quinta-feira, 5 de maio de 2011

Fé e Americanismo idiota no início de um século quebrado

Esse ano faz 10 anos dos atentados e justamente o sentimento de revanchismo e justiça ainda presente do inconsciente patriótico americano pôde ser visto essa semana com a teórica derradeira morte de Osama Bin Laden, o mentor da Al Quaeda e responsável principal do atentado de 11/09. Com declarações do presidente americano Barack Obama que tem agora sua popularidade aumentada através disso e com certeza uma grande propaganda pra uma futura e próxima reeleição ele disse que "o mundo agora está mais seguro"...  e "Esta luta não foi uma escolha do povo americano. Ela chegou às nossas terras" como se os EUA fossem sempre o bom moço muito retratado nos filmes faro-oeste e de guerra e aos sons de "U.S.A"-U.S.A.-U.S.A."! o patriotismo americano chega a ser daninho, (Já viram Borat?)uma vez que deveriam se perguntar sobre que tipo de justiça eles estão comemorando, afinal os EUA são responsáveis por diversas injustiças no mundo. Como se fazer justiça quando não se é justo? Acho que essa é uma grande questão que Deus no dá através da Bíblia, particularmente no Novo Testamento.

Com toda confusão social causado pelos intervencionismos políticos militares que culminaram com o trágico 11/09, na época dos atentados vários artistas se manifestassem em relação a todo aquele momento, mas é certo que ninguém fez como o Green Day. 
Em 2001, os punks lançaram um álbum incrível chamado "American Idiot" (Idiota Americano), um álbum conceitual, mais propriamente uma ópera-rock sobre um personagem chamado "Jesus do Subúrbio". Segundo a sucessão das músicas é apresentado de antemão o idiota americano, o próprio George Walker Bush. Como ela mesma retrata no refrão "Bem-vindo a um novo tipo de tensão/Baseado na alienação/onde tudo não é feito para ser aprovado/Os sonhos criados pela televisão/Os quais não somos obrigados a seguir/Já nos dão razão suficiente para nos opor"; naquela época de Bush havia uma histeria, confusão, propagandas, preconceitos etc. O álbum especialmente essa música traz críticas claras à sociedade americana e à política de Bush. Daí então é que surge na segunda música o personagem "Jesus do Subúrbio", que é um cara no meio dessa bagunça cultural que de um lado uma guerra, do outro uma alienação, um "american way of life" e dentro desse personagem há uma guerra interior, e ele próprio se apresenta como um "filho do ódio e amor" como canta no início da música. "Viver e não respirar, é morrer em tragédia," ainda mais nessa "land of make believe" canta ele: "terra do faz de conta/ Quem não acredita em mim" e daí "deixar para trás esse furacão de mentiras", se recusando a fazer parte disso como em "I dont care":  "Todo mundo é tão cheio de merda/ Nascidos e criados por hipócritas/ Corações reciclados porém nunca salvos". Esse "Jesus" se faz um mito pra se resolver numa fé em si mesmo ao mesmo tempo autodestrutiva.
Aliás uma das coisas que "American Idiot" retrata é a coisa da fé. Em "Holiday" canta-se as sujeiras de uma guerra e o uso da fé num terrorismo. "Eu estou pedindo para sonhar e discordar das mentiras sujas/Esse é o começo do final de nossas vidas/Num feriado...que logo em seguida canta "Ouça a bateria desafinada/Mais um protestante cruzou a linha (hey!)/Para encontrar o dinheiro do outro lado/ Posso ouvir outro amém? (amém)"

Só por curiosidade "American Idiot depois de ter ido a Broadway e se transformado em um musical, vai agora virar filme.

 Início do século quebrado

Entre duas guerras (Iraque e Afeganistão), dívidas, crise econômica, terrorismo, desastres ambientais, é o estrago pós-Bush. Vale ressaltar que os eleitores de Bush foram muitos crentes. Só pra citar em 2002 a aprovação dele era de 80% nos EUA, popularidade alavancada pela “guerra ao terror”. Bem incoerente, acho eu. Mas o caso é que pelo menos ao final do mandato enquanto a aprovação de Bush caía, American Idiot continuou lá encima.

21st Century Breakdown
O álbum seguinte a "american idiot" e nono do Green Day, lançado em 2009 é "21st Century Breakdown" (século 21 quebrado). Este álbum é dividido em 3 momentos ou atos: "Heroes And Cons" (heróis e malfeitores), "Charlatans And Saints" (Charlatãos e Santos) e "Horseshoes And Handgrenades" (Ferraduras e Granadas de Mão), onde há dois personagens principais: Christian e Gloria, dois nomes referência ao contexto cristão. Sendo assim a questão da fé é bem mais direta e aparente nesse álbum.
 Como disse certa vez uma revista "em uma imagem maior, era a experiência em ser uma pessoa fora da igreja, a idéia de que ter feto um comentário tão público sobre o ponto de vista Cristão de Bush em American Idiot, ainda o deixava (Billie Joe Armstrong, vocalista e guitarrista da banda) como um punk confuso e isso levou Armstrong ainda mais a fundo no conceito central do álbum." Gloria é ativista cheia de conflitos e tenta se manter em seu idealismo jovem. Christian, é mais explosivo e reativo.
Billie Joe Armstrong: “É um álbum que fala sobre caos e fogo nas ruas, revolta, pessoas marchando rua abaixo com tochas nas mãos, enquanto você faz amor com a sua namorada, eu acho.” "Song of the century" é um mini hino meio retrô que introduz perfeitamente a volta ou saudade de um tempo passado ao mesmo tempo um presente confuso para abrir 21st Century Breakdown.
Em "East Jesus Nowhere" (Jesus do Leste de Lugar Nenhum), por exemplo, eles cantam: "Depositem sua fé em um milagre/ E isso não tem a ver com religião/ Juntem-se ao coro, vamos cantar/ Na igreja da doce ilusão". Confrontando o preconceito religioso que há em relação aos árabes e muçulmanos o Green Day critica o fundamentalismo religioso do seu próprio país, o EUA, que têm e a muito tempo já tinham seus próprios fanáticos com os quais já deveriam se preocupar ao invés de buscar no fanatismo de outra cultura.
Esse fanatismo manifesto já foi citado aqui no blog no post "Waynne e o Jesus Americano" a respeito do pastor Waynne, que tacou fogo no Alcorão jogando na verdade mais combustível na fogueira santa que produz somente ódio entre os muçulmanos para com o EUA.
Em "Peacemaker" (Pacificador), segundo Billie, “É uma canção que fala de como as pessoas podem ser tão vingativas que chega quase a ser um impulso sexual”. Já a “21 Guns” é uma balada poderosa que fala de perda de fé e se questionar pelo que se luta e pelo que se vale morrer. Com um refrão que pede uma salva de 21 tiros para aquele que é renegado.
Billie Joe acerca do próprio álbum diz uma frase bem realista e necessária pra os dias atuais desse início de século quebrado: "Eu acho que qualquer bom Cristão teria algumas belas dúvidas sobre religião.”

Bem, eu como cristão e escriba desse blog posso dizer:
Eu sou cristão e tenho belas dúvidas não de Jesus, mas da religião.

Abraços e que a paz de Jesus no amor, este sim a verdadeira la revolucion esteja conosco.
amém!!!

fontes e citações:
Algumas citações de Billie e comentários foram extraídos de revistas publicadas como Kerrang e Alternative Press e postadas no site The Nimrods (www.thenimrods.com). Agradeço ao site por disponibilizar as matérias.

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