quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

O Descaminho de Saruman,

Quando li esse texto logo abaixo, pela primeira vez, gostei muito. Vale a pena ler e ainda mais que o recém lançado filme O Hobbit estará mais uma vez apaixonantemente inspirando muitos de nós a ler e reler Senhor dos Anéis e Tolkien.

Texto lido e copiado de http://isabelaabescasaca.blogspot.com.br/2011/05/o-descaminho-de-saruman.html

O Descaminho de Saruman

— Sim, podem me chamar de Gandalf. (...) Alegrem-se! Encontramo-nos de novo! Na virada da maré. A grande tempestade se aproxima, mas a maré virou.
— Gandalf! — disse Gimli. — Mas você está todo de branco!
— Sim, sou branco agora — disse Gandalf. — Na verdade, eu sou Saruman, quase poderíamos dizer, Saruman como ele deveria ter sido. (Trecho do capítulo O Cavaleiro Branco d'O Senhor dos Anéis, As Duas Torres)
Esse pequeno trecho da obra de J. R. R. Tolkien, deixa explicito que o istari Saruman, ou na linguagem leiga, o mago Saruman, desviou-se do propósito original para o qual foi enviado a Terra-Média pelos valar, quando cobiçou o Um Anel para si. Todavia, a traição de Saruman é ainda maior que isto, pois, este, voltou-se contra sua própria condição de istari.

Os magos são figuras associadas amplamente ao conhecimento da natureza. Como exemplos populares, podemos citar Belchior, Baltazar e Gaspar, os três Reis Magos da Bíblia, que tinham conhecimento do movimento estrelar. Ou então, o druida Merlin, do Ciclo Arthuriano, com seus conhecimentos florestais.

É neste ponto que Saruman trai-se! Pois, este volta-se para o mundo das engrenagens e alia-se aos orcs, inimigos declarados das coisas naturais.

— Saruman é um Mago — respondeu Barbárvore. — (...) Eu costumava conversar com ele. Houve um tempo em que estava sempre perambulando por minhas florestas. Era educado naquela época, sempre pedindo minha permissão (pelo menos quando me encontrava); e sempre ansioso por escutar. Eu lhe disse coisas que ele nunca descobriria por conta própria, mas nunca me retribuiu da mesma forma. Não consigo recordar de ele me ter contado qualquer coisa.
— Acho que agora entendo o que ele pretende. Está tramando para se transformar num Poder. Tem um cérebro de metal e rodas, e não se preocupa com os seres que crescem, a não ser enquanto o servem. E agora fica claro que ele é um traidor negro.
— Aliou-se a seres maus, aos orcs. Bem, hum! Pior que isso: vem fazendo alguma coisa a eles, alguma coisa perigosa. Porque esses isengardenses são mais semelhantes a homens maus. Os seres malignos que vieram na Grande Escuridão têm como marca a característica de não suportarem o sol; mas os orcs de Saruman suportam, mesmo que o odeiem. Fico imaginando o que ele terá feito. Seriam eles homens que ele arruinou, ou teria ele misturado a raça dos orcs e a dos homens? Isso seria uma maldade negra! (Trecho do capítulo Barbárvore d'O Senhor dos Anéis, As Duas Torres)

Esta passagem d'O Senhor dos Anéis, demonstra uma preocupação de Tolkien, com um acontecimento real de seu tempo, que era o processo desenfreado industrialização.

Corey Olsen, professor do Washington College, diz: "Tolkien era muito preocupado, desde a infância, com o processo de industrialização, em grande parte porque ele o via como um reflexo da corrupção humana. Isto é, na opinião dele, o impulso de industrializar estava intimamente conectado com o impulso de dominar, e para Tolkien, o desejo de dominar é o mesmo, quer se dominem pessoas ou árvores e plantas." (Citação retirada do episódio A Mitologia de Tolkien, do documentário Confronto dos Deuses, produzido pelo History Channel)

Assim, Saruman pode personificar esse processo de corrupção, industrialização, mau uso da tecnologia e manipulação genética.

Justamente ele é derrotado por Barbárvore e os outros Ents, que são as forças da natureza.

Desta forma, J. R. R. Tolkien nos deixa uma lição. Não devemos nos afastar ou desrespeitar o mundo natural, pois, as conseqüências disto são devastadoras!

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