segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Jesus e o Consumo Colaborativo: uma vida para além do consumismo.

O paradigma da vida moderna nos leva a seguir em vida a um falso contentamento
e mera satisfação temporária sobremedida vazia em si mesmo cujo espírito é
vaidade de vaidade.  como diria o Pregador em Eclesiastes, livro bíblico contendo
as reflexões do Rei sábio Salomão, filho do Rei Davi, que teve de tudo na vida: Vaidade de vaidade. Tudo é vaidade". (Eclesiastes 1:2) Salomão teve de tudo em termos de consumo de sua época...Em nosso tempo onde temos muito mais
coisas para consumir tomamos tal paradigma "Vaidade de vaidades" mais ainda evidente e desse nosso tempo se resume a
síntese de "Use menos e compre mais."


Com a percepção de que estamos direcionando nossas práticas de vida e associações a um algo velozmente provisório e um eterno desuso, surgiu uma contracultura que se opõe a esse tendência. É o "Consumo Colaborativo", cuja ideia pode ser dita da seguinte maneira: "Use mais e produza menos".

João Batista protestava admoestando e exortando em favor de um desapego aos usos e consumos que aprisionam tanto o nosso emocional (pisco) quanto a matéria (a natureza), ao aprisionamento do produto do excesso. Dizia que "aquele que tem duas tunicas
reparta". (Lucas 3:11-12)



Como o mundo tem sofrido cíclicas crises econômicas e sociais, assim como uma
progressiva decadência de recursos ambientais, na tentaiva de sobreviver a esses
intempéries e externalidades algumas pessoas tem criado ou recriado serviços como opção a uma economia para além do pensamento de crescer por crescer ou crescimento acelerado, enriquecimento por enriquecimento. Com isso iniciativas como a criação de redes de interesses múltiplos de usos e consumos tem sido interessante.



Por exemplo, o sistema de compartilhamento de carros em que se dá carona. Ou ainda um compartilhamento de carros em que se paga por hora. Tem-se ainda uma loja de aluguel de brinquedos infantis, ou ainda mercado de troca e aluguéis de livros, utensílios domésticos, ferramentas, bicicletas etc. Até mesmo aluguel de espaços desde quartos nas casas a jardins. sites de aluguel de coisas tem se tornado atraente. Nesses espaços virtuais ou reais onde se formam redes, qualquer coisa pode ser uma necessidade momentânea e
passageira sem ser consumista, pois o problema não é ser momentâneo, mas o que  fazer depois sem ter o que fazer, aprisionando matéria.

Uma das redes mais interessantes é a rede Freecycle, que existe em vários lugares do mundo, inclusive aqui no RJ (Rio_Freecycle), onde virtualmente se oferece coisas para as pessoas, coisas essas que quem oferece deseja não mais ter e ao repassar para outrem com isso não gerar lixo. Para participar desta rede do Rj acesse http://groups.yahoo.com/group/Rio_Freecycle/join. Para outros lugares é possível encontrar outras redes pela internet. Tem-se também o "Dois Camelos", aplicativo do facebook com mesmo intuito: http://apps.facebook.com/doiscamelos/



Ninguém nesse caso é obrigado a trocar nada, muito menos se compra nada. Essa rede também pode ser feito presencialmente em dias especificados, o que acaba mobilizando a comunidade local, vitalizando ela através do contato entre essas pessoas e nas conversas sobre suas coisas acaba-se construindo novas relações afetivas e pessoais. Esse mesmo conceito e ideia é aplicado para "Loja grátis", que é um determinado espaço físico como
loja onde nada se vende nem se compra apenas se dispõe de coisas que uns não querem mais e outros se interessam em levar.

Um outro exemplo de consumo colaborativo muito impactante vem de uma comunidade da cidade californiana de Sacramento, onde vizinhos se uniram para trocar alimentos e evitar o desperdício de comida. Nesse caso cada um leva o que sobrou de sua colheita e troca por algum item que ainda não tem. O que sobravam nas suas hortas e quintais poderia virar moeda verde, um escambo para mais opções de almoço. Assim criaram o Crop Swap, uma espécie de feira livre grátis. Vale dizer que isso gerou um mutirão de voluntários que constroem hortas de vizinhos. Reparem que o "benefício final" nesses circuitos fechados é
sempre o aumento das relações humanas, uma vitalidade comunitária em termos de
relacionamento.

