quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

O Deus poeta e os seus contadores de história


 Entender a Bíblia talvez não seja a tarefa mais fácil, mas certamente um passeio incrível na história da existência humana, e mais para além disso é sobretudo o descobrir um Deus que se apresenta e ensina através de encontros, através da convivência, um Deus sem-lugar, que sai de si e vem para habitar o homem. A história do Deus que o homem precisa, mas que não é aceitável ao homem (o homem não o aceita); e o homem um ser criado que perde sua condição de vida com Deus e passa a ser peregrino no mundo, tentando encontrar a si mesmo e o próprio Deus que o expulsou do excelso habitat.
Deus em seu amor prepara homens ao longo da história, cujo mundo não os aceitou, da mesma forma que Deus não é aceitável a um mundo caído. Deus prepara uma nação para que dali surja o homem que Deus quer e todos vejam o Deus que o homem precisa.
Assim, ao longo da construção desse novo mundo, homens que seguiram o Deus que havia perdido foram caçados, maltratados e mortos porque expressaram a satisfação em conceder sua vida ao Deus que os cativou, o Deus que se preocupa com a injustiça e nos conclama ao amor. Um Deus que declara e denuncia que não há ética em viver da maneira que cada um ache mais cômodo. O Deus poeta declara pela boca de contadores de histórias os quais chamou-os de profetas, como Paulo, antes perseguidor, posterior fervoroso entendedor; como Jeremias, o profeta que lamenta a destruição de uma nação que poderia ter sido. Ele via a beleza de uma nação que se encontra com Deus; Elias, que desafia aqueles que subvertem a nação e fazem injustiças e levam pessoas a injustiças. Com homens assim Deus desmoraliza a prepotência de impérios, e sistemas de aparência. Assim João Batista critica a moralidade opressora e de aparência e sem essência. Também esse Deus que se manifesta a pessoas comum, simples e do povo, homens da terra, criadores de gado, agricultores, atalaias, também é
Um Deus que fala por meio de cantores como Davi, que também era um simples pastor de ovelhas que possuia espírito de guerreiro e é chamado a ser Rei. O homem que derrubou  um gigante ofensivo, mas que também foi capaz de entoar salmos como o famoso "O Senhor é o meu pastor" (Salmo 23), o qual nele diz que sendo ele Davi pastor de ovelhas tem a Deus como o seu Pastor, pois que se considera como uma ovelha protejida por seu criador e cuidador.
E todos eles carregaram de alguma forma implícita ou explícita uma esperança chamada Messias (Cristo), o qual deveria vir para salvar todo o povo de si mesmo e de toda opressão.
Eis então que Ele, o Messias surge e vem e traz pra si um grupo de pessoas maltratadas que se fez amigos e os quais levou a vida do Messias para dentro das suas e para dentro das casas, anunciando essa boa notícia por Jerusalém, depois Samaria e depois outras partes do mundo, incluindo aí o Império Romano, o opressor do povo de Deus.


O homem mesmo com tantas experiências religiosas ( e aliás religião é a idéia prepotente do homem em se salvar e querer chegar até Deus) jamais poderia entender o que significaria o próprio Deus se desalojar de si mesmo e se formar homem, pois se o homem não pode chegar até Deus, o próprio Deus vem para se achegar ao homem. O próprio Deus anuncia que só há um único caminho, uma única verdade, e uma única vida ( João 14:1-14  ), e que o homem não pode ir até Deus, o Pai; mas Deus vai ao homem. "Ninguém VEM ao Pai senão por mim". (João 14:6 ) E assim Ele vai...

Em resumo podemos dizer que A Bíblia é uma coletânica de cartas, apocalipses (revelações), poesias, sabedorias escritos separadamente por pessoas distintas em tempos diferentes e em lugares variados, mas por ser interligada pelo Deus que fala, canta e desenha no chão (João 8:1-11) se torna íntegra, integra umas partes nas outras, uns livros nos outros, é na verdade um todo. Até porque ela no fim das contas é uma história só por meio de várias histórias que percorrem a vida de pessoas, nações, e sociedades. A história da Bíblia é a história do único e verdadeiro Deus, aquele que deu a vida para que vissemos e testemunhassemos seu amor. É a história da vitória de Deus sobre a inimizade, a qual só gera morte e opressão; e a vitória de Deus passa a ser a vitória humana, uma vez que Deus assumi-se diante da inimizade como o Filho do homem, por ter entrando na sociedade humana de maneira visível como uma bebê e sendo adulto morto por amor, ressucitou, porque ninguém pode matar a vida da vida, provando também que o pressuposto da vida é o amor. E daí surgem todas a perspectiva de existência humana.
E finalmente, um posicionamento Ele nos pede, Ele precisa saber se estamos com Ele ou contra Ele; ou como Ele próprio disse: "se ajuntamos com Ele ou espalhamos"; se aceitamos sua primazia sobre todas as coisas ou se outras coisas valem mais.
Num caminho estreito a vida humana se achega a Deus, porque largo é o caminho da perdição.


Bíblia significa Livros, coletânea de Livros...
Glórias ao Deus dos Livros, o poeta que conta história da vida.
Porque "No principio era Verbo"... (João 1)

Jorge Tonnera Jr.

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