sábado, 19 de abril de 2014

Noé em tempos de justiceiros e UPPs.

De um lado temos a pacificação governamental militar midiática empresarial das favelas cariocas. De outro temos no inconsciente coletivo declarações de jornalistas e de pessoas comuns justificando agressões individuais e coletivas ocorridas junto a pessoas a margem da sociedade e da lei e bandidos. Esse período que estamos vivendo me faz pensar no senso de justiça, especialmente em como a Bíblia trata o tema de maneira desde o início em Gênesis. Noé, por exemplo, foi chamado de pregoeiro (pregador) da justiça. Em Noé temos um homem justo que optava por ir na contramão do senso comum em meio a um mundo violento, de olho por olho, dente por dente, cabeça por cabeça, roubo por roubo. Um homem com sua família vivendo de maneira paltada na justiça do bem comum num mundo sem justiça, onde o que se chamava de justiça era atos feitos com base no interesse próprio, no senso privado. Um mundo doente porque quando o homem violenta outro até a terra sofre e é degradada, pois ela passa a ser instrumento de disputas e perde sua função social surgindo assim a monocultura, o latifúndio, a especulação imobiliária, e todo esse sistema que degrada o ambiente e por consequência degrada o homem e se perpetua, até que o próprio sistema entre em crise, se retroalimente da crise. O ciclo de injustiça e opressão, nascem a partir da opressão e são mantidos pela opressão. A sociedade está cheia de traumas psicológicos, morais e políticos não resolvidos ao mesmo tempo em que busca apenas seus próprios interesses, sonhos de consumo, um conceito de bem estar adulterado onde ser cidadão de bem é seguir as regras de uma paz civil mascarada e reclamar, mas aceitar
a democracia representativa de um governo iníquo sem lutar pelo interesse coletivo. O grande exemplo disso é justamente pacificar morros e favelas enquanto os justiceiros pegam no asfalto os "resíduos" da "pacificação". Somado a isso há espetacularização da mídia que cria medo no inconsciente de uma classe média. Nesse cenário os partidos se infiltram nas manifestações populares e seus líderes se escondem atrás de gente que vai na frente. O cenário futuro também não é animador, pois a próxima eleição para governador do estado está cheio de candidatos que não são bons. Pra piorar a estatística diz que o possível eleito será um antigo governante que dominou o estado com sua família há alguns anos atrás. Mais uma volta no ciclo. Pensar em Noé é pensar numa esperança além do que se vê. É ser íntegro e lutar. Continuar a viver sem negociar ideais, e sobretudo caminhar segundo os valores que estabelecem justiça através do amor. Como o apóstolo Paulo vem a dizer: "...e passo a ensinar caminho sobremodo excelente" (...).(I Coríntios).

Jorge Tonnera Jr

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