segunda-feira, 11 de abril de 2011

A busca pela liberdade que todos procuram e as trincheiras cavadas dentro de nós

Na dificuldade de escrever sobre esse fatidico assunto do atentado à escola Tássio da Silveira, até por não querer, até por ter ouvido tanto e terem usado tanto, mas também por isso talvez seja importante uma outra reflexão, e tento passar um pouco do que senti nesses últimos dias. Lembro que no dia do atentado foi horrível. Me senti muito mal e não queria sair de casa para trabalhar, porém não com medo, mas estava com desânimo e pesar. Ao longo do dia e dos dias que se seguiram vimos muitas coisas sendo contadas na Televisão a respeito deste caso. Muitas informações repetidas e por que não dizer até apelativas...


A busca pela liberdade que todos procuram

Gostaria de escrever talvez o que nenhum psicólogo ou sociólogo nos informou. O que ninguém que não coloque o evangelho em sua ótica pode nos informar. Só quem entendeu o evangelho do Cristo Jesus pode saber. Que aquele rapaz que entrou numa escola de Realengo portando armas e atirou em várias crianças matando 12 destas no fundo não procurou nem justiça nem vingança, mas sim liberdade. Eu sei que isso que estou dizendo pode até chocar, mas o fato é que todos nós procuramos pela tal liberdade, e geralmente
começamos tal procura sem ao menos saber o que ela é, e apenas sentindo um anseio e a necessidade de vida dela. Pessoas procuram liberdade de diversas formas. Através do consumo, outros em ter conquistas, dinheiro, outros com drogas, alguns através do sexo e outras pessoas através de outros prazeres, algumas pessoas procuram a liberdade em outras pessoas em relação a se entregarem a estas, e uma parcela de pessoas através da destruição total dos outros e por fim, alguns através do suicídio.


Olhando de cima ou de baixo? Liberdade não é um ângulo de visão.

Jesus disse para um certo grupo de judeus a respeito de liberdade dizendo a eles que se eles conhecessem a verdade verdadeiramente eles seriam libertos (João 8:32), ao que estes não gostaram de tal afirmação e reinvindicaram sua posição de pessoas livres ao contrário de seus pais que eram escravos por conta do exílio. Estas pessoas a quem Jesus se pronunciou,  por terem nascidos fora do exílio, fora da escravidão formal, se achavam os mais livres. O caso é que Jesus estava se referindo a si mesmo como a verdade. Eis que Jesus os explica que a escravidão deles não estava no fato de serem ou não reféns de alguém, de algum governo ou de algum grupo ou nação, mas sim de pensamentos, e mais ainda da condição humana de pecadores que todos nós temos (todos somos pecadores não por pecármos, mas pecamos por sermos pecadores). Nós na verdade somos reféns cativos de nós mesmos. E cada um de nós tentamos nos livrar e tentamos ser livres e independentes de tudo e de todos a nossa própria maneira. Estar acima de um mundo ao nosso redor que nos cerca e nos oprime com problemas que só mudam de nomes. É importante também salientarmos que a definição de mals e bons nossa é diferente da de Deus. Jesus, o verbo divino, diz que do nosso coração é que procedem os homicídios e tantas outras maldades (Marcos 7:21). Assim nos tornamos aquilo que cultivamos em nós mesmos. Quem de nós não já teve sentimentos de homicídio? Se dissermos que nunca tivemos estaremos comentendo pecado por mentir e ao mesmo tempo chamando Jesus de mentiroso. Por isso eu repito: Quem de nós não já teve sentimentos de homicídio? Se assim não fosse o mandamento contra homicídio não estaria entre os famosos 10 mandamentos da Lei de Deus da Antiga Aliança. Naquele momento somos aquilo o que pensamos em nossa mente. Esse rapaz que destruiu tantas vidas e acabou se destruindo foi realmente muito covarde, bem mais do que nós, não conseguiu cortar o mal que cultivou e que foi várias vezes regado por pessoas que o oprimiu assim como a própria forma que a sociedade vive e se organiza. Não se trata de atenuar o assassino, mas de reconhecermos em nós a violência que habita na gente todo dia e em todas as partes desse planeta, e daí buscármos a nossa salvação, haja visto que jamais conseguiremos nossa alforria de nós mesmos, mas tão somente aquele que é capaz de nos libertar de nós mesmos e do cativeiro da corrupção, bem como da vaidade da vaidade, Jesus Cristo, filho do Deus vivo, o homem que morreu assassinado por meio da nossa falsa "liberdade" para que tivessemos a verdadeira liberdade na verdade do amor, pode fazer isso.


