quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Relação Eco-teológica do Dia de Ação de Graças e o Dia Sem Compras

Você já pensou nas coisas que você tem? Você já imaginou as suas demandas? Já se perguntou a respeito de suas necessidades? Já pensou em quanto você é abençoado por ter o que comer? Já agradeceu pelo Senhor ser sua provisão? São perguntas importantes para refletirmos sobre nossa vida.


Hoje, 25 de Novembro, quarta quinta-feira do mês de novembro, se comemora o Dia de Ação de
Graças. Uma comemoração que considera um tempo para agradecer a Deus por toda as suas
bençãos ao longo do ano. Não é que não devamos agradecer todos os dias. Gratidão é muito
bom. Poder agradecer a Deus pelo dia, por acordar, por ter o que comer, por beber, pelos
amigos, por qualquer coisa que te move e produz sentimento de viver.


Mas muito mais que a necessidade de se expressar gratidão a Deus enquanto individuo-
espécime e parte de um todo, é a necessidade de expressar gratidão enquanto povo. É a lógica
de comunhão. O Deus, o eu, o outro.





A gratidão é propagada por várias razões e em várias partes da Bíblia.
"Bom é render graças ao Senhor..." E outra vez: "Entrai por suas portas com ações de
graças..." (Sl 92.1 e 100.4).


"Tudo o que fizerem, seja em palavra ou em ação, façam-no em nome do Senhor Jesus, dando por meio dele graças a Deus Pai". (Colossenses 3:17)


De 10 leprosos que Jesus curou somente 1 voltou para agradecer.(Lc 17:11-19 )


O Dia de ação de graça é uma festa originada em gratidão a provisão, a benção de ter o necessário, ao consumo necessário. E ela se estende ao domínio da nossa vida como um todo: o simples fato de existir e estar vivo, pois tudo o que Deus faz é bom, e nossa vida é um presente. O Dia de Ação de Graça é reconhecer que Deus nos abençoou ao longo do ano. Deus é nossa provisão. Ele provê tudo o que precisamos. Cuida de nós e nos protege.


+ Um Dia de Ação de Graças e visão ecológica.+


Na Catedral Presbiteriana, a qual sou membro, entregamos frutas. Entregamos nesse dia junto ao altar frutas de nossa preferência, como símbolo de gratidão a Deus por tudo o que Ele nos fez. Eu, por exemplo, entrego banana e maracujá, pois são as minhas frutas preferidas e as que mais consumo ao longo do ano e semanalmente. O alimento é posteriormente doado pela igreja.


A fruta simboliza muito melhor que o peru dos americanos. Peru estes que em sua maioria são
engordados de maneira degradante e bizarra. Penso que comê-los para comemorar gratidão seria talvez uma ofensa a Deus. Já a fruta, é o alimento físico primordial. Se formos pensar na criação e na redenção, vemos em Gênesis e no Apocalipse, a presença de árvores que dão frutos de vida. E ecologicamente, os frutos também são alimentos primordiais, pois os vegetais são o alimento ideal do ser humano, e são os seres vivos que permitem que a energia chegue a toda a cadeia alimentar. É o alimento que dispõe mais energia, pois a cada passagem trófica entre um nível e outro, apenas 10% da energia alimentar se aproveita. Assim quanto mais acima na cadeia alimentar menos energia se aproveita.


+E se juntássemos o Dia de Graça e o Dia sem Compra?


Você já ouviu falar no Dia sem Compras???



Dia Sem Compras – ou ‘Buy Nothing Day’, no original –, é um movimento voluntário de
simplicidade voluntária, que propõe uma pausa na rotina de compras.
É originado da crítica às consequências ambientais e sociais do consumismo.

Nos EUA e Canadá, a data ocorre na sexta-feira após o feriado de Ação de Graças, quando
lojas e centros comerciais recebem um grande número de visitantes antecipando suas compras
de Natal. A data do Dia sem Compras é sugestiva. O Dia sem Compra também é uma resposta ao consumismo americano que em 1939, por intermédio do presidente Franklin Roosevelt, instituiu que o Dia de Ação de Graças deveria deixar de ser celebrado na quarta quinta-feira do mês de novembro para ser celebrado na terceira semana de novembro, isso para que alavancasse o comércio, aumentando o tempo
disponível para propagandas e compras antes do Natal (À época, era considerado inapropriado
fazer propagandas de produtos à venda antes do Dia de Ação de Graças).






Para os cristãos essa idéia de Dia sem Compra pode ser um ótimo dia para prestar graças a Deus por Ele ser a nossa provisão e a maior de todas as necessidades. Na verdade, se formos pensar, Ele é a única necessidade verdadeira, pois quem está com Deus tem tudo o que precisa. Jesus nos ensinou lindamente pregando contra a ansiosa solicitude pela vida, em Lc 12.22-34, onde fala que Deus sustenta pássaros e lírios, e quanto mais o ser humano; diz que A VIDA É MAIS DO QUE O ALIMENTO E O CORPO MAIS DO QUE A ROUPA. Também fala que " "Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que procede da boca de Deus. " (Lc 4.4)


A tradição judaico cristã possui experiências reflexivas como o Jejum, legisla sobre
período de descanso (shabath) e de período de não produzir (descanso da terra), coisas que tem uma certa relação com a idéia de parar a rotina de consumo.
Tanto o Dia de Ação de Graças como o Dia sem Compras, embora aparentemente distintos, são
na verdade um convite a sociedade repensar seus valores, suas prioridades, necessidades e
satisfações.


A cultura do consumismo cada vez mais propaga a idéia de que "quanto mais melhor", e cresce o
problema do “ter para ser”. Não é o consumo que é um problema, mas a maneira que consumimos
e geramos esse consumo, e o que fazemos com esse consumo, o pré-consumo (a busca de matéria
prima) e pós-consumo.


É o excesso de produção e consumo sem consciência que está gerando efeitos cascatas como aumento
de efeito estufa, desconforto social, desconhecimento da vida e inclusive de si mesmo,
degradação gerada por excesso de lixo, esgotamento de recursos naturais renováveis e não
renováveis e por aí vai.


O nosso pecado começou com um consumo, Adão e Eva resolveram que comer o fruto do
conhecimento do bem e do mal seria uma opção interessante. Esse foi o primeiro consumismo.


E sabemos no que deu...






Seja o Senhor a nossa provisão. Graças a Deus por tudo!


Jorge Tonnera Júnior

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