quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Carta às Igrejas Evangélicas Brasileiras, por Igrejas Ecocidadãs.

Carta às Igrejas Evangélicas Brasileiras.

Por Igrejas Ecocidadãs



Entre os dias 15 e 22 de junho de 2012 Igrejas Ecocidadãs estiveram presentes na cidade do Rio de Janeiro para participar da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, mais conhecida como Rio+20 (evento oficial da ONU), e da Cúpula dos Povos (evento paralelo organizado pela sociedade civil).

Como movimento cristão criado para incentivar o envolvimento da igreja evangélica na temática socioambiental, as Igrejas Ecocidadãs conseguiram reunir estrategicamente instituições, igrejas, organizações e pessoas, que deram voz histórica na Rio+20, por meio de acesso ao evento oficial da ONU e atividades autogestionadas na Cúpula dos Povos, que incluíram mesas de diálogo, dia de oração, caminhada pela sustentabilidade, coleta de assinaturas para a petição “Fale por um Mundo Justo e Sustentável” e entrega simbólica de mais de 400 cartões da petição assinados ao ministro Gilberto de Carvalho, entre outras atividades.

Em meio às diversas iniciativas da sociedade civil, as quais buscavam discutir e refletir sobre ações práticas para o desenvolvimento sustentável, o documento final da conferência oficial – com 49 páginas e 283 parágrafos, assinado por 188 países e intitulado “O futuro que queremos” (disponível em inglês e espanhol no site da ONU) – apenas elencou diversos problemas relacionados ao desenvolvimento sustentável, não apontando  caminhos e metas claras e práticas para solucioná-los. Dessa forma, a maioria das decisões efetivas ficou postergada para o ano de 2015, prazo também para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.

Embora entendamos a complexidade de uma negociação por consenso entre quase duzentos países, como cristãos, não concordamos em ter um documento chamado “O futuro que queremos” se este documento não menciona responsabilidades específicas e prazos para adoção de medidas por uma real sustentabilidade. A população mundial já chegou a 7 bilhões e há tempos os limites ambientais de nosso planeta já foram ultrapassados devido ao modelo atual de produção e consumo. Esperávamos, portanto, que este documento exigisse ações mais efetivas, que levasse em consideração os limites ecossistêmicos do planeta e a desigualdade social entre as nações. A sociedade civil, na Cúpula dos Povos, apontou para outro caminho, uma discussão que olhasse o mundo para além da lógica desenvolvimentista, valorizando o ser humano. Pensar o futuro que queremos extrapola a lógica do desenvolvimento e nos coloca diante do desafio de preservar a vida!

Ainda assim, para nós do Movimento Igrejas Ecocidadãs, o resultado desta conferência é positivo, à medida que temos mobilizado a sociedade civil em busca da construção de ações socioambientais que garantam, por exemplo, o acesso universal à água e alimento no curto prazo. Cremos que as discussões da transição para um planeta mais equilibrado devam ser permeadas por uma agenda ética e moral cristã, a qual poderá nortear as principais metas a serem adotadas pelos governos nos próximos anos.

Acreditamos que deve existir diálogo, compromisso e amor entre as gerações para se promover o desenvolvimento sustentável. O cristianismo, neste contexto, tem todo o potencial para ser a ponte ética na construção de alternativas, trazendo significado espiritual, social e ambiental. Cremos que a fé bíblica é essencial para a solução de nossos problemas sociais e ambientais e, por isso, desafiamos as igrejas locais a assumirem os seguintes compromissos:
 1.Reconhecer que o cuidado com a criação de Deus – criador dos céus e terra, fundador do mundo e tudo o que nele existe – faz parte também da missão da igreja;
 2.Arrepender-se de sua omissão no cuidado ao meio ambiente, e repudiar o modo com o qual temos permitido a destruição do trabalho do Criador;
 3.Informar sistematicamente e envolver ativamente a comunidade de fiéis nos temas socioambientais, oportunizando o contato com a base teológica sobre o tema;
 4.Incentivar entre seus membros a adoção de um estilo de vida simples e solidário, modelo vivido e pregado por Jesus Cristo;
 5.Reavaliar o uso e destinação que a igreja faz dos recursos naturais e materiais (água, energia, papel, embalagens, copos descartáveis, lixo, esgoto, etc.);
 6.Envolver-se com a comunidade onde está inserida, a fim de buscar coletivamente soluções para os problemas locais;
 7.Resgatar o vínculo teológico a respeito das questões socioambientais, a partir dos seus líderes e pastores, incluindo seminários;
 8.Envolver-se ativamente com as Igrejas Ecocidadãs a fim de ampliar o debate entre organizações cristãs sobre questões socioambientais e a base de fé cristã;
 9.Ampliar a visão de missão e diaconia, contribuindo financeiramente com projetos socioambientais, prioritariamente locais.

Por fim, o Movimento Igrejas Ecocidadãs reconhece que por meio de Cristo nos reconciliamos com Deus e consequentemente esta reconciliação é estendida a toda a criação da qual fazemos parte e nos relacionamos de forma interdependente. Portanto, fomos chamados a responder a ordem que nos é dada em Gênesis 1:28 e 2:15, onde devemos nos comprometer em agir de forma consciente e cuidadosa.

Igrejas Ecocidadãs é um movimento de pessoas e organizações cristãs que se uniram para incentivar o envolvimento da igreja evangélica na temática socioambiental. Esta união foi impulsionada pela Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (também conhecida como Rio+20) realizada em junho de 2012 na cidade do Rio de Janeiro. Saiba mais sobre Igrejas Ecocidadãs no site
www.igrejasecocidadas.org.br, Facebook e Twitter (@IgrejasEco).

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