Belo Monte e os Índios do Xingu
Quando a busca pelo progresso confronta-se com a ordem social estabelecida e a legalização da alienação torna-se um programa de governo, resta-nos o "salvem-se quem puder" e as lágrimas do Raoni.
A frase que serve de slogan do executivo atual é um indicativo do tipo de progresso almejado: “País rico é país sem pobreza”, entende-se com isso que a pobreza é um empecilho ao desenvolvimento, um obstáculo a ser superado. No entanto nosso conceito de riqueza não provém de uma única matriz e sim o herdamos de três fontes distintas.
Primeiro do europeu, que chegou em busca de "terras" e não de novos mercados. Dai entendemos riqueza como o chão, a fazenda, o engenho, o sonho da casa própria. Segundo, do negro cujo alvo era a liberdade e o caminho à alforria, que preferencialmente deveria ser "comprada". Segue-se daí o entendimento de que riqueza é o dinheiro que compra a liberdade, a vida sonhada. Terceiro do indígena, que não sendo branco e nem negro, era ninguém. Herdamos daí o entendimento que riqueza é "ser alguém na vida", atingida pelo "canudo", pela faculdade, pelo status Quo.
Por isso a indignação dos índios do Xingu, pois para eles a terra não é riqueza e sim identidade, já para o executivo é o PIB. A capacidade brasileira em gerar soluções para novas demandas certamente não está no trator político que leva na esteira, ou no peito, as ansiedades nacionais, o que prova as palavras do Orlando Villas-Bôas: “Só o branco é predador”
Nesta década nós demos abrigo ao Zelaia, estendemos as mãos ao Armadinejad, já perdemos as contas do troca-troca de ministros, acabamos de aprovar o código florestal que afaga desmatadores. Vergonha? Pelo menos não à mostra, deve estar na bolsa da Jaqueline.
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