envolve todos esses aspectos).
O padrão de ser que Deus ensina é uma forma de vida que é benéfica em todos os aspectos, leva em consideração a tudo, e que quando há o desvio disso surge aí o que se chama pecado. Nos livros bíblicos dos profetas Oséias e Joel vê-se que a conduta humana em relação a Deus influencia a natureza ao seu redor, onde as ações pecaminosas geram efeitos degradantes a si mesmo e ao que está a volta, pois como estamos todos conectados nessa teia de relações muitos acabam sendo afetados. Por exemplo, o roubo é gerado pela cobiça, que é insaciável se for permitida e fazendo com que o homem queira sempre mais e pra conseguir ele vai usar de todos os meios possíveis, desde assaltar alguém ou destruir uma área de floresta para conseguir mais dinheiro, ou deixar de ter controle da poluição da sua empresa para não gastar dinheiro. Assim como na ecologia se estuda sistemas, há uma coisa chamada de retroalimentação ou feedback, que "é o nome dado ao procedimento através do qual parte do sinal de saída de um sistema (ou circuito) é transferida para a entrada deste mesmo sistema, com o objetivo de diminuir, amplificar ou controlar a saída do sistema". Nesse exemplo do roubo há um fluxo retroalimentado de resposta (feedbeck) "ao retorno de informações do efeito para a causa de um fenômeno, uma saída que transforma-se em entrada, ou seja, o ladrão por cobiça acaba roubando novamente para manter sua cobiça viva.
É interessante como Deus age de maneira ecológica. Deus emerge o homem dentro de um jardim. Fico imaginando como seria esse jardim, mas acho que nenhum jardim ou conceito paisagístico ecológico poderia  como nos mostrar essa realidade. Depois de expulsos de lá o homem e sua mulher geram família e daí o grau de relacionamento vai se expandindo, começam a formar povos e povoados, cidades e nações. É a história de relacionamento de pessoas com Deus em um planeta. A permissividade humana e a falta de amor a Deus gera toda uma história de confusão societária numa dialética retórica de opressão onde ora somos oprimidos ora opressores, sistemas imorais em todos os sentidos cujo nível máximo se chamou de império, consumindo os seres humanos e as demais criaturas, bem como o meio ambiente.

A crise humana é uma crise ecológica a medida que o Deus que criou tudo a partir de sua palavra gerando relações, desde a interação entre átomos até a interação ecossistêmica, habitava contigo já não habita mais, e por isso mesmo é expressão de uma crise espiritual, ou seja, não há possibilidade de separármos a ecologia da espiritualidade. É uma coisa só. Conseqüência de uma crise profunda o homem sem Deus tornou-se desumano, dessacralizou a si mesmo e a criação (os elementos físicos, os seres, as relações), e assim o todo. Pensou ser independente, o que por si só acaba sendo uma ironia, já que o nível mais básico de vida é a relação, seja com a terra ou com o vizinho ou com Deus, ou seja, somos sempre interdependentes. Mas através de Jesus somos destituidos de "senhor absoluto" de tudo e voltamos ao nosso devido lugar de cooperador do Deus vivo tal como outros seres vivos e nos reconhecemos bem como compreender o mundo quando tem um relacionamento reatado com Deus. Somente re-descobrindo o Deus da Vida por meio da vida de Deus(Jesus Cristo), experienciando a Vida de Deus (os ensinos de Cristo Jesus), será possível uma verdadeira transformação da situação desta grande crise. Do indivíduo ao mundo, mais ou menos como Jesus ilustrou o Reino dos céus como mostarda de semente que cresce e se torna uma planta ilustre e grande. De dentro pra fora. Infelizmente o homem acha que mudando o entorno o homem se tornará muito bom. Erro que não podemos aceitar.

No caminhar após a queda e na vida desértica dos povos nômades representado pelos patriarcas, a criação de uma nação, ao estabelecimento de uma terra prometida para se viver, instruindo como se viver nesta terra (Levítico), os valores humanos, psicológicos, éticos, biológicos, culturais são confrontados. Assim a arte pedagógica do Deus da vida é a própria vida e suas relações com os viventes.

Assim Jesus e os profetas falam de cooperação, buscam a comunhão, da mesma forma a orto-práxis da Igreja enquanto linguagem construtiva de Deus, assim a  integridade e a integralidade no todo. Não somos simplesmente partes, mas somos pertencentes a Deus, formador do todo, na unidade da Trindade (Pai, Filho, Espírito Santo -  Planejador, Criador, Vivificador) realizando uma comunidade de vida e a vida como comunidade.

A ecologia ocupa-se desde o estudo do indivíduo,  o estudo entre indivíduos, os indivíduos com o ambiente físico, e o complexo dessa interação biosférica, até mesmo a dinâmica cósmica,  já que a interação entre as forças físicas influenciam na Terra (maré, por exemplo).
Precisamos reconher esse Deus invisível assim como não vemos as relações, mas existimos entre elas. 
O que falta é reconhecermos Deus como a relação imprescindível e fundamental para todas as outras. A medida que Ele nos renova, tudo a nossa volta é impactado. Há um avivamento social, cultural, econômico, enfim ecológico.

..."a vida estava com Deus e a vida era Deus" (João 1:1).

Pensando e estudando a vida através da ecologia e a educação ambiental por meio da Bíblia experimento o nosso viver no dia a dia.
Jesus reata nossa relação com Deus. Somente Ele e ninguém mais.
Aloha!!!! Shalom !!! AMém!!!

jorge tonnera jr.

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