sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Ecologia, rock e vida: Oils, Warumpi e Spys

Bandas australianas da década de 80, cujo sucesso percorreu os anos 90, ainda hoje ecoam nos meus ouvidos. Devido ao som, mas também à criatividade e sobretudo a honestidade, guardo essas bandas no coração. São minhas bandas preferidas. Ainda mais legal o fato delas falarem de ecologia em suas letras.

v Spy v Spy
O v.Spy v.Spy, ou Spy vs Spy, como ficou mais conhecido aqui no Brasil, surgiu em 81 na periferia de Sydney. A região por concentrar injustiças e criminalidade resultou
em uma banda de rock de opinião e cheio de energia. Jovens e surfistas entenderam o som mais consciente. Lançaram seu primeiro álbum de nome "Harry's Reasons?" em 86, contendo letras que abordaram temas sociais e políticos. O nome da faixa-título e álbum fala de um amigo (Harry), usuário e viciado em heroína. Os lançamentos seguintes mantiveram o pensamento contestador. Músicas como "Don't Tear It Down", que foi escrita em protesto a demolição de prédios históricos na cidade de Sydney. “Give Us Something” foi uma crítica dirigida a mídia - e “Injustice”, esta dedicada à arte aborígine (muito desvalorizada pela sociedade Australiana). "Sallie-Anne" foi sobre a morte de uma prostituta, e por aí vai, aprofundando-se em questões ecológica, racismo, os sem tetos, e a vida da sociedade. Em 88 foi a vez do álbum "Xenophobia (Why?)", em 89 gravaram "Trash The Planet".
A banda chegou a fazer uma turnê no Brasil onde descobriram que eram imensamente populares. Decidiram ficar no Brasil onde permaneceram até 1997. Eles são o tipo de caras que entendem que o planeta pode ser um lugar melhor para se viver.


Warumpi Band

A legendária banda Warumpi é uma banda aborígene de rock formada no início dos anos oitentano no assentamento aborígene da Papunya na região central do deserto do Território do Norte, o nome da banda deriva do mel local "formiga sonhando" localizado perto do assentamento. Os membros fundadores foram Sammy e Gordon Butcher, Neil Murray (único branco da banda) e o legendário e saudoso vocalista George Rrurrambu. A Warumpi Band escreveu, gravou e lançou a primeira canção de rock em uma língua aborígene "Jailanguru Pakarnu" (sair da cadeia), em 1983. Em 1984, o álbum de estréia foi lançado com "Blackfella / Whitefella", um verdadeiro hino. Músicas que falam de localidade, pertencimento à terra natal, cultura e problemas sociais como alcoolismo na sociedade aborígene foram presentes. Com o “Didgeridoo” e guitarra, Warumpi Band mostra do que a música e a cultura são feitas (de pessoas), independentemente de cor, credo, nacionalidade etc.

Midinight Oil

Como o Spy vs Spy e o Warumpi, o Midninight Oil é carisma puro. Suas letras falam de problemas políticos e sociais que continuam atuais. Em 86, filmaram o documentário "Blackfella / Whitefella", que traz as imagens da experiência vivida pela banda durante sua turnê em 1986 pelas tribos aborígines da Austrália Central a convite do legendário grupo aborígine The Warumpi Band, aliás duas músicas que surgiram nessa época foram marcantes para a banda: "Beds are Burning"(que fala da posse das terras aborígenes e sua devolução) e "The Dead Heart" que foi escolhida pelos próprios aborígenes e que fala do orgulho aborígene e sua cultura. Estão na linha de frente do movimento e é a banda que mais associou a própria imagem a causa ambiental. Considero eles como a banda mais "ecológica", em termos de causa. Para se ter uma idéia, o vocalista e frontman Peter Garret se tornou o atual ministro do meio ambiente da Austrália. Formada em 1977 na Austrália, o Midnight sempre apresentou letras de cunho politico-ecológico, musicalmente calcadas nitidamente no punk e new wave. O espírito punk e a sensibilidade deles bem como do Spy me emocionam...a música “Blue Sky Mine” foi inspirado no livro de Ben Hills, que fala da triste realidade de uma mina e a condição de vida dos trabalhadores. "Truganini" é um emocionado tributo para a última aborígene da Tasmânia (presa numa corrente e posta como item de museu vivo, ela morreu após uma greve de fome no começo do século XX). "Forgotten Years" fala das mortes na 2ª Guerra Mundial.Na ocasião do acidente do petroleiro Exxon Valdez, na costa do Alasca a banda encontrava-se em Nova York, e improvisou um show na frente da sede da petrolífera Exxon. Depois lançaram um documentário chamado “Black Rain Falls”, gerando fundos para o Greenpeace. Aliás Peter Garrett já chegou a assumir uma espécie de cargo no Greenpeace. Em uma das suas passagens para shows pelo Brasil, se não me engano, protestaram com máscaras de gás contra a poluição do ar da cidade. “The Oils”, sempre foi considerada a banda mais politizada da Austrália e talvez do mundo. Isso acabou influenciando a banda Green Day (Banda punk rock dos anos 90, que aliás eu gosto muito e faz parte das minhas preferidas), quando um amigo tocou para Billie Joe Armstrong (vocalista do Green Day) uma música do Midnight Oil, uma lâmpada surgiu na cabeça de Billie. Daí foi um passo para "American Idiot", o álbum que fez o Green Day explodir novamente e ser considerada hoje uma banda altamente politizada.

Seja viajando, seja fazendo uma trilha, ande na praia ouvindo essas bandas e viaje mais ainda.

Abraços sonoros e pacíficos,

Jorge Tonnera Jr.


Aloha e amém
Jesus Vive!!!!!!!!!!

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