Na noite de 09/04/2011 em São Paulo o U2 terminou o show com a música "Moment of Surrender", em que Bono lembrou das vítimas do atentado em Realengo.



"Moment of Surrender"

Me amarrei com fios
Para os cavalos correrem livres
Brincando com fogo até que o fogo brincou comigo
A pedra era semi-preciosa

Nós estavamos semi-conscientes
Duas almas espertas demais para estar no reino da certeza
mesmo no dia do nosso casamento

Nós nos colocamos em chamas
Ó Deus, não negue ela
Não é se eu acredito em amor
Mas se o amor acredita em mim
Oh, acredite em mim

No momento da rendição
Eu fiquei de joelhos
Não prestei atenção nos transeuntes
E eles não prestaram atenção em mim

Eu estive em todos os buracos negros
No altar da estrela negra
Meu corpo se tornou um recipiente de esmolas
Que esta implorando para voltar, implorando para voltar
Para o meu coração
Para o ritmo de minha alma
Para o ritmo da minha inconsciencia
Para o ritmo que se lembra
Para ser libertado do controle

Eu estava apertando os numeros de um caixa eletronico
Eu podia ver no reflexo
Uma face me encarando
No momento da rendição
De visão sobre visibilidade
Eu não prestei atenção nos transeuntes
E eles não prestaram atenção em mim

Eu estava correndo no metro
Pelas estações do cruzamento
Todos os olhos olhando para o outro lado
Contando para quando a dor iria parar

No momento da rendição
De visão sobre visibilidade
Eu não prestei atenção nos transeuntes
E eles não prestaram atenção em mim


