terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Encontro de árabes e israelenses




Por Vera Haddad


“Vi meu pai ser levado pelos israelenses na porta de casa, durante o período do toque de recolher imposto por Israel, porque ele estava na rua naquele dia. Eu assistia pela televisão àquela revolta toda, mas quando aconteceu com minha família foi terrível. Após alguns dias, ele foi solto”, contou uma cristã palestina que vive na Cisjordânia. A jovem participou pela primeira vez no ano passado de um encontro do projeto Musalaha, apoiado pela Portas Abertas Internacional. A tradução dessa palavra árabe é justamente o que aquela jovem precisava: perdão e reconciliação.


Tímida, de voz suave e tranquila, Najla compartilhou como foi a experiência de ter participado do encontro entre cristãos palestinos e judeus messiânicos no deserto, durante o retiro organizado pelo Musalaha. Para ela, esse encontro não é um retiro comum. Quando se vive em uma área de conflito e disputa, onde uma parte do povo tem seus direitos de ir e vir controlados, é natural o ódio e a raiva falarem mais alto. Daí a extrema importância do Musalaha na vida dos cristãos.


Já Ahmar, um palestino falante fã de futebol brasileiro, compartilhou que a pior parte para ele foi dormir na mesma tenda de seu “inimigo”, referindo-se ao sentimento que teve ao estar lado a lado com um judeu. “Eu não conseguia dormir, ficava pensando em tudo o que meu povo sofre e foi muito difícil. Outra dificuldade, é estar montado no camelo e um israelense ir puxando o animal. Estamos nas montanhas e qualquer direção errada que o animal tomar, rolamos precipício abaixo. E é a partir daí que desenvolvemos a confiança um no outro e percebemos que dependemos da outra pessoa. Precisamos da ajuda dela”, completa o jovem.


Tudo isso é proposital. Durante esse encontro no deserto, em uma área neutra, as atividades são pensadas para desenvolver o relacionamento, convívio e confiança entre aqueles cristãos que, além de Jesus, têm em comum o sofrimento e o medo. O objetivo do Musalaha é reconciliar cristãos palestinos e judeus messiânicos e estender esse sentimento a outros não convertidos.

DESAFIO


Centenas de milhares de pessoas que vivem em Israel e na Palestina enfrentam desafios diários, independente de sua crença religiosa. A história daquela região desperta curiosidade e indignação, com o agravante da falta de informação e incompreensão real dos motivos que impulsionam o conflito emblemáticos entre israelenses e palestinos. Em meio a tudo isso, a Igreja de Cristo sofre em ambos os lados. Esse sofrimento não tem referência somente com a iminência de ataques e bombas. As disputas e invasões que acompanham a vida daquelas pessoas muitas vezes encontram um outro agravante: quando árabes e judeus se convertem, precisam exercitar aquilo que é o resumo do evangelho: o amor.


Começa então outro tipo de guerra: a guerra interna entre a “carne e o espírito”. A velha natureza parece impulsionar o ódio contra um povo que matou parentes, amigos ou invadiu implacavelmente áreas e residências. Os cristãos que vivem lá muitas vezes são tratados em uma área que, para a Igreja livre, não é necessariamente a primeira a ser tratada: o perdão. São ensinados a perdoar seus inimigos, a amá-los e a orar por eles e com eles. Difícil para nós? Imagine para eles. Na contramão do que estão acostumados, é preciso reconciliação.

Este ano, o Musalaha promoveu o encontro com 34 jovens estudantes no deserto. Mais uma vez, judeus messiânicos e cristãos palestinos enfrentaram a superação pessoal, em busca do real significado da palavra Musalaha. O mesmo significado do que Jesus resume em seu ministério: o perdão de nossos pecados e a reconciliação com Deus, através dEle. Ore por este projeto da Portas Abertas e continue contribuíndo em 2012.


Fonte: Revista Portas Abertas, vol. 29 nº 12.





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