domingo, 8 de abril de 2012

Páscoa: a história de um relacionamento. da libertação a identidade.

Essa não é a história de uma religião. É a história de um relacionamento.
Cristianismo, não é uma religião; mas sim um relacionamento. (Podemos dizer que o cristianismo histórico, esse sim é religião, a religião do Constantino. No entanto o cristianismo enquanto o relacionamento de Deus com o homem e toda a sua criação, bem como do homem com o todo não é religião, nem tão pouco algo institucional. Jamais poderia ser institucionalizado). Todo império tem sua religião, mas porquanto o Reino do céu ser apenas a plena vontade do Deus vivo,e não um império, podemos afirmar que a vontade de Deus é o maior relacionamento que existe.


 São duas palavras que começam com o mesma prefixo "RE": Religião e Relacionamento. Enquanto Religião vem de "religar", é a babaca hipótese arrogante de chegar a Deus. Já o cristianismo, enquanto Relacionamento é Deus chegando ao homem.
Impossível pensar que o homem poderia chegar a Deus. É como diz CS Lewis autor de Crônicas de Narnia: "Se Deus não se revelar ninguém pode conhecê-lo".

Ele não somente se revelou como revelou quem somos. Através dele vemos o homem que Deus quer e o Deus que o homem precisa. Essa mesma pessoa homem e Deus é presa e sofre diversas humilhações, espancamento, tortura, há quem pense até que passou nessa sessão de tortura abuso sexual. Mas sendo ele portador de toda causa e fim, de todo amor e tendo consigo a vida que jamais seca foi crucificado. Três dias depois ressucitou. E mais! Ele também prometeu voltar.

... Mais de 2.000 mil anos depois e Jesus ainda não voltou como prometido... o que poderia frustrar qualquer pessoa e levantar toda sorte de piada e negação dos críticos de seus seguidores e daqueles que torcem para que Deus não exista.

Mas mesmo assim creio que ele voltará, ainda que demore mais 2.000 anos, se preciso. E por quê??? Qual apoio tenho eu? Que base sólida tenho para continuar visando essa expectativa???

Creio pelo simples fato do que ele pregou: o amor; ter sido tão coerente, tão atual, tão pessoal e íntimo quanto um pai falando com um filho no ouvido bem de perto. Creio porque o significado final de Páscoa é que o amor liberta! Que amando por meio dele já não seremos mais cativos do pecado, o qual nos mantinha presos. Creio que por isso é uma questão de respeito a verdade. Respeito também a verdade porque ele ensinou tudo o que precisávamos, não deixando nada faltando. E é também uma questão de respeito a verdade porque ninguém foi como ele. Uma visão superficial nos levaria a enquadrá-lo como ingênuo, louco, um mestre como outros, mas uma visão profunda, a qual somente pela Bíblia compreendida de geneses a apocalipse nas entrelinhas de seus contextos narrativos e culturais pode entender realmente não só o Jesus histórico como entender que o Jesus histórico e o da fé são a mesma pessoa, e que o Jesus histórico é o Jesus atemporal, ou como "Eu Sou o que sou". O mais humano dos humanos,e o único Deus revelado encarnado.

Páscoa não é uma simples questão fé, mas uma profunda e crítica prospecção, introspecção e reflexão filosófica de quem somos e o que podemos e deveríamos ser.

Vejamos um detalhe pouco percebido nos acontecimentos que se seguem à ressurreição de Jesus Cristo. Pouco tempo depois de Jesus ressucitar, então Maria que era sua discípula foi o procurar e não encontrou o corpo do Senhor Jesus. Mas logo em seguida Maria olha e próximo dali lá estava o Senhor Jesus possivelmente lavrando a terra, pois Maria pensou que Jesus fosse o jardineiro daquele local e ali havia um horto (João 19:41 e João 20: 11,17). Leia Geneses e veja se isso te lembra alguma coisa: "Ora, o Senhor plantou um jardim no Éden e pôs nele o homem para o cultivar e o guardar."(Gn 2:15) Há um interessante e extraordinário paralelismo entre esses dois textos. É Jesus em termos simbólicos dizendo: "Resgatei a identidade e a vida do homem, aquele que eu coloquei para lavrar a terra.
Vamos repensar mais ainda esse fato. Depois de Jesus ressucitar ele é confundido com um jardineiro por Maria Madalena, conforme já dito, pois possivelmente Jesus estava lavrando a terra ao lado do sepulcro, já que ali tinha um horto, segundo a Bíblia. Ok. Talvez você possa pensar que ele estivesse simplesmente guardando sua identidade. De fato isso tem a ver com identidade. Mas principalmente tem a ver com a nossa identidade. Na verdade ele estava é simbolicamente recriando o homem Adão do Geneses em termos de função. 
Fico imaginando, que Jesus, poderia muito bem sair fazendo todo um barulho, ridicularizando aqueles que o humilharam. Poderia sair com uma pirotecnia pra dizer: "voltei hein!". Mas não, ele simplesmente preferiu voltar-se para a singeleza e humildade de identidade do ser humano atribuida ao cultivo e guarda da terra, simplesmente. Esse é o Deus que devolve ao homem o verdadeiro homem/humanidade, e por conseguinte quem é o Deus verdadeiro para habitar com o homem. Jesus lavrava a terra como símbolo de ter ele resgatado a identidade do homem, já que a identidade nossa está no cultivar e guardar a terra, pois que Deus nos colocou no Horto do Eden para desenvolvermos a vida a partir da terra. Interessante e emocionante. demais.
Considerando que o jardim do Eden mais provavelmente era um Horto, e não um jardim como entendemos literalmente num sentido europeu, em termos ecológicos ser criado (o homem Adão) dentro de um Horto e fazendo a gestão ambiental como um jardineiro é uma visão muito mais interssante quanto tanto mais real e profunda. Na Bíblia o que é profundo te leva mais a realidade. Paradoxal como sempre. Senão não seria meu amado Jesus. rsss

Quer comemorar a Páscoa? Fica a dica. Plante uma árvore, abençoe o solo através de uma semente, a qual crescerá tal árvore e esta abençoará muitos animais e muitas pessoas com seus serviços ecológicos e seu valor intrínseco. Ressucite uma área degradada, prejudicada, suja, destituida de valor ou de identidade, uma área morta culturalmente, e você levará vida e identidade a um povo. Ir pelos campos para abençoar os solos e as semeaduras ainda hoje faz a Igreja Ortodoxa na manhã de Páscoa.




 Somos libertos e livres para amar e com através desse amor desenvolvamos a vida na terra em todos os sentidos que isso possa ter. 
Páscoa é comunhão plena. É comunhão com Deus, com o homem, com todos os demais seres e com a Terra, pois o Deus intangível e infindável se torna organicamente visível (encarna) e ceia a nossa liberdade pelo amor e nos tira do cativeiro do egoísmo e da destruição.

Aleluia. Hosana!

Ora, vem Senhor Jesus.

Jorge Tonnera Jr.
Biólogo educador e gestor ambiental



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