Nossas trincheiras estão cavadas dentro de nós

 
 A banda U2, em sua música mais dramática, mais emblemática e mais contra a violência, que se chama "Sunday Bloody Sunday", diz que nossas trincheiras estão cavadas dentro de nós, e de fato é, pois nós consrtruimos uma cultura de morte e não podemos agora isolar esse caso. Depois eles cantam "How long? How long sing this song? How long?" (Até quando? Até quando vamos ter que cantar esta canção?, se referindo a própria canção "Sunday Bloody Sunday". Não podemos esconder os fatos. Por isso mesmo não podemos colocar aquele rapaz como monstro e nós os bonzinhos. De fato ele foi um monstro, mas somos tão bons quanto pensamos que somos a ponto de não nos colocármos no lugar de assassinos como ele?
 Muitas vezes nos colocamos como tão distantes e diferentes daquilo que não queremos ser, mas que no fundo temos ao menos um pouco daquilo que estamos negando. Nas escolas sempre existiu, eu mesmo já sofri bullyng, mas também dei bullyg, e se algum dia essa pessoa a quem eu dei bulling vier a destruir as pessoas, será que eu não terei ao menos algo de responsabilidade sobre isso? Eu creio que sim, pois eu ajudei a construir aquela pessoa. Influenciamos e somos influenciados. Nós formamos o meio e somos formados por ele. O quanto essa reciprocidade em termos de proporção e o tipo de conhecimento que temos e o que nos sensibiliza talvez seja o que define o que vamos ser. Diz o livro do "Pequeno Príncipe" que nos tornamos responsáveis daqueles que cativamos. Mas e o inverso? Será que somos responsáveis pelos que não cativamos, ou melhor pelos que ofendemos, destratamos, ridicularizamos ou humilhamos? Será que não ESTAMOS CRIANDO “MONSTROS” NA CALADA DA NOITE e nós somos estes monstros? A cultura da violência ou cultura da morte está em todo lugar, nas ruas se ouvem palavrões dos mais agressivos de crianças para crianças, e se ouvem músicas que cantam agressividade, machismo, sentimentos de superioridade e egolatria, coisificação do homem e da mulher, relativizam o mal, além de apelo a maldade, ouvi-se todos os dias conversas que adultos não se detém nem diante de crianças que estão brincando ao lado, e ligamos na televisão almoçamos assistindo inertes a programas policiais sensacionalistas que privilegiam os casos de violência, além de vários programas nos horários seguintes que fazem a gente mastigar violência gratuita, assim como os games colocam a violência em evidência sendo você o participante definindo os rumos de seu personagem ou avatar. De casa ao trabalho e do trabalho a casa as pessoas competem até para ver quem senta primeiro no assento do metrô, e o pior é que ainda acham graça, e aí no dia seguinte compram jornais que privilegiam o linguajar violento e debocham das desgraças alheias como o Meia Hora ou O Extra, O Expresso (jornais ditos populares aqui do RJ) para depois chegármos em casa e ver as mesmas notícias no telejornal, que em sua maioria está cheio de violência. E aí ligam a tv para assistir novela e tome mais violência e reprodução de imaginário coletivo, (re)construções de sentimentos coletivos. Não se trata de discutir esse imaginário, mas de apenas simular e reproduzir o mais próximo do real possível,e daí esse ciclo vai se repetindo. O que aconteceu aconteceu nesses dias, mas poderia ter acontecido faz tempos, pois vivemos imersos nessa cultura de violência.



Leiam a já citada letra de "Sunday Bloody Sunday" na íntegra.

"Sunday Bloody Sunday"
Não posso acreditar nas notícias de hoje
Não posso fechar os olhos e fazê-las desaparecer
Quanto tempo, quanto tempo teremos de cantar esta canção?
Quanto tempo, Quanto tempo?
Porque esta noite
Podemos ser como um, essa noite


Garrafas quebradas sob os pés das crianças
Corpos espalhados num beco sem saída.
Mas eu não vou atender ao apelo da batalha
Isso coloca minhas costas, coloca minhas costas contra a parede.


Domingo, sangrento domingo
Oh, vamos lá!


E a batalha apenas começou
Há muitos que perderam, mas me diga: quem ganhou?
As trincheiras cavadas em nossos corações
 mães, filhos, irmãos, irmãs dilacerados.


Domingo, sangrento domingo
Domingo, sangrento domingo


Quanto tempo, quanto tempo teremos para cantar esta canção?
Quanto tempo, quanto tempo?
Hoje à noite
Nós podemos ser como um, esta noite.
Domingo, sangrento domingo.
Domingo, sangrento domingo.


Enxugue as lágrimas de seus olhos
Limpe suas lágrimas.
Vou limpar suas lágrimas. (2x)
Vou limpar os seus olhos vermelhos.


Domingo, sangrento domingo


E é verdade que somos imunes
Quando o fato é ficção e a realidade da TV.
E hoje milhões choram
Comemos e bebemos enquanto eles morrem amanhã


A batalha real apenas começou
Para reivindicar a vitória de Jesus
Em...


Domingo, sangrento domingo
Domingo, sangrento domingo




Não sei se consegui chegar no raciocínio que eu gostaria, mas de qualquer forma a coisa é que tudo na nossa vida se resume em falta ou presença de amor. Tudo o que preciso é amor...mas muito mais amar do que ser amado. Apenas ame, foi isso o que Jesus nos ensinou...

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