Outro exemplo que conheci e achei muito interessante como fonte de desenvolvimento comunitário sustentável a partir de um consumo colaborativo em torno de trocas foi o "Projeto Limpar", da ONG Ceaca da Vila, no Morro dos Macacos. Lá no Morro as pessoas trocam materiais recicláveis por alimentos. O material é pesado e convertido em moeda verde sendo revertido em benefício soioeconômico e ambiental.

Tudo isso é a transformação do bem em serviço, o que dá o ar de mudança de paradigma gerando um novo pensamento para além do "eu", um pensamento de que "o que é seu, também é nosso". Tudo isso contextualizado na teoria ecológica-econômica dos 3RS: "Reduzimos, reutilazamos, e reciclamos". Rumo a uma menos materialização da economia para um foco mais de serviço. Consumo colaborativo não pressupõe troca monetária, mas havendo há de ser de maneira justa. Valendo-se de uma remodelagem de trocas de informações através das manifestações do conceito de redes, sobretudo por meio do advento da internet, tem-se aí as chamadas redes sociais, que vão se abrindo a novas oportunidades e dando-se a conhecer ao mundo ideias inteligentes. Preocupação com o meio ambiente e mobilidade econômica, formas de viver alternativas ao capitalismo predatório são propulsoras desses movimentos, já que o mundo tem demonstrado que o modelo de desenvolvimento que se tem nos dias de hoje é limitado e expurga a vida quando chega em determinados pontos. Daí também o contingente de mão de obra de reserva do capitalismo (desempregados).
O consumo individual não é para todos e sendo excludente promove frustração a pretexto do lema de que "todos são iguais" e assim tem direito a ter o que o outro tem. A máxima, no entanto, não diz que todos precisam ter tudo. Isso de ter que ter tudo o que o outro tem é um grande erro de interpretação dessa famosa expressão. É um grande engano querermos ter tudo o que o outro tem, e ainda por cima querermos nossa igualdade através do consumo. Assim sendo precisamos rever esse pensamento de igualdade.
O consumo mútuo vai além dessa mentalidade. Apesar de se beneficiar de algo que alguém já teve ou ainda tem, nos oferece uma oportunidade de saber que igualdade não vem por estar com algo que alguém já teve ou tem, mas em se reconhecer humano por meio dos seus relacionamentos. Nossa identidade está não naquilo que temos, mas na forma que nos relacionamos. Assim nossa identidade é restaurada (Isso foi o que Jesus fez ao ser humano: restaurou sua identidade) e ainda possibilitamos movimentação de matéria e de economia, oportunidade melhor de vivermos, ter novas relações e menos consumo da natureza sobreexplorada. 



Fica uma linda lição baseada na Bíblia:
“Os que compram”, diz ele, devem agir “como se nada possuíssem; os que usam deste mundo, como se dele não abusassem. Pois a aparência deste mundo passa” (de Autoria / Fonte: Adriano Anthero baseado na Bíblia). O apóstolo Paulo nos lembra que "nada trouxemos para este mundo, e nada podemos levar dele; tendo, porém, sustento e com que nos vestir, estejamos contentes." (1 Timóteo 6:7-8).  Jesus nos admoestou lindamente quando nos lembrou que os lírios e os pássaros nada têm e possuem suas respectivas glórias prórias dadas por Deus e que Deus como pai nos permite  viver o necessário sem precisar de algo mais (Mt 6.25-34). Ou seja, a solicitude da vida ansiosa não satisfaz, mas a vida amorosa se satisfaz em ser e não em ter. Por isso mais uma vez Paulo lembra que  "Mas os que querem ficar ricos caem em tentação e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, as quais submergem os homens na ruína e perdição." (1 Timóteo 6:9)
Aprendamos com aquele que é Dono de Tudo, mas que considerou ser livre de tudo,
pois que "Ele entrou neste mundo num ventre emprestado e saiu dele num sepulcro
emprestado (Adriano Anthero)." Aquele que tem não se sinta dono de nada! Como 1Coríntios 7:30 seja "Os que compram, como se não possuíssem".

No Cristo que se doa e doa a própria vida para entrar na nossa afim de nos  reciclar,
Jorge Tonnera Jr.
Amém, Aloha!




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...